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Apps de namoro: como escrever a melhor mensagem de texto?

Ela então decidiu contar com a ajuda de uma profissional do emergente campo de cursos de namoro focados em mensagem de texto

Redação Jornal de Brasília

21/01/2023 9h27

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Pouco depois de Abby Norton conhecer alguém de quem ela gostou em um aplicativo de encontros, em julho passado, a editora de 24 anos fez uma viagem de duas semanas ao exterior. Por causa dos diferentes fusos horários, ela e seu pretendente tiveram dificuldade para estabelecer uma rotina de mensagens de texto enquanto ela estava fora do país, embora trocassem algumas mensagens por dia.

Assim que Norton voltou para Minneapolis, onde ela mora, os dois começaram a sair, mas as mensagens de texto ainda pareciam insatisfatórias, prosseguindo “só algumas vezes por dia, apesar de estarem no mesmo fuso”. Isso deixava Norton ansiosa. “As coisas chegaram a um ponto de ebulição certa noite, quando me peguei chorando” depois de não ter notícias dele por “um ou dois dias” – principalmente, disse ela, porque “me ocorreu que eu provavelmente precisava resolver os problemas internos que tinham me trazido a esse ponto de insegurança e ansiedade”.

Ela então decidiu contar com a ajuda de uma profissional do emergente campo de cursos de namoro focados em mensagem de texto. Ela fez um curso chamado Curso Rápido de Cura de Comunicação por Mensagem de Texto, oferecido pela terapeuta licenciada e coach de namoro Kelsey Wonderlin, que mora em Nashville, Tennessee.

Wonderlin, que oferece cursos de namoro desde o outono de 2021, mas começou a atender especificamente problemas de mensagens de texto a partir de setembro, é uma das várias coaches de namoro que tentam fornecer aos clientes as habilidades de comunicação por escrito necessárias para levar os matches para o mundo real. Entre as perguntas que tentam ajudar a responder: Qual é a primeira mensagem mais certeira para mandar num aplicativo de namoro? Como flertar de um jeito que não seja muito assustador? E se as pessoas simplesmente não responderem?

Coach de namoro

Com 180 mil seguidores no Instagram, Blaine Anderson, coach de namoro em Austin, Texas, sempre achou que os vídeos sobre mensagens de texto faziam sucesso com seu público majoritariamente masculino. Essa percepção, além de suas experiências pessoais recebendo mensagens estranhas em apps de namoro, a inspirou a lançar em agosto um curso chamado Sistema Operacional de Mensagens de Texto, “para eliminar o estresse e a ansiedade dos homens na hora de se comunicar com mulheres por meio de mensagens ou texto”, informou Anderson, de 33 anos.

De acordo com Damona Hoffman, coach de namoro em Los Angeles e Nova York e apresentadora do podcast Dates & Mates, muitas pessoas ficam presas no que ela chama de “relação por mensagem”. As mensagens de texto se tornaram uma fase do relacionamento, disse ela, e seu programa Acelerador de Namoro, que custa US$ 1.297 e combina sessões ao vivo e aulas em vídeo, ensina as pessoas a evitá-la.

Apesar do uso generalizado de apps de encontro, especialistas como Hoffman, Wonderlin e Anderson acreditam que nossa sociedade ainda carece de habilidades de comunicação digital. O motivo, de acordo com Wonderlin, é que não existe um lugar onde as pessoas possam aprender como iniciar e manter um relacionamento saudável. Em vez disso, têm de descobrir as coisas por conta própria.

Afinal, mensagens de texto são um meio de comunicação relativamente novo. “Nossos cérebros não estão programados para pensar” em mensagens de mais de 100 caracteres, admitiu Anderson. Embora os textos sejam convenientes, eles não têm a textura e a profundidade das conversas presenciais. “Destilar nossos sentimentos complexos e sutis em mensagens de texto é difícil, e as pessoas acabam dizendo a coisa errada inadvertidamente.”

Confusão

Para Hoffman, não é de surpreender que as pessoas estejam com dificuldades. Embora muitas gostem de enviar mensagens de texto por motivos de praticidade e eficiência, há muito espaço para interpretações errôneas. E pedir conselhos a amigos também pode abrir uma “caixa de Pandora”. Embora um amigo possa lhe dizer para adiar uma resposta para não demonstrar carência, outro pode dizer para mandar várias mensagens para mostrar interesse. Aí começa a confusão.

“Sempre faltou educação em comunicação saudável”, ressaltou Wonderlin, “mas como hoje as pessoas se encontram online e começam a trocar mensagens”, elas se tornaram o meio como as pessoas formam seus padrões de comunicação nos relacionamentos. E como muitas preferem se comunicar por texto em vez de falar por telefone antes de se encontrarem, “é importante definir o tom desde o início para uma comunicação recíproca e saudável”.

O curso em vídeo de duas horas de Anderson custa US$ 149 e é dividido em sete módulos que cobrem cenários comuns, de conversar offline a conseguir um segundo encontro. O curso se concentra principalmente na psicologia por trás das diferentes mensagens e fornece modelos de texto.

Já o curso em vídeo de Wonderlin custa US$ 333 e conduz os alunos por cinco módulos. Começa abordando a importância de criar uma comunicação saudável no início do relacionamento e, em seguida, abrange diferentes tipos de mensagens – o texto seco, o texto animado, o texto compulsivo, o texto distraído – e ajuda os alunos a entender o que é uma bandeira vermelha e qual é seu estilo particular de escrita de mensagens. Também ensina a evitar o desespero quando alguém envia uma resposta de uma palavra ou não responde imediatamente.

Dan Leader, gerente de engenharia de 36 anos em Detroit, se inscreveu no curso de Anderson em dezembro “porque não estava transformando muitos matches em encontros e, quando conseguia encontros, eles não levavam a segundos encontros”, revelou ele. Desde que fez o curso, “agora escrevo com propósito e intenção”, contou. “Faço perguntas para conhecer a pessoa e para que ela possa me conhecer. Então traço um plano claro para marcar um encontro no momento apropriado. Não sinto mais a necessidade de manter o contato com conversa fiada.”

Estadão conteúdo

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