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Influencer que usa bolsa de ileostomia aponta falta de acessibilidade no Lollapalooza

Conhecida como Pequena Lo, a blogueira desabafou com seus seguidores as dificuldades e constrangimentos sofridos no festival

FolhaPress

29/03/2022 13h59

Conhecida como Pequena Lo, a blogueira desabafou com seus seguidores as dificuldades e constrangimentos sofridos no festival

Foto: Divulgação

A criadora de conteúdo digital Lorena Eltz, de 21 anos, relatou o constrangimento sofrido durante o festival Lollapalooza, ocorrido neste fim de semana.

Ela tem Crohn, doença autoimune que causa inflamações em todo o aparelho digestivo, e, por isso, usa uma bolsa de ileostomia, na qual as fezes são coletadas, o tempo todo desde os 12 anos. Convidada para participar dos três dias do festival, a influenciadora afirma que a bolsa vazou enquanto estava no evento, depois de ter que caminhar cerca de 20 minutos até a saída do festival para encontrar um banheiro.

“Andei todo esse tempo, em solo desnivelado, com a bolsa vazando e uma multidão de pessoas me olhando, perguntando o que estava acontecendo. Foi uma situação muito humilhante”, conta ela, que diz ter usado a pia do banheiro de um restaurante, já fora dos limites do festival, para se lavar.

“Tive que pegar uma roupa emprestada de uma pessoa que estava no meu grupo e fui direto para o carro”, diz Eltz à reportagem.

Procurado pela reportagem, o Lollapalooza Brasil disse em comunicado que “tem como compromisso realizar um evento inclusivo, em que todos são bem-vindos”. A organização diz ainda que a cada ano o festival aprimora a sua estrutura e pensa em melhorias “para que todos tenham uma boa experiência dentro do Autódromo de Interlagos”.

A nota afirma ainda que, neste ano, o acesso ao LollaBR contou com um portão dedicado a pessoas com deficiência, carrinhos de golfe para levar frequentadores até a área do festival, plataformas elevadas para assistir aos shows e equipamentos motorizados para facilitar a locomoção pelo espaço, assim como profissionais intérpretes de Libras e aparelhos de audiodescrição. “Todos os serviços serão avaliados e aperfeiçoados para as próximas edições”, conclui o comunicado.

Foto/Reprodução/Redes Sociais

A influenciadora veio de Porto Alegre, onde mora, e supunha que o festival fosse acessível e inclusivo. “Venderam isso e eu achei que seria mesmo. Porém me deparei com elevadores que não funcionavam, poucas rampas de acesso e vários dos carrinhos de golfe, meio oferecido para a locomoção de pessoas com deficiência no local, que não funcionavam.”

Eltz afirma que não encontrou banheiros, nem mesmo químicos, que pudesse usar. Ela diz também ter pedido ajuda no posto médico, mas afirma que não teve prioridade. Relata ainda que andou mais do que poderia, além de não conseguir comprar água para se hidratar. Segundo ela, era proibido entrar com comida ou bebida no espaço. A reportagem questionou a organização do festival sobre a proibição, mas não obteve retorno até a manhã desta terça-feira.

A experiência fez com que a influenciadora, que tinha sido convidada para o festival e ganhou convite para todos os seus três dias, decidisse não retornar. “Tive crise de ansiedade. Meus amigos foram nos outros dias e relataram outros absurdos. A cadeira de rodas de uma delas atolou na lama.”

Eltz diz que recebeu muitas mensagens de apoio de pessoas que também enfrentaram dificuldades ao participarem do Lollapalooza. “Não havia qualquer infraestrutura, ultrapassando a questão das pessoas com deficiência. O único lugar que vendia comida não estava funcionando. As filas para comprar água eram enormes. Como um evento que dura o dia todo não oferece o mínimo para um público que pagou caro pelo ingresso? Na minha opinião, o festival foi negligente, uma situação totalmente caótica.”

Ela afirma que a cultura atual ainda é de exclusão. “É um pensamento que nos exclui, pois diz que não podemos viajar, participar de um festival. Os lugares devem estar prontos para isso. Basicamente, neste caso, era oferecer um local para as pessoas sentarem, comerem, além de banheiros.”

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