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Brasil

Bullying, brigas e frustrações: especialistas avaliam cenário de conflitos e violências nas escolas

A professora considera que o principal responsável pelos conflitos no colégio é o bullying, em razão de preconceito, racismo ou homofobia

Redação Jornal de Brasília

01/04/2023 10h14

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Catharina Braga, Isabela Mascarenhas e Milena Dias
(Jornal de Brasília/Agência de Notícias CEUB)

O Brasil está entre os países com índice mais alto de agressões contra professores, segundo o Levantamento Global da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A professora Cristiane Alves de Lima relata que já sofreu conflitos escolares com alunos que não queriam cumprir as regras estabelecidas pelo ambiente escolar.

“O bullying desencadeia agressões físicas, verbais, intolerância e discriminação”, diz Cristiane. Ela considera que o principal responsável pelos conflitos no colégio é o bullying, em razão de preconceito, racismo ou homofobia.

Frustrações

A psicopedagoga Eliane Castro afirma que a escola se torna um local propício para conflitos por ser um lugar onde os jovens, que não aceitam muito bem correções ou serem contrariados, passam muito tempo com pessoas de diferentes pensamentos, criações e gostos.

“Essa resistência às críticas provoca em muitas pessoas frustração, raiva, tristeza e estresse no dia a dia. Muitas vezes a briga na escola é apenas o gatilho de um acúmulo de situações não tratadas e não resolvidas”, explica ela.

A profissional comunica que os alunos entre 12 a 17 anos são os que mais se envolvem em brigas e desavenças. “Na adolescência, a busca por aprovação é constante. O jovem tenta encontrar o seu lugar no mundo e definir aspectos da sua personalidade, por isso, tende a levar as críticas para o pessoal”, esclarece.

Tensão

Segundo o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp), os tipos de violência mais comum contra estudantes são: bullying (22%), agressão verbal (17%), agressão física (7%), discriminação (6%), furto/roubo (4%), assédio moral (4%) e roubo ou assalto à mão armada (2%).

Rosângela Elvira, que atua na coordenação de uma escola pública no Gama, comenta: “quando a gente toma conhecimento do bullying, chamamos os estudantes individualmente, tentamos resolver entre eles e a orientação educacional”. Já em caso de agressão física, as instâncias são: coordenação, orientação educacional, pais e, por último, o policiamento”.

Cristiane afirma que já presenciou brigas entre estudantes e fala de algumas das medidas tomadas pela escola, em acordo com Regime Escolar da Secretaria de Educação do DF: “No caso de agressão física, a família é comunicada sobre o ocorrido. O estudante fica suspenso por três dias e leva as atividades para serem realizadas em casa”.

Nos últimos 20 anos, o Brasil contabilizou 23 registros de ataques com violência extrema em escolas, de acordo com uma pesquisa feita pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). De 2002 a 2023, 24 estudantes, quatro professores e dois profissionais de educação morreram.

Medidas preventivas

Para Eliane Castro, a melhor atitude nesses casos é a prevenção: “Os jovens precisam ser ouvidos, não adianta apenas a punição. A escola deve inseri-los, com projetos, palestras e temas de interesse”. Ela informa que, quando as pessoas se sentem valorizadas e acolhidas, é mais difícil de acontecerem conflitos.

“Muitas vezes ele (o jovem) precisa de alguém que o veja como pessoa, com uma história, com sentimentos”

A professora Cristiane conta que já participou de projetos de combate no colégio em que trabalha: “esta escola desenvolve projetos e protocolos para o fortalecimento de laços e parcerias, aceitação das diversidades e de respostas positivas aos conflitos”. Alguns desses projetos são: “Conversando sobre Bullying”, “Bem estar e Consciência” e “Conveniência Escolar e Cultura de Paz”.

Como medida de prevenção, o Grupo de Apoio à Segurança Escolar do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (Gase/MPDFT) promoverá, do dia 4 de abril a 4 de julho, durante todas as terças-feiras, o curso gratuito “Gestão de conflitos no contexto escolar”.

A capacitação, com o foco em orientadores educacionais, professores e pedagogos, será por meio da plataforma online Zoom e terá como conteúdo práticas restaurativas, processos circulares, moderna teoria do conflito, teoria dos jogos, fundamentos da negociação, técnicas autocompositivas e comunicação não-violenta.

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