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Música

Taylor Swift volta a fazer novela de si e perde o brilho em novo álbum

Com as vitórias no Grammy, um novo ciclo se abriu para a cantora

Redação Jornal de Brasília

19/04/2024 17h52

Foto: Reprodução

AMANDA CAVALCANTI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Em fevereiro, momento que fechou um período de vitórias para Taylor Swift, a cantora levou dois grandes prêmios no Grammy, o de álbum do ano e o de álbum de pop vocal. Em seu discurso, ela anunciou seu décimo primeiro disco, “The Tortured Poets Department”, lançado nesta sexta-feira.

Duas horas depois do lançamento oficial, nesta madrugada, ela ainda surpreendeu os fãs com uma segunda metade do álbum, com mais 15 faixas, com o nome de “The Anthology”, adicionadas à tracklist original —são 31 ao todo.

Swift é uma figura gigante da cultura pop desde o lançamento de seu segundo álbum, “Fearless”, em 2008. No entanto, mesmo com uma trajetória de cerca de 15 anos, não seria incorreto dizer que os últimos 12 meses foram os maiores de sua carreira.

Em março de 2023, ela inaugurou a “The Eras Tour”, uma retrospectiva cuja setlist traz todos seus álbuns. Com uma passagem polêmica pelo Brasil em novembro, que incluiu a morte de uma fã e calor extremo, os shows passaram por outros continentes e se tornaram a turnê de maior bilheteria da história.

Swift também se manteve nos portais e jornais de fofoca americanos no ano passado. Após anunciar o término com o ator Joe Alwyn, ela assumiu um relacionamento com Travis Kelce, jogador de futebol americano do Kansas City Chiefs, da NFL, no segundo semestre.

Com as vitórias no Grammy, um novo ciclo se abriu para a cantora. Partindo de um catálogo já robusto e extensamente trabalhado em sua última turnê, ela criou uma alta expectativa para o álbum que inaugura a segunda dezena de sua discografia.

Mas apenas em teoria. Os produtores de “The Tortured Poets Department” são Jack Antonoff, figura carimbada nos discos pop da última década que acompanha a cantora desde 2014, e Aaron Dessner, fundador do The National, com quem a cantora já tinha trabalhado em “Folklore” e “Evermore”.

De certa forma, a volta de Dessner faz sentido –em alguns momentos, o disco conta com uma sonoridade mais discreta e orgânica, assim como os álbuns mais inclinados ao folk pop que ele produziu anteriormente —caso das baladas “Fresh Out the Slammer” e “Guilty As A Sin?”—, enquanto o pop mais sintético e rápido de Antonoff aparece em faixas como “I Can Do It With a Broken Heart”.

No entanto, com exceção desses poucos momentos em que a produção brilha um pouco mais, Swift deixa de lado os beats chamativos que marcaram seu último lançamento, “Midnights”, e volta a pôr seus vocais e composições no centro. O que geralmente seria uma vantagem —como foi em “Evermore” e “Folklore”, muito celebrados—, mas deixa a desejar agora.

O trabalho de Swift é marcado por canções confessionais sobre ex-namorados, amigos e desafetos. A partir do momento em que a cantora se tornou uma estrela internacional e começou a namorar outras celebridades, suas letras fizeram com que ela se tornasse praticamente um folhetim de si mesma.

Um episódio marcante foi em 2008, quando a cantora revelou na televisão que a canção “Forever & Always”, do álbum “Fearless”, havia sido feita para Joe Jonas, que havia terminado com ela meses antes.

De lá para cá, cada um de seus lançamentos levanta suspeitas —ou certezas— de que a cantora está falando de algum personagem da cultura pop —de Katy Perry a Jake Gyllenhaal, poucos escaparam de sua caneta. Esse é o grande trunfo de Swift. Ela aprendeu que consegue ampliar seu próprio tamanho no imaginário popular ao escrever faixas sobre fatos públicos de sua vida, especialmente para seus fãs.

No entanto, no novo disco, parece que essa motivação leva a artista ao extremo de não pensar em nenhum outro aspecto importante para a composição de um disco pop.

O álbum parece ser praticamente todo sobre o breve relacionamento de Swift com Matty Healy, vocalista do The 1975. Na faixa-título, ela canta: “Você não é Dylan Thomas/ e eu não sou Patti Smith […]/ somos idiotas modernos”. Em “So Long, London”, ela se despede de Londres, a cidade natal do ex.

Os instrumentais são tão simples que em alguns momentos parecem quase imperceptíveis. Além disso, não há nada de marcante o bastante nas melodias que ela, Antonoff e Dessner desenvolveram juntos.

São poucos os refrões memoráveis. Uma exceção é coro chiclete de “My Boy Only Breaks His Favorite Toys”. Até mesmo as participações especiais —de Post Malone em “Fortnight” e Florence Welch em “Florida!!!”— se misturam ao fundo das simples batidas e o vocal grave de Swift, ficando quase imperceptíveis.

A segunda metade do álbum, porém, tem mais destaque que a primeira. Quase totalmente produzida por Dessner, com exceção das duas primeiras faixas, “The Anthology” investe nas baladas românticas e acerta em alguns momentos, como em “The Albatross” e “I Hate It Here”, mais puxadas para o folk. Mas os poucos destaques em duas horas de disco não são o bastante para fazer a audição valer a pena.

É seguro dizer que “The Tortured Poets Department” continuará aprofundando os questionamentos sobre a vida de Swift, mas ela falhou em oferecer algo artisticamente novo para os seus ouvintes.

THE TORTURED POETS DEPARTMENT
Quando Sex. (19), à 1h
Onde Nas plataformas digitais
Autoria Taylor Swift
Produção Aaron Dessner e Jack Antonoff
Gravadora Universal Music

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