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Exposições

Leonardo Finotti celebra 25 anos de carreira fotográfica em exposição no MuBE

Agora, uma exposição no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, o MuBE, celebra sua carreira ao reunir um punhado de fotografias

FolhaPress

10/02/2023 13h31

Foto: Divulgação

João Perassolo
São Paulo – SP

Além do concreto aparente e da rejeição a elementos decorativos, uma das características da arquitetura moderna é o emprego de ângulos retos e formas geométricas nas construções, resultando num desenho preciso e econômico.

A exatidão desta linguagem vem sendo traduzida para a fotografia há 25 anos por Leonardo Finotti, fotógrafo mineiro que dedicou sua vida a registrar prédios de Oscar Niemeyer, jardins de Burle Marx e casas de Paulo Mendes da Rocha, por exemplo.

Agora, uma exposição no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, o MuBE, celebra sua carreira ao reunir um punhado de fotografias e sua extensa produção de livros de artista, além de catálogos de mostras do fotógrafo em vários países.

“Leonardo Finotti: Laboratório Aquitetura e Cidade” é uma amostra do olhar do artista, que “ressalta eixos, alinhamentos, simetrias e formas dinâmicas”, fazendo da fotografia “uma forma de construção”, segundo os curadores Guilherme Wisnik e Olívia Abrahão.

A mostra tem uma conexão com o MuBE. As duas grandes mesas do espaço expositivo, sobre as quais está a produção editorial do fotógrafo, foram feitas com longas ripas de metal e placas de vidro reaproveitadas do próprio museu.

Há também fotografias em preto e branco da instituição, entre as quais duas aéreas, mostrando o antes e o depois de uma obra de Burle Marx instalada na área externa do museu, e outra da placa de aço córten de Amílcar de Castro na entrada -nesta imagem, Finotti coloca a obra, com seus 18 metros de altura, em relação com as linhas retas da arquitetura brutalista do MuBE.

Algumas das fotos da mostra estão dentro dos escritórios do MuBE, separados por vidros do espaço expositivo e abertos à circulação do público, numa iniciativa inusual para o museu.

Fotografar os espaços onde expõe e expor estas fotos no próprio local é uma praxe no trabalho do artista, como se pode ver no catálogo de sua mostra na Casa Modernista, em São Paulo, disposto sobre uma das mesas. Está ali também seu primeiro fotolivro, com páginas em fole que, quando conectadas lado a lado, formam imagens do Rio de Janeiro, além de uma série de imagens de casas de Paulo Mendes da Rocha impressas em papel artesanal de aspecto rústico.

Quando vista em conjunto, a variada produção editorial do artista evidencia seu apreço por pensar em como as fotografias são mostradas para o público. Esta preocupação se transfere para dois grandes painéis, um com um conjunto de fotografias de marcos de São Paulo, como o edifício Copan e a marquise do parque Ibirapuera, e outro com uma série de fotos feitas com drone de projetos de Burle Marx.

Nos painéis fica clara a estética que deu reconhecimento internacional a Finotti e que levou o Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, a adquirir 15 fotos suas para o acervo. Ele encaixa o objeto fotografado com precisão no quadro, dando às imagens um aspecto geométrico e de organização. A ausência de figuras humanas não desvia o olhar das construções modernistas, retratadas em todo o seu esplendor.

Quando questionado sobre como desenvolveu sua linguagem, o fotógrafo não cita nenhum colega de profissão ou artista. Ele diz que nunca foi “uma pessoa estudiosa, de pesquisar”, mas que certamente foi influenciado ao longo da carreira e que, uma vez que tomou consciência das características de seu trabalho, levou isto ao limite.

Finotti se aproximou da fotografia quando estudava arquitetura na Universidade Federal de Uberlândia, por influência de um professor apaixonado por foto. Mais tarde, morando em Lisboa, registrou o parque do Tejo, a convite do paisagista João Nunes, um trabalho decisivo para a sua escolha de carreira, que diz considerar uma paixão.

Durante a conversa, ele mostra ao repórter o sol batendo numa parede do museu e ressalta como as áreas de sombra deixam ver as imperfeições do concreto. Buscar os detalhes é uma constante em seu trabalho, ele afirma, acrescentando que passa um dia inteiro fotografando uma única construção para captar as diferenças de luminosidade sobre ela, em busca da melhor imagem. “A arquitetura é um objeto fixo, mas a luz tem movimento.”

LEONARDO FINOTTI: LABORATÓRIO ARQUITETURA E CIDADE
Quando Até 25 de fevereiro; ter. a dom., das 11h às 17h
Onde MuBE – r. Alemanha, 221, São Paulo
Preço Grátis

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