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Brasil

Brasil pede reforma global da segurança em cúpula do Rio

O ministro propôs que a reunião de chanceleres se concentrasse no debate sobre as guerras e a reforma da governança global

Redação Jornal de Brasília

21/02/2024 21h27

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Rio, 21 – O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, voltou a defender, nesta quarta-feira, 21, a urgência de uma reforma da governança global, uma velha bandeira da diplomacia brasileira. Na abertura da cúpula de chanceleres do G20, no Rio, ele afirmou que as instituições multilaterais não estão equipadas para lidar com os desafios atuais e vivem um “estado de inação”, o que “implica diretamente em perdas de vidas inocentes”.

O Brasil, segundo ele, não aceita o uso da força militar como forma de solucionar conflitos e rejeita a busca de “hegemonias antigas ou novas”, em referência às tensões crescentes entre EUA e Europa com Rússia e China. Vieira voltou a criticar a paralisia do Conselho de Segurança da ONU e mais uma vez defendeu uma reforma do órgão, no qual o Brasil reivindica uma vaga de membro permanente. “O Brasil não aceita um mundo em que as diferenças são resolvidas pelo uso da força militar”, afirmou o chanceler brasileiro. “Não é do nosso interesse viver em um mundo fraturado.”

Liderança

Em mais um sinal de que o Brasil pretende se colocar como líder de um Sul Global, como são chamados os países emergentes e pobres da América Latina, Ásia e África, Vieira indicou um antagonismo em relação às potências tradicionais. Segundo ele, enquanto no Hemisfério Sul existem Zonas de paz, no Norte, os países mais desenvolvidos se reúnem em torno da Otan, uma aliança militar.

O ministro propôs que a reunião de chanceleres se concentrasse no debate sobre as guerras e a reforma da governança global, sobretudo das instituições geopolíticas e financeiras, como o Conselho de Segurança, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo ele, o G20 passou a abordar questões de paz e segurança diante da paralisia na ONU e pode agora contribuir para reduzir tensões. Dedicado originalmente a questões econômicas e financeiras, Vieira avalia que o grupo tornou-se o fórum internacional mais importante da atualidade.

“É no G20 que países com visões opostas ainda conseguem se sentar à mesa e ter conversas produtivas sem necessariamente carregar o peso de posições arraigadas e rígidas que têm impedido os avanços em outros foros, como o Conselho de Segurança da ONU”, disse.

Fome

No início do discurso, Vieira empunhou um outra bandeira da diplomacia brasileira, pelo menos durante os mandatos do PT. Ele fez um apelo e pediu que todos os membros do G20, países convidados e organizações internacionais mobilizem recursos para destinar ao combate à fome e à pobreza.

O Brasil lançou uma aliança global como força-tarefa. O chanceler propôs que o grupo anuncie na cúpula de líderes do G20, em novembro, também no Rio, uma contribuição efetiva para erradicar a fome no mundo.

O ministro comparou os mais de US$ 2 trilhões em gastos militares globais por ano aos investimentos em assistência ao desenvolvimento, segundo ele, estagnado em US$ 60 bilhões por ano, e aos desembolsos para combater mudanças climáticas, que mal conseguem alcançar os compromissos de US$ 100 bilhões por ano. “Essas são as guerras que devemos travar em 2024”, disse.

Ausências

O encontro de dois dias reúne autoridades de 28 países e 15 organizações internacionais. Quatro países do G20 não enviaram chanceleres: China, Índia, Itália e Austrália. Trata-se da primeira grande reunião do principal fórum de cooperação econômica e financeira do mundo, com representação das maiores e mais industrializadas economias. Atualmente, o G20 representa 85% do PIB mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população global.

Estadão Conteúdo

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