Menu
Eventos

Favela Sounds: periferia no topo e no centro

O maior festival de cultura periférica do Brasil chega à sua 7ª edição, priorizando artistas do quadradinho, além de várias atrações nacionais

Amanda Karolyne

01/09/2023 17h14

A dupla brasiliense Margaridas, formada pelas irmãs Sabrina e Maria, sobe hoje ao palco e promete animar o público. Foto: Divulgação

O Favela Sounds, maior festival de cultura periférica do país, chega à sua sétima edição até o dia 2 de setembro. O evento traz o público jovem das periferias do Distrito Federal para o centro da capital, para curtir uma programação de shows, oficinas e debates no Museu Nacional e em diversas regiões administrativas, com atividades gratuitas pensadas para estimular a inclusão produtiva da juventude da favela. Este ano, o line up tem predominância e o protagonismo de artistas mulheres. O primeiro bloco do baile, com programação gratuita, conta com MC Luanna, Lia Clark, Margaridas, Tasha & Tracie e outros nomes, com shows hoje (1) e amanhã (2). Para a programação d’O Baile, o evento providencia ônibus gratuitos indo e vindo de 10 bairros periféricos do DF rumo ao Museu.

Com dois blocos de apresentações, a festa vai do rap ao trap, do samba ao reggae, do tecnobrega ao afrobeat, além de uma grande mistura de tudo isso. Apostando no futuro da música nacional, a programação conta também com Hate RCT, os DJs Mu540 (leia-se Muzão) e Barbie Plussize, além dos brasilienses DJs Vane Marques, Umiranda e Cxxju.

O baile do Favela Sounds traz artistas de diferentes estilos, representando comunidades periféricas do Brasil inteiro. Incluídos na programação, estão artistas como Tasha & Tracie, Clara Lima, Filhos de Dona Maria, Toninho Geraes e Slipmami.

Predominância regional

Para esta edição, é essencial a vasta presença de artistas do DF na programação, fruto de um projeto novo do festival, que amplia conexões entre artistas periféricos locais e outras cidades e países. As Margaridas são uma das representantes regionais no baile.

Sabrina Soares Rodrigues, membro da dupla, conta que espera trazer emoções diversas pra quem for assistir no Favela Sounds. “Dessa vez realizaremos nosso show em um formato totalmente diferente e estamos muito ansiosas pra esse momento”, afirma.

A rapper ainda destaca a importância de participar do Favela Sounds. “Acompanhamos o festival há um tempo e já prestigiamos artistas incríveis naquele palco. Dessa vez, nós estaremos dividindo este mesmo palco com outros artistas que admiramos muito e que também nos representam”, conta ela.

A dupla está ansiosa para performar a faixa “Indecisão” no baile. Sabrina explica que a música foi produzida na Universidade Afrolatinas durante a Jornada de Produção Musical. A artista salienta que quando for o momento, a música estará disponível em todas as plataformas para o público. Atualmente, Sabrina e Maria estão focadas em explorar ambas as identidades, misturando ainda mais as referências e criatividade de cada uma. “Somos irmãs e sempre estivemos conectadas, e agora queremos nos aprofundar cada vez mais nisso, e entregar sempre um trabalho único e verdadeiro para vocês”, completa.

Conexão Bahia-SP

A MC Luanna, baiana e moradora de São Paulo, espera realizar uma apresentação que surpreenda os brasilienses. “Brasília sempre esteve no ranking das 10 maiores cidades dos meus ouvintes mensais, então acho que vai ser um show incrível”, frisa. Ela aponta que vai ser literalmente um presente de aniversário, já que o show é um dia antes do dia em que ela nasceu.

Para ela, o Favela Sounds é muito significativo, principalmente por ver uma programação incrível, com mulheres de muito talento, e ainda, por poder conseguir proporcionar isso para o público sem nenhum custo. “Acho que o nome e proposta do evento faz jus, sendo totalmente compatível com a realidade”.

Sereia no DF

Lia Clark, cantora, compositora e representante da cena musical LGBTQIA+, promete encantar o público da capital. “Eu amo participar de festivais porque é uma junção de público, de músicas diferentes, artes diferentes que a gente tem a oportunidade de apresentar”, explica Lia.

Para Lia, saber que está fazendo parte desse movimento de pessoas que saíram de um lugar bem humilde e conseguiram, por meio da música, se sustentar e mostrar que é possível acreditar nos seus sonhos, é muito importante, por saber que está inspirando as pessoas. “Eu acho que a importância de um festival como esse é inspirar as pessoas e trazer a alegria e representatividade de pessoas que conseguiram viver do sonho da música, que às vezes e quase sempre, parece ser um sonho tão distante. Mas de alguma forma, a gente está hackeando esse sistema, e acaba sendo possível”, declara.

E, claro, Lia vai tocar seu mais novo sucesso, a música Sereia, que gravou com Pabllo Vittar. “Está um grande sucesso, e eu só cantei ela duas vezes até agora, por estarmos nos ensaios da turnê nova”. Ela aponta que o Favela Sounds será o último show da turnê antiga. “Ainda estou com a euforia de que ainda não cantei Sereia muitas vezes, é muito bom estar tendo esse primeiro contato com o público e entender como está sendo fora da internet a reação de cada um”, conta.

Narrativas

Guilherme Tavares, idealizador do Favela Sounds, acredita que a expectativa para o evento é ver a juventude do DF em peso curtindo as duas noites de programação. “Favela Sounds já nasceu muito conectado à juventude, quando nós, sócios, ainda éramos muito jovens. Mas estamos felizes por vermos há sete anos este público se renovando”.

Ele explica que este ano, o tema do Festival é “As muitas formas de narrar”, que vem da vontade do Favela Sounds estar próximo de roteiristas, diretores, escritores, criadores de conteúdo virtual, poetas, rimadores e outros profissionais que se valem da palavra como ferramenta de transformação.

Ano após ano, o Favela Sounds flerta com outros movimentos que não somente a música, como explica Guilherme, seja no Mapa da Criatividade Periférica, seja no Favela Talks, que acontece hoje, em Samambaia, em paralelo ao Favela Sounds. “A cada ano dialogamos e tentamos ampliar pontes entre setores diferentes da criatividade periférica”. O tema está em todos os aspectos envolvidos no festival, em cada oficina oferecida, na programação pensada e principalmente na abertura, que foi feita no Museu da Arena da Palavra, com MC Carol.

Programação

Sexta, 1º de setembro

18h: Abertura de portões
19h: DJ Cxxju (DF)
19h40: Margaridas (DF)
20h20: DJ Cxxju (DF)
21h: TRP.P (Canadá)
21h40: Barbie Plus Size (PA/PR)
22h20: MC Luanna (SP)
23h: Barbie Plus Size (PA/PR)
23h30: Tasha & Tracie (SP)
00h20: Eva do Santo Amaro (RJ)
01h15: Lia Clark (SP)
02h: DJ Anderson do Paraíso (MG)

Sábado, 2 de setembro

18h: Abertura de portões
19h: DJ Ketlen (DF)
19h30: Hate RCT (DF)
20h10: DJ Ketlen (DF)
20h40: Clara Lima (MG)
21h30: DJ V4ne MRQS (PR)
22h10: Filhos de Dona Maria convidam Toninho Geraes (DF/MG/RJ)
23h10: DJ V4ne MRQS (PR)
23h40: Deize Tigrona (RJ)
00h20: UMiranda (DF)
01h20: Slipmami (RJ)
02h: Mu540 (SP)

Serviço:
Festival Favela Sounds
Data dos shows: 1º e 2 de setembro
Local: Museu Nacional da República
Entrada franca mediante a retirada de ingressos no Sympla
Horário: a partir das 18h
Mais informações: @favelasounds

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado