Menu
Entretenimento

Escolas candangas estrelam dois episódios de série sobre educação alternativa

EC Comunidade de Aprendizagem do Paranoa? e a CED Agrourbana Ipê, do Riacho Fundo II, estrelam o quarto e o quinto episódios da série

Olavo David Neto

08/06/2021 0h20

Atualizada 07/06/2021 19h18

A segunda temporada da série documental Sementes da Educação começou no último domingo (6), mas o Distrito Federal ainda será protagonista nessa narrativa. Com tema de “Educação além dos muros”, a produção se focou em instituições que ensinam além da grade curricular e formam cidadãos, aliando a educação formal às novas necessidades de um mundo em mutação. É por essas e outras que a EC Comunidade de Aprendizagem do Paranoa? e a CED Agrourbana Ipê, do Riacho Fundo II, estrelam o quarto e o quinto episódios, respectivamente, dos 13 prontos para ir ao ar.

A ideia da produção é sair do senso comum a respeito da educação pública brasileira. Em episódios gravados antes da crise sanitária causada pelo novo coronavírus, a equipe rodou cerca de 18 mil quilômetros nas cinco regiões brasileiras.

Diretor da obra, Hygor Amorim explicou ao Jornal de Brasília que o objetivo de tanto chão era, também, “provar que as iniciativas inovadoras no ensino público não estão concentradas no sudeste brasileiro.” Ao fim e ao cabo, a série, da Oz Produtora, tornou-se um raio-x do ensino alternativo Brasil afora, e das dificuldades cotidianas enfrentadas por gestores e educadores.

“Uma constatação depois de visitar e conhecer as escolas, os professores, as famílias é de que a necessidade faz a inovação acontecer. A maior parte das escolas teve algum fato marcante, algum desafio grande, que levou a pensar em alternativas ao formato tradicional”, destacou o diretor. Para ele, grande exemplo de ensino transformador acontece às margens do Plano Piloto. Na Vila Paranoá, formada por operários que ergueram a barragem que permitiu o represamento do Lago Paranoá, cerca de 500 crianças aprendem em sintonia com as necessidades da região de residência.

Formada por um coletivo de educadores, a Comunidade de Aprendizagem do Paranoá busca uma educação “que faça sentido para os moradores.” De acordo com Amorim, foi na escola candanga que o mote da segunda temporada se fez presente. “Eles trabalham com um conceito de aprendizagem comunitária, não é o espaço físico”, explanou. “Todo o contexto da comunidade é configurado como espaço de aprendizagem. Ela é perfeita para dar o exemplo da metodologia que vai além do muro físico”, destacou. “Com muita frequência, os alunos saem a campo, descobrindo os desafios da própria comunidade em questões de saúde, por exemplo. Isso ajuda a promover a autonomia dos alunos”, celebrou o diretor.

Sem spoiler

Além da escola no Paranoá, outra instituição remetida aos primórdios da capital federal ganhou destaque na produção. A CED Agrourbano Ipê é tida como exemplo de alinhamento do ensino à sustentabilidade. Com composteira, hortas e outras ferramentas ecológicas, o espaço, gerido por Sheila Melo, fica nas redondezas do Catetinho – o “Palácio de Tábuas” erguidos para as visitas de Juscelino Kubitschek ao canteiro de obras que se transformaria em Brasília – e fica na Granja do Ipê, que, ao contrário do que se imagina, é batizada não em homenagem à árvore, mas a Israel Pinheiro, aliado de JK, presidente inaugural da Novacap e primeiro prefeito da capital.

Dentro de uma Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie), a escola alia o estudo formal, os aprendizados ambientais e a história da terceira sede da República. “Vamos enquadrando as disciplinas na questão da sustentabilidade, jogando a teoria na prática”, exaltou Mello. “Nós somos privilegiados pela localização. Esse trabalho começou em 2010, quando nos inscrevemos num projeto de escolas sustentáveis, do MEC, e botamos Brasília dentro do currículo”, explicou a diretora ao JBr. “Mostramos o que aconteceu para chegar onde estamos hoje, mostramos à comunidade o contexto no qual eles estão inseridos”, comentou.

A inserção da pauta ecológica no ensino promete, de acordo com Sheila, gerar transformações sólidas para o futuro. “A gente aborda o Meio Ambiente e aborda a valorização da vida, dentro de um espaço micro que a gente pode fazer o macro”, comentou. Rodeada por chácaras, muitas das quais são moradia dos alunos, a escola se expandiu, e o conhecimento adquirido pelos discentes nas aulas têm chegado às residências. A participação na série é tida com entusiasmo por quem faz a escola, já que as verbas que chegam não são pensadas para uma instituição com métodos diferenciados de ensino.

A diretora lamentou as dificuldades. “A verba é a mesma, não temos incremento pelo projeto. O que a gente ganha de diferente é sempre por meio de editais, concursos; ganha um ou outro e entra dinheiro. Com isso a gente inova, compra material que seja permitido por lei”, queixou-se, sem deixar de entender a realidade do ensino no país. Realidade esta que está disponível no Cinebrasil TV. No site da emissora é possível encontrar os canais nas diferentes operadoras de TV a cabo. É possível assistir à primeira temporada gratuitamente na plataforma Videocamp.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado