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Brasília

Bebê sofre queimaduras graves em creche no Gama

Em nota, a creche informou que a criança recebeu assistência da responsável pela instituição e foi levada a um posto de saúde, onde recebeu atendimento médico

Redação Jornal de Brasília

13/03/2025 6h54

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Foto: redes sociais

Por Camila Coimbra

“Já teve criança eletrocutada, que perdeu o movimento da boca e passou por três cirurgias. Criança com braço quebrado, mordida… Além do meu filho que sofreu queimadura, o meu outro que era da mesma creche já chegou em casa sujo, com fome, de fralda cheia. E a escola nunca deu respostas concretas”, denuncia Morana Lourenço, mãe do pequeno André que sofreu lesão de queimadura na creche.

Um bebê de 1 ano e 5 meses sofreu queimaduras de segundo grau nos pés enquanto brincava na brinquedoteca do Centro Educacional Doce Infância, creche particular conveniada ao governo do Distrito Federal localizada no Gama Leste. O incidente ocorreu na tarde da última terça-feira (11), e, segundo a instituição, foi causado pelo contato com um tapete de EVA superaquecido.

Monara Lourenço, assistente administrativa e mãe de sete filhos, viveu momentos de desespero ao ser chamada para buscar seu caçula André, de 1 ano e 5 meses na Unidade Básica de Saúde (UBS) 4, no Gama, após um incidente ocorrido na creche onde ele estudava. Ao chegar ao local, encontrou o pequeno André nos braços da diretora, chorando muito. Foi então que percebeu a gravidade da situação: os pés do bebê apresentavam queimaduras severas.

Segundo Monara, a escola inicialmente minimizou o ocorrido, alegando que a criança havia sofrido apenas “pequenas queimaduras”. No entanto, posteriormente, a própria instituição confirmou que André sofreu queimaduras de segundo grau, O laudo médico confirmou que André sofreu queimaduras de segundo grau, o que o impede de andar por tempo indeterminado. “Ele não pode brincar, não pode sair, nem mesmo sentar, porque quando tenta, coloca o pezinho no chão e sente dor. O médico pediu para manter as bolhas pelo maior tempo possível, pois elas protegem a pele lesionada”, relatou Monara.

Além do episódio com André, Monara denuncia outras situações preocupantes na creche. Segundo ela, há uma diferenciação entre alunos pagantes e aqueles que estudam por meio do Cartão Creche, o que limita o acesso dos responsáveis às dependências da escola. “Mesmo após insistentes pedidos, nunca pude entrar no local”, afirmou.

Ela também conta que o outro filho, Noah, de 3 anos, que estudava na mesma creche, apresentava sinais de sofrimento. “Ele emagreceu muito, chorava e não queria ficar na escola. O mesmo aconteceu com o André. Toda vez que eu o deixava, ele chorava muito. Agora me culpo por não ter dado mais atenção a isso.”

Segundo Monara, a única assistência oferecida pela creche foi um tubo de pomada de 30g para tratar as queimaduras de André. Além disso, a direção teria insistido para que a criança retornasse à instituição, oferecendo um enfermeiro exclusivo para acompanhá-lo. A mãe recusou a proposta. “Disseram que eu perderia a vaga do meu filho, mas eu não me importo. Prefiro que outra criança ocupe o lugar e que não passe pelo mesmo sofrimento que o meu filho passou”, afirmou.

Diante da gravidade da situação, a mãe registrou um boletim de ocorrência na 14ª Delegacia de Polícia, que classificou o caso como lesão corporal. A criança também foi submetida a exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).

Em nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) informou, por meio do Conselho de Educação do DF, que o Centro Educacional Doce Infância é uma instituição particular credenciada até 31 de dezembro de 2028, conforme a Portaria nº 392, de 3 de agosto de 2021. A escola oferece Educação Infantil (Creche e Pré-escola) e Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) e atende estudantes por meio do Programa de Benefício Educacional-Social (PBES) – Cartão Creche.

Ainda de acordo com a secretaria, a Diretoria de Regulação e Supervisão de Ensino (Direse), órgão responsável pela fiscalização das instituições privadas no DF, e a Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Gama estão acompanhando a situação e orientando a unidade escolar. Durante esta semana, a Direse e a CRE do Gama monitoram o atendimento das crianças e as rotinas implantadas na instituição.

Em nota, a direção da creche se pronunciou:

“A Direção do Centro Educacional Doce Infância esclarece que, no dia 11 de março de 2025, um aluno sofreu queimaduras de segundo grau nos pés ao pisar descalço em uma área do pátio que estava aquecida pelo sol. Assim que a situação foi identificada, a equipe escolar prestou os primeiros socorros e notificou imediatamente os pais e responsáveis. O estudante foi encaminhado para atendimento médico especializado e recebeu toda a assistência necessária.

Diante do ocorrido, a instituição notificou o fabricante do piso e já iniciou uma revisão das medidas de segurança para evitar novos incidentes. O Centro Educacional Doce Infância lamenta profundamente o ocorrido e segue em contato com a família do aluno, oferecendo todo suporte necessário.

Em relação ao incidente envolvendo a criança que sofreu um choque na boca, ocorrido em 2023, esclarecemos que toda a assistência necessária foi prontamente prestada à família, incluindo acompanhamento médico e suporte emocional. O Centro Educacional Doce Infância está colaborando integralmente com as autoridades competentes nas investigações, que seguem sob segredo de justiça.

Por esse motivo, o setor jurídico da instituição está acompanhando de perto o andamento do processo, garantindo o respeito à confidencialidade das informações.

A Direção do Centro Educacional Doce Infância reafirma seu compromisso com a segurança, o bem-estar dos alunos e a transparência na comunicação. Manteremos os responsáveis informados sobre as providências adotadas e seguimos à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos e colaborar com as investigações em curso.”

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