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PM que matou ex em Curitiba fez TCC sobre violência doméstica

O crime aconteceu na terça-feira (13), dois dias após após ex-esposa formalizar um Boletim de Ocorrência (B.O.) contra o homem por ameaça

Redação Jornal de Brasília

15/09/2022 11h37

Foto: Reprodução

O soldado da Polícia Militar (PM-PR) Dyegho Henrique Almeida da Silva, que matou a ex-esposa a tiros em uma rua de Curitiba enquanto ela dirigia, fez um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre violência doméstica.

No artigo, Dyegho analisou os atendimentos de crimes de violência doméstica na capital paranaense. Em um trecho, disse que os casos de feminicídio aumentam pela “inércia dos órgãos que deveriam atuar nesse combate”. O TCC foi apresentado para ele concluir um curso técnico em segurança pública.

O crime aconteceu na terça-feira (13), dois dias após após Franciele formalizar um Boletim de Ocorrência (B.O.) contra Dyegho por ameaça. Um dia antes do crime, em 12 de setembro, uma reavaliação interna da PM liberou o uso de arma para o policial.

Conforme a polícia, o PM atirou várias vezes contra o carro em que a vítima estava. Depois, ele entrou no veículo e impediu que equipes de socorro se aproximassem. Após cerca de quatro horas de negociação para se entregar, ele cometeu suicídio.

Nesta quarta (14), a corporação disse que, no início de 2022, o policial chegou a ficar três meses afastado por “questões psicológicas”. Afirmou, também, que ele voltou ao trabalho em abril em atividades administrativas.

Até a publicação desta reportagem, não havia informações sobre as possíveis defesas das famílias dos envolvidos.

O TCC

O TCC de Dyegho foi apresentado em junho de 2021 para o curso de tecnólogo em segurança pública, desenvolvido pela Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança Pública (SEGEN) em parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR).

Ele foi aprovado com conceito B, segundo arquivo que o g1 teve acesso.

Nas considerações finais do trabalho, Dyegho disse que os casos de feminicídio aumentam frente ao que chamou de “inércia” de órgãos de controle. Disse, também, ser necessário a PM ter uma equipe “que atenda exclusivamente as vítimas de violência doméstica”.

“[…] Não basta apenas alegar que não localizou a vítima, é envidar esforços para aquela mulher que por vezes tem medo de denunciar e o vizinho que aciona a PM […] diversos casos de feminicídio ocorrem e só aumentam por uma inércia dos órgãos que deveriam atuar nesse combate”.

No mesmo trabalho, ele também afirmou que a Polícia Militar deveria “analisar os déficits no atendimento, seja no registro de ocorrência ou da equipe que se desloca até o endereço, a fim de localizar uma maneira mais efetiva de atender a sociedade”.

A vítima

Franciele tinha 29 anos, era enfermeira e deixa três filhos, de outro relacionamento.

Ela está sendo velada nesta quarta-feira, na Capela Mortuária Santa Cândida. O sepultamento dela está marcado para quinta (15), às 17h, no Cemitério Municipal Santa Cândida.

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