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Exposições

Museu da República recebe arte de Iracema Barbosa

Sete artistas participam com obras inspiradas no trabalho dela

Redação Jornal de Brasília

18/05/2023 17h04

Iracema Barbosa. Foto: Jean-François Erhel

O Museu Nacional da República (MuN) abre no sábado (20/5) à tarde a exposição “Textura de Afetos”, da artista plástica Iracema Barbosa. São 60 obras de arte contemporânea que apresentam elementos das estéticas construtiva, neoconcreta e pós-minimalista, explica a curadora Renata Azambuja. Esta ainda destaca no trabalho da artista carioca, em Brasília desde 2014, marcas da gestualidade oriental.

O título da exposição inspira-se na relação que Iracema mantém com a costura e com as sensações táteis que diversos materiais – papeis, tecidos, madeiras – lhe provocam. Presta tributos também a ligações de amor, solidariedade e coleguismo que a artista e professora desenvolve com colaboradores e estudantes. Iracema é docente da Universidade de Brasília (UnB), onde leciona a disciplina “Teoria e Crítica da Arte” no Departamento de Artes Visuais.

Iracema morou doze anos na França, onde fez doutorado em artes plásticas com a tese “Poétiques de la répétition”, cujas reverberações pós-minimalistas receberam a menção mais elevada da Universidade de Rennes II. Lá, a artista produziu “Bois de Carnaval” (2003-2009), instalação com galhos, fitas de cetim, linhas de lã e seda. Iracema recolheu as madeiras caídas das árvores durante passeios pelos bosques gauleses. Foi exposta quatro vezes em centros culturais daquele país.

“Bois” está entre as sete obras doadas por Iracema ao acervo do MuN em 2021. Além de “Bois”, estarão no MuN para visitação pública “Caixas” (1998-2000), instalação com madeira; “Les équilibristes” (2005-2006) instalação com madeira pintada; “Mar da Bahia em dia de chuva” (2006), também instalação com madeira pintada.

A economia que marca a arte de Iracema parece acompanhar seus passos no mundo. Ela acaba de doar 70% de sua coleção de títulos de arte para a Biblioteca Central da UnB. O restante do acervo, formado basicamente de literatura, ela encaminhou à Biblioteca Pública de São Sebastião, no DF. “Preciso do mínimo para continuar trabalhando, o restante deve seguir o fluxo”, filosofa de partida para um retorno ao Rio de Janeiro. Ela está se aposentando da cátedra.

“Textura dos Afetos” vai ocupar, no MuN, a Galeria Térreo, a Galeria 2 e o corredor que liga as duas salas. Os espaços foram rebatizados de “Sala dos Alinhavos, Transparências e Combinações” e “Sala Corpo-cor”, respectivamente. No corredor será instalado um miniateliê para práticas rápidas de intervenções em diversos papéis e tecidos, criando uma memória do processo criativo da artista. Vídeos registram os trabalhos de Iracema e depoimentos dos artistas sobre a relação com ela.

Para a exposição, artista e curadora decidiram-se pelas obras não-figurativas. “Os trabalhos que Iracema tem feito desde os anos 1990 não mais apresentam essa relação com a representação de figuras humanas ou cenas identificadas. Expressam processos íntimos”, explica Azambuja, que é licenciada em Artes Plásticas pela UnB, mestre em Teoria e História da Arte Moderna e Contemporânea pela City University (New York) e doutora em Teoria e História da Arte também pela UnB.

Sete artistas

Sete artistas foram convidados para participar da exposição, apresentando obras próprias em diálogo com criações de Iracema Barbosa. Escolheram um trabalho com que desenvolveram afinidade e vão mostrar uma obra baseada nessa escolha. Bárbara Paz, Cecília Lima, Gisele Lima, Gustavo Silvamaral, José de Deus, Luciana Ferreira e Romulo Barros tomam parte na mostra.

Um deles, Silvamaral, ex-aluno de Iracema e assistente de ateliê da artista por três anos, diz que está exultante em participar do projeto. Vai dependurar na parede uma tela de 2016. Explica que é um trabalho que tem relação tanto formal quanto poética com a produção da Iracema, em traços como materialidade, cor, forma e espacialidade.

“Estou muito ansioso para ver a exposição montada e celebrar vida e obra dessa grande artista”, confessa o bacharel em Artes Visuais pela UnB, nascido em Brasília. Foi indicado ao Prêmio Pipa em 2021 e recentemente selecionado para uma residência de dois meses na cidade do Porto (Portugal).

Outra ex-aluna convidada, Gisele Lima, apresentará na exposição um trabalho de 2023 instigado por peça de Iracema de uma década antes. “Bilhetinhos de desamor” e “Bilhetinhos de amor” experimentam com diálogos e antíteses, com repetições de palavras, de afetos e de materialidades têxteis. “O aprofundamento no têxtil e no afeto são pesquisas que iniciei sob orientação da Iracema e que seguem sendo o cerne da minha produção artística”, diz a artista.

Lima é bacharela em Teoria, Crítica e História da Arte pela UnB. Desde 2015 desenvolve pesquisas que investigam processos de criação artística, produção cultural e curadoria. “Tenho especial interesse em explorar como afetos se materializam em pontos, fios e tramas, ao mesmo tempo em que estes se transmutam em corpos e vivências”, poetiza.

Serviços

Nova exposição: “Textura de Afetos”
Curadoria de Renata Azambuja
Galeria Térreo e Sala 2
Abertura em 20 de maio, às 16 horas

Continuam:
“Pedro – Retrospectiva de Pedro Ivo Verçosa”
Curadoria de Ralph Gehre
Galeria Principal
Até 25/jun

“Aqui estou – Corpo, paisagem e política no acervo do Museu Nacional da República”
Curadoria de Sabrina Moura
Mezanino
Até 2/jul

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