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Jovem tatua bilhete deixado pelo pai antes de morrer em decorrência da Covid-19

Do elo forte e bonito entre pai e filha, restam as lembranças, o legado e os ensinamentos que o pai deixou para a família

Redação Jornal de Brasília

11/03/2022 8h31

Foto: Arquivo Pessoal

Na semana passada, o pai de uma médica veterinária de Santos (SP) morreu por complicações causadas pela Covid-19. Antes de morrer, o homem deixou uma declaração emocionante para a filha em forma de um bilhete. O texto foi imortalizado nesta semana em forma de tatuagem no corpo da jovem.

A veterinária, de 24 anos, preferiu não ter sua identidade revelada, mas revelou que o pai contraiu a doença em outubro do ano passado e, desde então, teve de lidar com sequelas. O homem tinha 61 anos e sofria de artrite reumatoide e início de fibrose pulmonar.

Ele ainda ficou internado em um hospital de São Paulo por dois meses, mas não resistiu e faleceu.

“Eu decidi tatuar esse bilhete na última segunda-feira, mas eu já ia fazer algumas outras tatuagens que eu e a minha mãe passamos com ele”, contou em entrevista ao g1. Uma delas é esse bilhete que o pai da jovem lhe deixou: “Meu sangue B, sempre estarei com você, tenho muito orgulho de você, te amo”.

De acordo com ela, o pai demonstrava amor pela família de diversas formas. “Ele não era alguém que falava ‘eu te amo’ todos os dias, mas sim, de forma esporádica. Lembro do dia em que ele me deu esse bilhete e um vaso de flores com um girassol”, conta.

A mulher homenageou o pai com três tatuagens diferentes. A segunda foi a imagem de um girassol.

“É a tatuagem que mais me toca, o girassol marca muito minha história com ele, e foi a flor que estava no caixão quando ele foi cremado”.

Foto: Arquivo Pessoal

Já a última tatuagem representa os dois meses em que ela e a mãe estiveram juntas enquanto o pai estava internado. A frase, tatuada em inglês, “By your side until your last heartbeat” significa ” Ao seu lado até seu último batimento cardíaco”. A mensagem está eternizada em uma de suas costelas, com a caligrafia de sua mãe. “Ele não está mais presente, mas são formas de me lembrar dele”, afirma.

Foto: Arquivo pessoal

“Antes, as orações eram por cura, mas como o sofrimento foi aumentando, chegou um momento em que as orações se tornaram por misericórdia”. A médica veterinária explicou que os últimos dias do pai foram muito difíceis. Nos últimos quatro, elas não saíram de perto do seu leito no hospital.

“Ele teve falência múltipla de órgãos, e vimos os batimentos cardíacos dele caindo. Nós lutamos muito, mas a hora dele chegou”.

Relação pai e filha

A moça conta, ainda, que o pai era um “cara difícil de derrubar, segundo ela, ele já tinha enfrentado uma apendicite e trombose. Do elo forte e bonito entre pai e filha, restam as lembranças, o legado e os ensinamentos que o pai deixou para a família.

“Uma vez, ele comprou um whisky e disse que tomaríamos juntos no meu casamento. Eu, obviamente, vou tomar se um dia me casar, mas agora não vamos poder viver isso”, desabafa.

A veterinária recordou a época em que estava se graduando e ela passou a morar com o pai em Santos, litoral de São Paulo, já que a família se dividia entre duas cidades.

“As únicas regras de casa eram: sujou, limpou; bagunçou, arrumou; e ‘não me enche o saco”, finaliza, saudosa.

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