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Futebol

Adversária de hoje, África do Sul gosta de surpreender gigantes

Arquivo Geral

04/08/2016 7h30

Andre Borges/ Agência Brasília

Eric Zambon
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O primeiro adversário do Brasil na caminhada rumo ao ouro inédito será um time que, historicamente, gosta de surpreender oponentes mais fortes. A própria Seleção foi vítima disso na Olimpíada de Sidney, em 2000, quando perdeu na estreia do torneio masculino para os Amaglug-glug (apelido do time sul-africano sub-23) por 3 a 1. Na ocasião, a estrela brasileira era Ronaldinho Gaúcho, eleito quatro anos depois o melhor jogador do mundo pela Fifa.

Quando sediou a Copa do Mundo, em 2010, apesar de ter caído ainda na fase de grupos, a África do Sul não se despediu antes de derrotar a França, finalista na edição anterior do Mundial, por 2 a 1. O time de Henry, Ribery e companhia não foi páreo para a aguerrida equipe comandada por Carlos Alberto Parreira, que contou com todo o apoio das vuvuzelas das arquibancadas.

Para o confronto de hoje, a partir das 16h, no estádio Mané Garrincha, o técnico Owen da Gama confia mais no potencial ofensivo de sua equipe do que no retrospecto. “Nós queremos que o Brasil se preocupe conosco também. Marcamos gol todo jogo e tenho certeza que temos grandes chances de marcar contra eles também”, projeta o treinador.

União faz a força

Para a estreia, da Gama deve apostar na ofensividade do meio-campo e, principalmente, na resistência física dos atletas. Todos correm e se doam muito em campo, o que deve cansar os defensores brasileiros. “Atacamos e defendemos como um time”, salienta o professor.

A confiança em seus comandados é tamanha que, durante a coletiva de imprensa anterior ao jogo, ele comparou o meio-campista de 23 anos Keagan Dolly, eleito o capitão do time para o torneio, ao principal atacante brasileiro. Perguntado sobre a diferença de rendimento da equipe com e sem o jogador, ele rebateu: “O Brasil tem diferença com e sem Neymar?”

Comparações exacerbadas à parte, o meia ofensivo deve testar o goleiro Weverton com finalizações de canhota e cruzamentos para a área. Responsável por pensar e cadenciar o frenético ritmo de jogo sul-africano, Dolly deve ser vigiado de perto para não criar oportunidades de gol. O Brasil, porém, parece ter percebido isso.

Com ele em campo, mas sem Neymar no lado brasileiro, a Seleção venceu tranquilamente o último confronto entre as duas equipes, em 27 de março deste ano. O time de Rogério Micale aplicou 3 a 1 no estádio Rei Pelé, em Maceió, em partida que contou com sete jogadores também parte do elenco relacionado para os Jogos Olímpicos. Do lado africano, foram oito remanescentes.

O legado positivo daquela partida para os adversários do Brasil desta quinta (4) foi a boa atuação do atacante Lebogang Mothiba, de 22 anos. Único sul-africano a atuar na Europa – defende o Lille, da França – ele marcou o gol de honra na derrota e deu trabalho ao sistema defensivo brasileiro, que já tinha Rodrigo Caio, mas contava com Dória no lugar de Marquinhos. Dono de boa arrancada, a aposta do treinador da Gama deve ser nas ultrapassagens de Lebo, como gosta de ser chamado, e nas jogadas de mano a mano contra os zagueiros da Seleção.

O outro fio de luz da equipe atua nas categorias de base do Grêmio e tem sotaque no interior de São Paulo. Tyroane Sandows, de 21 anos, mora no Brasil desde os 11, mas optou por defender a camisa de sua terra natal. Apesar disso, ele rechaça a pecha de “espião”. “Todo mundo sabe da qualidade do futebol brasileiro, então não tem nem o que falar”, resume.

Ágil e bom no drible curto, deve ficar como opção para o segundo tempo, podendo dar ainda mais velocidade ao ataque dos Amaglug-glug. Por ter boa visão de jogo, ele pode surgir como elemento-surpresa, especialmente por não ter participado do amistoso de março.

Chave da defesa

Como o próprio técnico brasileiro, Rogério Micale, se recordou nesta quarta-feira (3), a defesa foi o ponto fraco dos adversários no último confronto. “Com menos de 20 minutos a gente saiu vencendo em dois lances de bola parada”, frisou o treinador brasileiro, que conta com ainda mais poder ofensivo para o jogo desta quinta (4), pois Gabriel Barbosa, o Gabigol, ficou de fora daquela partida – estava a serviço da Seleção principal.

O técnico Owen da Gama sabe das fragilidades do time e, para os Jogos, convocou dois jogadores acima de 23 anos para reforçar o setor: o goleiro Itumeleng Khune, de 29 anos, e o zagueiro Erick Mathoho, de 28. O primeiro disputou a Copa do Mundo na África do Sul, em 2010, e é um dos pilares dos Bafana-Bafana, enquanto o segundo é presença constante nas convocações para a Copa Africana de Nações e Eliminatórias para o Mundial na Rússia de 2018. Ambos defendem o Kaizer Chiefs, da África do Sul.

A expectativa de Gama é que os veteranos tragam mais consistência, especialmente nas bolas aéreas, à bagunçada defesa sul-africana, e os próprios atletas reconhecem isso. Em entrevista ao site Vodacom Soccer, o zagueiro de 23 anos Rivaldo Coatzee, xará do pentacampeão brasileiro e provável titular na estreia, elogiou a presença de Mathoho no time. “A inclusão dele foi necessária porque concedemos gols bobos”, admitiu o jovem defensor, que já atuou ao lado do veterano em amistosos dos Bafana-Bafana também. “Acho que com ele chegando com suas habilidades de liderança, podemos minimizar esses erros e manter os atacantes preocupados”, complementou.

Os laterais Mobara e Mekoa, este também acostumado a atuar como volante, são bastante ofensivos e deixam espaços no corredor lateral quando se projetam ao ataque. No entanto, eles podem complicar, e muito, a vida brasileira se encaixarem jogadas de apoio aos pontas Modiba e Masuku.

De acordo com o site Sport24, braço esportivo do portal News24, um dos maiores da África do Sul, o time titular para a estreia contra o Brasil jogará no 4-2-3-1 e será: Khune; Mobara, Mathoho, Rivaldo Coetzee e Mekoa; Mvala, Motupa, Modiba, Keagan Dolly e Masuku; Lebogang Mothiba.

No banco, ficarão como opções: February, Moerane, Mngonyama; Malepe, Ntshangase, Sandows, Morris.

Já o Brasil, deve ir a campo no esquema 4-3-3 com Weverton; Zeca, Rodrigo Caio, Marquinhos e Douglas Santos; Thiago Maia, Renato Augusto e Felipe Anderson; Gabigol, Neymar e Gabriel Jesus.

Os reservas possivelmente serão: Uilson, Wallace, William, Luan, Rodrigo Dourado, Rafinha e Luan Vieira.

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