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Brasil

55 pessoas são resgatadas em comunidade religiosa

O grupo trabalhava e situação degradante e não recebia salários ou qualquer outro benefício, além de receber castigos físicos

Redação Jornal de Brasília

20/09/2022 17h57

Foto: MPT

Um grupo de 55 pessoas foram resgatadas em condições análogas à escravidão em uma comunidade religiosa em Baião (PA). Eles ainda eram explorados em um comércio em Tucuruí, a cerca de 170 km de distância.

Em Tucuruí, eles trabalhavam em um bar e cumpriam jornadas exaustivas, sem salário ou demais benefícios. O grupo vivia em situação degradante, realizavam atividades forças e recebiam castigos físicos.

Segundo depoimentos e documentos, a comunidade religiosa em que eles viviam foi fundada por um pastor em Belém, em 1997. Após o seu falecimento, em dezembro de 2021, outros cinco pastores que já atuavam na associação criminosa, assumiram de vez o papel de chefia.

Assim, a comunidade funcionava, na prática, como uma organização econômica, com interesses definidos e sob o controle de pessoas que exerciam notório comando nas atividades dos demais membros, não havendo qualquer característica de associativismo, cooperativismo, trabalho voluntário ou serviço religioso.

Segundo relatos das vítimas, no início, havia uma espécie de “regra igualitária”, em que o resultado do trabalho de todos seria dividido entre os participantes. Porém, com o tempo, os líderes começaram a explorá-los e a mantê-los sob sua guarda, poder e autoridade, e valiam-se do elemento religioso para coagir os trabalhadores e demais moradores a cumprirem suas ordens e satisfazerem as suas vontades, inclusive crianças e adolescentes, sob pena de punições físicas e morais, além de humilhação pública, que configuravam tortura.

Segundo as vítimas, a submissão ao trabalho forçado, bem como a cessão gratuita dos seus bens e direitos era uma forma de se viver bem e de se alcançar algum “privilégio espiritual”. Os líderes retinham benefícios como seguro defeso, auxílio Brasil, salário-maternidade, dentre outros.Os depoimentos e materiais apreendidos também evidenciam repreensões cruéis contra aqueles que não seguiam as regras impostas. As penas aplicadas pelos líderes incluíam a obrigação de silêncio duradouro, raspagem da cabeça de mulheres e crianças, além de castigos físicos.

Os homens poderiam manter relações poligâmicas e as mulheres também eram utilizadas como objeto de premiação ou punição. Em caso de obediência aos líderes, os homens poderiam ter uma ou mais mulheres. Mas na medida em que descumprissem, eles também poderiam ser punidos e deixar de ter uma. Durante essa troca, os filhos biológicos também eram levados e tinham suas mães trocadas.

Durante a operação, cinco pessoas responsáveis foram presas. A ação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), ocorreu nos meses de junho e julho, e contou com representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT PA-AP), Ministério Público Federal (MPF), Ministério do Trabalho e Previdência (MTP), Defensoria Pública da União (DPU), Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além de servidores do Ministério da Cidadania, da Saúde e da Secretaria de Educação do Distrito Federal.

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