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Dias antes de morrer por Covid-19, médico afirma que “faria tudo outra vez”

Lucas era neurocirurgião e foi um dos integrantes da equipe que separou as gêmeas siamesas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, há dois anos

Redação Jornal de Brasília

11/08/2020 11h14

O médico Lucas Pires Augusto, de 32 anos, foi uma das 100 mil vítimas da Covid-19. Pouco antes de ser entubado, ele enviou uma mensagem para a irmã, Gabriela: “Gabi, não desiste de mim. Não deixa eles desistirem de mim.” Nesse período, Lucas também compartilhou um último depoimento em sua rede social, no qual ele afirmou que faria tudo outra vez, mesmo sabendo que havia contraído a doença enquanto cuidava de um paciente.

“Estou indo neste momento para UTI, devido a um agravamento do quadro de COVID-19. Ficarei incomunicável, mas, desde já, agradeço aos amigos pelas orações. Peguei essa doença fazendo o que amo, cuidando dos meus pacientes com amor e dedicação. Faria tudo outra vez. Sei que meu Deus é soberano sobre todas as coisas, seus caminhos e propósitos são sempre justos e perfeitos e que no fim, todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo seu propósito. Amém”, escreveu Lucas.

Lucas era neurocirurgião e foi um dos integrantes da equipe que separou as gêmeas siamesas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, há dois anos, em um procedimento cirúrgico delicado. A operação foi liderada pelo médico norte-americano James Goodrich, que faleceu no final de março também em decorrência da Covid-19.

Ao jornal Estado de Minas, Gabriela contou que o irmão “participou de todas as cirurgias para separar as gêmeas.” Ela detalha que Lucas ficou muito contente com a recuperação das pacientes.

Gabriela conta que o irmão ficou muito triste após a morte do Dr. Goodrich e enviou uma foto em que aparece ao lado do médico. A família não esperava, no entanto, que Lucas seria vítima da mesma doença.

Lucas nasceu em Cataguases, na Zona da Mata mineira, e dedicou os últimos cinco anos ao aperfeiçoamento da neurocirurgia. Gabriela relata que ele ingressou em um estágio de dois anos na Flórida, para aprender técnicas desconhecidas no Brasil. Após o início da pandemia, Lucas precisou mudar-se para Ivaiporã-PR, com a mulher, que estava grávida da segunda filha e precisava de assistência da família, que reside em Maringá-PR.

Em Maringá, o médico trabalhou no Instituto de Saúde Bom Jesus e passou a ter contato com pacientes assintomáticos diagnosticados com a Covid-19. Após apresentar sintomas da doença, Lucas precisou ser internado, no dia 20 de julho. Com o tempo, mesmo sem nenhuma comorbidade, os sintomas se agravaram e ele precisou ser intubado. Uma semana depois, Lucas veio a óbito.

A família se despediu de Lucas no domingo, dia dos pais, e guarda com carinho a última foto enviada por ele, antes de apresentar os sintomas da doença. A filha dele, Isabella, completou dois meses pouco depois do falecimento do pai.

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