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Professor acusado de assédio em colégio da Aeronáutica é denunciado por ex-estagiárias

Duas ex-estagiárias que trabalharam na unidade de ensino subordinada à FAB, registraram uma denúncia de assédio sexual contra professores

Redação Jornal de Brasília

19/05/2022 11h14

Foto: Arquivo pessoal

Duas ex-estagiárias que trabalharam na unidade de ensino subordinada à Força Aérea Brasileira (FAB), registraram uma denúncia de assédio sexual contra professores do Colégio Brigadeiro Newton Braga, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. Segunda a Comissão de Direitos Humanos da OAB essa não é a primeira vez.

As duas mulheres, que preferiram ficar no anonimato, denunciaram ter sofrido assédio do professor Álvaro Luiz Pereira Barros, responsável pelas aulas de Educação Física do colégio. O assédio se daria por conta de mensagens consideradas inadequadas e até um toque na coxa de uma das estagiárias.

Elas entregaram aos advogados da comissão da OAB alguns prints que mostram trocas de mensagens de Álvaro. As duas estagiaram no Colégio Brigadeiro Newton Braga no ano de 2016 e decidiram deixar o estágio na instituição depois que perceberam as intenções do professor.

Uma das denunciantes revelou que não aguentou nem dois meses de estágio por conta dos assédios de Álvaro Barros. Segundo ela, logo nos primeiros dias, o professor disse que tinha sonhado com ela.

Segundo ela, o professor adicionou as três estagiárias no Facebook logo nos primeiros dias de contato. E foi através da rede social que Álvaro começou a mandar mensagens.

Em uma das mensagens atribuídas ao professor, uma das estagiárias é abordada à noite. Álvaro chama a jovem e já avisa que a conversa não tem “nada a ver com o estágio”.

“Oi (nome em sigilo), tenho que dizer uma coisa… Nada a ver com estágio. Mas fiquei com isso na cabeça até agora! Nooooooossssa. Você estava bonita demais hoje! kkkkk. Desculpe, nada a ver dizer isso…”, comenta o professor.

Álvaro segue com os comentários indesejados direcionados a uma colega de trabalho que ele deveria orientar.

“Você estava mesmo, estava transpirando alguma coisa! Você ta transmitindo uma sensação boa, só de olhar pra você! Estranho isso né? Precisava dizer… rs”, completa Álvaro.

Segundo a denúncia, dessa vez, o contato por um aplicativo de mensagens aconteceu na manhã, do dia 27 de maio. Nessa conversa, Álvaro diz que tem vontade de “dar beijos molhados” e vontade de se “lambuzar”.

Conhecido pelos alunos do Colégio Brigadeiro Newton Braga como sonhador, por conta do modo repetitivo e inconveniente de abordar alunas menores de idade através das redes sociais, Álvaro parece, de acordo com as novas denúncias, utilizar a mesma tática para se aproximar de outras mulheres.

Mesmo após ficar sem respostas por três dias, o professor tentou retomar a conversa com a estagiária nos dias 30 de maio e 1 de junho.

Insistente, segundo as denúncias, o professor de Educação Física tenta por mais cinco vezes estabelecer algum contato com a estagiária. Contudo, Álvaro não teve sucesso em suas investidas.

“Eu só pensava que eu tinha que completar as horas do estágio pra faculdade e eu precisava continuar, se não já tinha dado um corte nele. Eu fui conversar com a minha amiga (que também fazia estágio lá) e mostrei as mensagens. E ela disse que ele tinha feito a mesma coisa com ela”, revelou a ex-estagiária.

Estudantes abandonaram os estágios

Mesmo sem responder às mensagens de Álvaro nas redes sociais, os contatos do professor continuaram nos dias 13 e 20 de junho, 2, 5 e 8 de julho de 2016.

As duas estagiárias que acusam o professor Álvaro de assédio sexual abandonaram os estágios no Colégio Brigadeiro Newton Braga, logo após avisarem sobre o problema aos professores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), onde elas cursavam educação física.

Uma das universitárias contou que por pouco não perdeu um período na faculdade, já que as horas de dedicação ao colégio não foram contabilizadas. Segundo o relato, só após contar sobre os casos de assédio para um coordenador da UFRJ, ela conseguiu recuperar as horas de estágio.

Sentimento de culpa

A professora de Educação Física, que na época do estágio no Colégio Brigadeiro Newton Braga tinha 24 anos, contou ainda que o professor Álvaro não se limitou a praticar assédio por mensagens de texto.

Segundo ela, em um curso sobre badminton dentro do colégio, mas fora do horário de estágio, Álvaro chegou para conversar com ela passando a mão em sua coxa.

Como em muitos casos de assédio, a ex-estagiária também se sentiu culpada por passar por aquela situação. Segundo o relato, no primeiro momento, ela acreditou que pudesse ter dado alguma abertura para o professor acreditar que seria normal passar a mão em sua perna.

Com o tempo, o sentimento de culpa foi dando lugar ao nojo, segundo a ex-estagiária de Álvaro. A jovem contou ainda que quando leu sobre as outras denúncias contra ele, percebeu que precisava falar sobre o caso.

Colégio faltou a reunião sobre o caso

A ex-estagiária revelou que a direção da UFRJ pediu formalmente uma reunião com a direção da escola da Aeronáutica. Contudo, no dia marcado, o colégio não enviou representantes. Na opinião da advogada Brunella Moraes, integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB, a escola foi omissa nesse caso.

“O Colégio Militar Brigadeiro Newton Braga foi, no mínimo, omisso. Teve possibilidade de se manifestar, mas não compareceu e parece não ter repercutido a denúncia internamente”, disse a advogada Brunella Moraes.

Para a advogada Mariana Rodrigues, procuradora da comissão, existe um padrão da instituição diante de casos como esses.

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