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Entretenimento

Elas fazem a arte acontecer no DF

O papel transformador de artistas e produtoras na cena cultural da capital federal merece e deve ser reconhecido neste 8 de março.

Mayra Dias

08/03/2024 5h00

Capa Especial - Dia Internacional da Mulher

Não é novidade que Brasília é uma enorme fonte de talentos, mas, com a chegada de mais um dia 8 de março, é crucial reiterar o compromisso de reconhecer o papel transformador de um grupo específico que tem conquistado cada vez mais espaço e impulsionado essas engrenagens: as mulheres. A ocupação artística e cultural do Distrito Federal pelo gênero feminino é notória, e elas estão presentes em todas as etapas da cadeia produtiva, usando diferentes linguagens para quebrar barreiras, influenciar pessoas, gerar reflexões e deixar sua marca na história.

Ingressando no mundo da arte pela moda, Juliana Gomes da Silva, de 35 anos, conta ao JBr que enxergou uma oportunidade em roupas não usadas. “Ocupo meu espaço transformando roupas em desuso em obras de arte. Antes de me dedicar ao Upcycling [nome dado a essa reutilização criativa], tive a marca ‘CajU’ e vestia a galera de Brasília com fantasias de carnaval com um toque mais fashion e criativo”, compartilha a artista.

Sua trajetória na profissão começou em 2015 e, desde então, tem sido marcada por inúmeras parcerias e conquistas. “Todo mundo que conheci ao longo do caminho foram importantes. Aprendi mais sobre artes plásticas e todas as possibilidades que temos dentro desse vasto e fértil campo da moda”, pontua Juliana.

Atualmente, a brasiliense assina seus projetos autorais por meio da sua marca, a “SJ”, onde ela tem trabalhado todas as suas vivências como mulher, mãe e indígena dentro de um contexto urbano, “transformando todas essas experiências em arte vestível”.

Além da “SJ”, Juliana também colabora com o projeto Flores do Cerrado, onde atua como arte educadora. “O Flores é um projeto de capacitação e acolhimento para mulheres, e a maioria delas são mães das periferias do DF”, relata. No projeto, são ensinadas técnicas de costura básica, bordado e customização, enquanto monitoras cuidam dos filhos das alunas e professoras, como é o caso da pequena Olívia, de 3 meses, filha de Juliana.

Compartilhando da mesma paixão, Gabriela Oliveira, 31, também encontrou na moda uma oportunidade . “Desde criança, sempre gostei de trabalhos manuais. Aos 9 anos, fiz um curso de bijuterias e miçangas, e foi aí que tudo começou”, relembra. Atualmente, Gabi – como gosta de ser chamada – tem sua própria marca de acessórios e um brechó.

“Nós mulheres, em regra, temos muitas demandas, principalmente domésticas e familiares. Há uma sobrecarga de tarefas, e conseguir conciliar tudo é uma corrida contra o tempo”, revela. “Carregamos o peso de sermos produtivas, o que reflete ainda a a existência de uma sociedade machista e patriarcal”, pondera Gabi.

Tais dias de “lutas e muitas lutas” também foram – e são –vivenciados por Juliana. “Quando somos mulheres nesse mundo, travamos muitas guerras até alcançarmos nossos objetivos. Como mãe, mulher, preta e indígena, a luta é ainda maior. O mercado de trabalho não nos enxerga como potência, mas como um problema”, analisa.

Para Gabi, quase todas as etapas de trabalho na moda envolvem outras mulheres, criando uma enorme corrente de força e sororidade. “Desde o armarinho, onde compro materiais para produção, até a fotógrafa que produz os editoriais da G. GALERIA, assim como as modelos e as parcerias de collabs, todas são mulheres”, pontua. “Mais de 90% do meu público é feminino”.

Apesar de trabalhar em outra área, a DJ Hanna Amim, de 33 anos, também percebe a necessidade de união entre as mulheres no contexto atual.

“O machismo ainda existe, as mulheres ainda ganham menos que os homens independentemente da função. Acho extremamente importante permanecer próxima de outras mulheres. Precisamos transcender essa ideia absurda de rivalidade feminina e criar irmandades para nos protegermos”, defende Amim.

Licenciada em música, o futuro projeto da artista é investir na carreira de cantora e, em breve, lançar seu próprio álbum. “Meu momento de brilhar chegará”, brinca Hanna.

A participação maciça das mulheres na cena cultural não se restringe apenas às apresentações. Há, ainda, mulheres como Rebeca Cristina e Eli Moura, que trabalham na produção de projetos e merecem igual destaque.

Rebeca comenta que, apesar de sua formação em psicologia, abraçou a profissão de produtora e enxergou nela um mundo de oportunidades. “Fui muito resistente em trabalhar com produção, achava que precisava de algo mais ‘estável’. Mas, nos últimos anos, com mais experiência e reconhecimento, abracei a profissão. Não foi fácil, mas conheci pessoas incríveis na minha trajetória que me deram apoio”, recorda-se a produtora.

Atualmente, ela trabalha em várias áreas da produção que ama. “Essa experiência também me proporcionou a oportunidade de me tornar Conselheira de Cultura do Plano Piloto”, destaca.

Eli, por sua vez, iniciou no ramo enquanto cursava artes cênicas e se viu produzindo peças na faculdade. “Fui chamada para produzir uma banda e, por causa disso, investi na carreira”.

A produtora sempre esteve ligada às artes. “Estudei Music Business em Los Angeles e voltei ao Brasil para trabalhar em festivais e eventos de música”, lembra. Eli ressalta que sua maior realização até o momento é ter 90% de todo o seu trabalho até aqui esteve focado em ações sociais.

“Só prevaleceremos se conseguirmos nos unir. Quando nos unimos, partilhamos a dor e a identidade, e nos tornamos uma representação para que mais mulheres ingressem no mercado. Feliz Dia da Mulher”, conclui Eli.

 

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