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Música

Rodrigo Bezerra lança novo álbum, “Tempestade Solar”

Formado na UnB e com passagem na Escola de Música, o instrumentista brasiliense lança álbum com colaboração dos amigos André Braz e Felipe Viegas, além da participação da cantora Ellen Oléria

Tamires Rodrigues

28/10/2022 5h00

Atualizada 27/10/2022 17h48

Foto: Divulgação

O instrumentista brasiliense Rodrigo Bezerra começou na música muito cedo, aos 7 anos de idade, se interessando pelo violão e em seguida pela guitarra, já ficando conhecido com o ‘violeiro’ da turma de amigos. “A guitarra era meu video game. Eu era aquele personagem da escola que leva violão para o intervalo”, relembra.

Rodrigo, que foi adquirindo sua personalidade dentro do mundo musical ainda muito jovem, optou por transformar o passatempo em carreira e decidiu ingressar no curso de música na Universidade de Brasília (UnB) em 2003, se tornando professor na Escola de Música de Brasília (EMB) na mesma época. Anos depois, em 2010, partiu para Barcelona, na Espanha, para realizar pós-graduação, construindo assim sua identidade social, como ele mesmo diz. “A música sempre foi entrelaçada comigo. E de fato, eu não escolhi. Eu fui escolhido pela música.”

Caminhando devagar e sempre, o cantor lançou, no último dia 21, o álbum “Tempestade Solar”, o sétimo da carreira. A música deu a Rodrigo a oportunidade de conhecer não só lugares, mas também grandes parceiros de arte, como os músicos André Braz e Felipe Viegas, que fazem parte do novo disco, além da cantora Ellen Oléria, que conheceu ainda na época de UnB. “Eu produzi o primeiro disco dela, que foi um álbum de relativo sucesso para para uma cantora que surgiu do nada, sem investimento. No meio que ela habitava, foi um sucesso. E eu era muito novo, tinha 20 anos.”

Além de instrumentista e cantor, Rodrigo também é compositor. Das 11 faixas do novo disco, oito são autorais. As letras buscam falar de temas presentes no dia a dia, como aquecimento global, racismo, fome e injustiças sociais. Também abordando o amor em suas canções, Rodrigo, que já é pai, lembra dos filhos na hora de escrever. “Fica muito mais fácil falar de amor, porque eu falo pensando neles. Eu sou um cara tímido, sempre tive dificuldade de fazer canções que falassem de amor, para uma pessoa”, comenta.

Seu sétimo álbum, “Tempestade Solar”, foi produzido com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF) e gravado no Espaço Cultural Renato Russo, pólo cultural de Brasília. Em entrevista ao Jornal de Brasília, Rodrigo conta os detalhes do novo trabalho, fala sobre as colaborações e parcerias, comenta a importância do apoio do poder público.

Ouça o disco e confira a entrevista completa: 

JBr: O novo álbum conta com 11 músicas. Quantas delas são autorais? Como foi o processo criativo do disco?

Rodrigo Bezerra: Apenas três não são minhas: “Canção para Perdedores”, uma música de Túlio Borges; “Nobre Vagabundo”, sucesso na voz da Daniela Mercury, mas o compositor é o Márcio Melo; e a “Anunciação”, que é de um amigo meu, Rogerio Geronimo. As outras oito são minhas.

Sobre o processo criativo, o disco fala muito da contemporanedade de assuntos que estão em pauta. Aquecimento global, por exemplo, a música “tempestade Solar” fala sobre isso; racismo; a diferença de oportunidades sociais; +7 maneiras de pensamentos, né, que são influenciados pela cor da pele de uma pessoa… tem uma música que chama “Pela Cor” que fala disso.

O disco também fala de amor. Pela primeira vez, eu conseguiu escrever mais abertamente sobre amor. Eu tenho filhos agora, então fica muito mais fácil falar de amor, porque eu falo pensando neles. Sou um cara tímido, sempre tive dificuldade de fazer canções que falassem de amor, para uma pessoa. Sempre achei que outros compositores fazem isso muito melhor que eu. E pra mim, a coisa da escrita sempre foi mais política. Consegui juntar isso nessas 11 músicas. Também tem uma questão estética. É um disco mais pop, com refrão. Quase todas as músicas tem refrão. Um disco bem pensado nesse sentido, apesar de ter momentos mais instrumentais, relembrando de onde eu venho — eu sou um guitarrista de jazz, que é o meu lugar de origem, vamos dizer assim. Mas é um disco que tem uma intenção mais MPB e pop.

Nos conte um pouco desta parceria com André Braz e Felipe Viegas.

Eu conheço o Felipe desde a adolescência. Ele tinha 15 anos, eu devia ter uns 18, 19. A gente se conheceu na Escola de Música. Eu comecei a dar aula na EMB muito cedo, com 19 anos eu já era professor. Ele é um cara realmente iluminado, tem uma inteligência musical privilegiada, um ouvido harmônico. Além disso, é um cara muito legal, de muito fácil trato, engraçado para caramba. Adoro estar do lado dele e adoro a música dele. Ele aparece em vários discos meus, e nesse novo eu pensei nele.

Já o André eu conheço há menos tempo, a gente acompanha um cantor daqui, o Roger Middles. Nessa banda, a nossa relação se estreitou. Eu adoro o jeito do André tocar. Ele tem uma noção de dinâmica e de grupo muito boa na bateria. Um músico excepcional. Já tive a oportunidade de gravar um disco dele, de composições dele.

A música “Canção para Perdedores” foi gravada com participação da cantora Ellen Oléria. Como foi fazer esse dueto?

É uma música do Túlio Borges. Na primeira vez que eu ouvi essa música, fiquei impressionado. Tempos depois, pesquisando repertório para fazer o disco, lembrei dessa música. Perguntei para ele e ele disse que, claro, eu podeira gravar.

Eu já era relativamente próximo da Ellen, perguntei se ela estava a fim de fazer essa participação, ela disse que sim. Então, eu mandei todas as músicas do repertório para ela, deixei que ela escolhesse a música que se sentisse mais à vontade de cantar. E ela escolheu essa, “Canção para Perdedores”. Disse que gostou de várias, mas que aquela não saía da cabeça. Então pra eu gostei da da opção que ela fez, porque eu também acho uma música mais forte. Gostei muito do resultado final.

O álbum “Tempestade Solar” foi gravado no Espaço Cultural Renato Russo com apoio do FAC. Para você, qual a importância do apoio do governo para artistas independentes?

O FAC é de extrema importância para o artista independente. Arte é uma coisa cara de ser feita e difícil de ser posicionada no mercado. A regulação do mercado musiacl é muito distorcida por impulsionamentos e outros meios que recebem muita ingestão de grana. A gente que não está nesse nicho mais consolidado acaba vivendo à margem. Não temos capacidade financeira parra fazer um produto de maior qualidade e tentar oferecer ao público alguma coisa que que chegue perto do que os artistas gigantes oferecem. Sem os financiamentos do FAC, a gente não consegue. 

Esse disco é um audiovisual, vai estar no YouTube em alta resolução. Nada disso seria possível se não fosse o financiamento do FAC. Eu já tive três projetos aprovados pelo FAC, mas é a primeira vez que eu consigo aprovação com uma parcela do recurso para movimentação na internet. Ainda é um dinheiro irrisório perto de outros lançamentos, mas eu me senti dentro de uma jornada que eu nunca tinha vivido.

Após o lançamento do novo disco, quais os projetos futuros?

Vou tentar movimentar esse disco e formatar um show da melhor maneira possível. Quero me apresentar com ele por aí. Minha maior intenção para o ano que vem é essa. Fora isso, não há muito que eu possa adiantar, não, porque não tem nada muito sólido.

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