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Turismo

Roma restaura imponentes colunas da Basílica Úlpia

A restauração parcial deste edifício romano revive a grandeza e a magnitude do monumento original de mármore

Redação Jornal de Brasília

08/02/2024 15h00

O fórum mais suntuoso de Roma recuperou sua glória com a reconstrução parcial das imponentes colunas da Basílica Úlpia, financiada por um oligarca russo incluído na lista de sanções de União Europeia e Estados Unidos.

A restauração parcial deste edifício romano, sede do Fórum de Trajano que governou a cidade italiana por mais de mil anos, ajuda a reviver a grandeza e a magnitude do monumento original de mármore.

A colunata coríntia de dois andares da basílica tem 23 metros de altura.

“Se os visitantes não perceberem a altura dos monumentos, não entenderão o significado da arquitetura”, disse à AFP o responsável pelos patrimônios culturais de Roma, Claudio Parisi Presicce.

Sede do Fórum de Trajano, a Basílica Úlpia foi o último e maior dos fóruns imperiais, nomeada a partir do imperador Marco Úlpio Trajano, que governou entre 98 e 117 d.C.

Inaugurada no século II, a maior parte deste fórum ruiu na Idade Média, mas foi desenterrado em escavações no início do século XIX e na década de 1930.

O projeto atual, iniciado em 2021, permitiu identificar três colunas de mármore verde que haviam permanecido “de lado” por quase 100 anos, afirmou Parisi Presicce.

Os engenheiros recolocaram-nos no topo de quatro pilares de granito que marcam o perímetro externo da primeira nave da basílica.

Entre os dois andares de colunas, arqueólogos e técnicos recriaram o entablamento com seu friso decorativo, com a representação da mitológica deusa Vitória sacrificando touros.

– Oligarca sob sanções –

O projeto foi financiado por uma doação de 1,5 milhão de euros (8 milhões de reais na cotação atual) do oligarca russo Alisher Usmanov.

O magnata foi sancionado pela UE e pelos Estados Unidos após a invasão russa da Ucrânia, por considerá-lo próximo do presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Com uma fortuna estimada pela Forbes em 14,4 bilhões de dólares (71,4 bilhões de reais), o russo nascido no Uzbequistão é um amante da Itália e também fez doações para outros projetos de restauração em Roma. Foi considerado pelo jornal britânico “Sunday Times” como o “doador mais generoso” em 2021, após conceder 4,2 bilhões de dólares (20,8 bilhões de reais) ao longo de 20 anos para diferentes instituições de caridade.

– Materiais preciosos –

As campanhas militares de Trajano, incluindo a quase aniquilação dos povos Dácios na atual Romênia, alargaram as fronteiras do Império Romano.

Suas duas sangrentas guerras dácias são retratadas em um baixo-relevo em espiral na Coluna de Trajano, localizada ao norte da basílica, um monumento construído para glorificar as vitórias do imperador e seus esforços de guerra.

Segundo Parisi Presicce, Trajano “construiu um monumento com os materiais mais preciosos que podiam ser utilizados naquela época”, como o mármore colorido procedente da Ásia e África, sobretudo, do Egito.

A imponente construção abrigava tribunais e outras entidades estatais e era composta por cinco corredores centrais separados por filas de colunas.

Foi construído pelo renomado arquiteto Apolodoro de Damasco e era coberto por um telhado de bronze. A fachada foi decorada com estátuas das conquistas em Dácia e painéis decorativos de estandartes militares.

Escavações anteriores encontraram o fórum e vestígios de sua basílica, cujos maciços pilares de granito ao seu redor foram restaurados e reerguidos. Mas a colunata não tinha um segundo andar.

Segmentos do mármore original do friso do entablamento, atualmente guardados em armazéns ou museus, foram reconstruídos em resina junto com as partes perdidas, embora com menos detalhes.

Isto permite que os visitantes percebam a diferença entre a arquitetura original e suas aproximações, uma prática comum na restauração moderna.

As etapas finais do projeto incluem a reconstrução das escadas ao sul da basílica para incorporar antigas lajes de mármore amarelo encontradas no local.

Roma tem, atualmente, 150 projetos arqueológicos em andamento até 2027, a maioria financiados por fundos europeus de recuperação após a pandemia da covid-19.

© Agence France-Presse

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