Menu
Moda

Conheça a bolsa menor que grão de sal

À olho nu, a bolsa não passa de um ponto verde, mas com um microscópio é possível ver as alças e o formato do objeto

Redação Jornal de Brasília

14/06/2023 18h55

Foto: Divulgação/MSCHF

Conhecido pelas famosas ‘botas de desenho animado’, o coletivo MSCHF voltou a desafiar padrões com uma luxuosa bolsa tão pequena que só pode ser vista com o auxílio de um microscópio. Seu lançamento ocorreu nesta quarta (13).

Segundo o The New York Times, as dimensões de 657 x 222 x 700 micrômetros tornam a peça menor que um grão de sal. Esse tamanho também é suficiente para passar pelo buraco de uma agulha.

Chamada de Microscopic Handbag (Bolsa de mão microscópica), essa é uma reedição do modelo OnTheGo, da clássica Louis Voitton. De acordo com a MSCHF, a escolha não foi por acaso, pois seu tamanho foi ideal para a produção em minúscula escala.

À olho nu, a bolsa não passa de um ponto verde, mas com um microscópio é possível ver as alças e o formato do objeto. Sua vibrante cor verde fluorescente contribui para a dificuldade de distinguir seus elementos de longe.

Foto: Divulgação/MSCHF

Mas qual o objetivo de um acessório que não serve para carregar nada? Segundo o diretor criativo da MSCHF, Kevin Wiesner, a crítica é justamente como as bolsas de luxo vem se tornando cada vez menores e menos práticas.
“Acho que a ‘bolsa’ é um objeto engraçado porque ela deriva de algo que é rigorosamente funcional. Mas se tornou basicamente uma jóia”, disse Wiesner para a revista Times. “Estender a tendência à sua conclusão lógica, acabando com a utilidade da peça”. O que sobra? Apenas o logo. Esta é a palavra final da miniaturização das bolsas”, acrescentou o diretor durante em comunicado para à imprensa americana.

No dia 19 de junho, a pequena bolsa será vendida no leilão “Just Phriends” na Joopiter, casa de leilões fundada por Pharrell Williams, que é o atual diretor criativo de moda masculina da Louis Vuitton. A organização fica por conta de Sarah Andelman, ex-diretora criativa da extinta boutique parisiense Collette.

Apesar do envolvimento de Pharrell, Kevin assegurou que não pediu para usar a logo ou o design da Louis Vuitton. “Acreditamos em ‘pedir perdão, não permissão’. Pharrell ama grandes chapéus, então fizemos para ele uma bolsa incrivelmente pequena”, provocou o diretor criativo, que também revelou esperar que o futuro dono da peça não a trate com muito cuidado. “Eu quase torço para que alguém a engula”.

O grupo trabalhou por meses no projeto, desde que um dos fundadores do coletivo nova-iorquino, Gabriel Whaley, comentou com Sarah Andelman a ideia de leiloar uma bolsa menos previsível que as edições luxuosas e de preços milionários que são as mais comuns nesse tipo de evento.

Para que tudo ocorresse conforme o planejado, a MSCHF teve contato com uma área diferente da moda: a biotecnologia. Vários especialistas rejeitaram o pedido. “Porque você está entrando em uma cadeia de produção que fabrica stents [para o coração] e pedindo a eles para fazer uma escultura”, relatou Kevin Wiesner.

Essa é a justificativa para o anonimato de seu parceiro técnico. De acordo com a divulgação da empresa, a bolsa foi feita à base de resina após passar por uma polimerização por absorção de dois fótons, descrito pela Times como uma espécie de impressão 3D para objetos em escala microscópica.

Segundo a unidade de São Carlos do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, esta é uma técnica de escrita a laser, através da qual um feixe de alta intensidade é focalizado em uma resina polimérica, um tipo de gel, ainda sem formação sólida”. Portanto, sua microestrutura se forma apenas quando o laser é “varrido” pela extensão da resina.

As primeiras mostras da bolsa eram tão pequenas que a equipe chegou a perder algumas. Segundo Kevin Wiesner. Uma das que “sobreviveram” não deve estar à venda, pois ela estará afixada junto a um microscópio em exibição na Semana de Moda Masculina de Paris no fim de junho.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado