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Dêhh lança a mixtape “Dreaming of Beats”

No EP, Dêhh deixa o R&B um pouco de lado para lançar sons com pegada meio trap, meio funk. Saiba mais sobre o rapper, que é natural de Sobradinho II-DF

Willian Matos

12/12/2020 10h23

Capa do EP Dreaming of Beats. Arte: Tobbs

Daniel Lacerda, de nome artístico Dêhh, é prova que o Distrito Federal é cheio de talentos. Orgulhosamente nascido e criado em Sobradinho II-DF, o rapper de 21 anos lançou nesta sexta-feira (11) a mixtape Dreaming of Beats. São quatro faixas, que fogem um pouco da pegada R&B dos trabalhos anteriores.

“Desculpa aos meus fãs que curtiam R&B. É porque falar de amor às vezes cansa”, justifica Dêhh, na faixa “Sifudêhh”, a última da mixtape. O novo trampo tem cinco faixas, 14 minutos e nenhuma participação.

Dêhh explica que saiu um pouco do R&B neste novo trabalho porque sentia que o gênero não vinha trazendo o retorno esperado. Pensando nisso e buscando referências, o artista começou a ouvir o beatmaker Sángo, conhecido por misturar funk com trap. “A arte dele mudou minha vida”, agradece. “Eu pensei: ‘vou fazer uma mixtape e vou soltar trap, só que eu vou ser original. Não vou soltar um trap que as pessoas vão associar a algo gringo. Vou soltar um trap que a rapaziada vai falar ‘mano, isso é um trap brasileiro'”, comenta o artista, ao Jornal de Brasília.

A prova de que Dêhh buscou referências brasileiras tá na primeira faixa do EP: “Bom Dia é o Caralho” é uma releitura de um áudio de um torcedor do Flamengo, gravado em 2017 e que rola  até hoje nas redes. “É a música que tem mais referências negras”, conta. “Eu falo do Ronaldinho Gaúcho, falo do Killer B, falo do Miles Morales, que é o homem-aranha negro…” Ouça:

 

“Hello Kitty vs Pucca”, a segunda faixa, é uma junção de duas músicas que Dêhh pretendia lançar uma por uma. “Tive a ideia de juntá-las porque elas se parecem muito”. O rapper confessa que a música é um pouco mais genérica e experimental, que não tem a ver com o estilo dele. “Eu vou cantar feio e as pessoas vão escutar. Essa é a estética da música.”

A terceira faixa, “Opala”, tava na gaveta há mais de um ano. Dêhh comenta que não pretendia lançar, mas foi convencido pelos amigos que ouviram a faixa antes de ser lançada. “No som, eu falo mais da vivência aqui da minha quebrada. Eu não curto muito carro, mas sou apaixonado por carro antigo. E eu moro em Sobradinho II, e aqui tem uma galera que vai pra praça escutar rap. E, mano, só os carrão antigo, tipo Chevette, Opala…”

“Sábios Usam Juliet” é uma das faixas mais importantes do EP porque fala justamente em misturar trap com funk, como dito no início do texto. “Na música, eu falo que sábios misturam trap com funk por causa do Sángo, ele me mostrou isso”. O som também mostra como brancos tentam, desde sempre, interferir na arte criada e feita por negros.

“‘Você até que é talentoso mas não pode cantar trap’: quem me falou foi um branquelo com a cara de nerd.”

A última música, “Sifudêhh”, talvez seja a que mais traga informação. Começando pelo nome da faixa, que, ao mesmo tempo que traz o palavrão, cita o nome do artista. Ao dar o play, você vai ouvir um papo reto aos artistas independentes, aos brancos, à galera da periferia e do Entorno do DF…

“Eu vejo artista independente fazendo diss pra outro artista independente. É tipo cê socar seu próprio olho e depois quebrar seu próprio dente, ninguém entende.”

“Eu cito também uma coisa que eu acho que a rapaziada tem que aprender: a gente não é de Brasília, a gente é do DF. Sou de Sobradinho II, mano, eu não sou de Brasília. Tenho que valorizar o Entorno, os artistas da minha quebrada. Então, se você é de Santa Maria, por exemplo, você tem que falar: ‘Eu sou de Santa Maria-DF’, e não de Brasília.”

“Antes de tudo eu sou músico. Se eu quiser lançar um pagode, um samba, um funk, um trap, eu vou. Não quero me prender em estilos musicais”. Foto: Divulgação

Mais sobre o Dêhh

“Dreaming of Beats” é o trampo mais recente. Antes dele, em maio deste ano, Dêhh lançou o álbum “Não Te Trouxe Flores, Te Trouxe Funk“, com sete músicas, na pegada R&B. Quem bate o olho, consegue identificar uma característica marcante do jovem: Dêhh é — muito — pagodeiro.

“Meu gênero mais ouvido é pagode”, revela. Péricles, Pixote, Menos é Mais, Diney e Alcione são alguns dos vários artistas de samba que o rapper ouve diariamente.

O primeiro contato com o rap veio em 2013, dias após o falecimento da mãe. No rap, Dêhh viu uma forma de se expressar, desabafar. “O bagulho do rap comigo é muito simbólico.”

Quanto às referências musicais, Dêhh considera os próprios amigos a maior base. Dentre os caras já famosos, o rapper cita Froid, artista do mesmo gênero e que também é de Sobradinho-DF. Ele também não deixa de citar os trabalhos visuais e de dança. “Gosto muito dessa vibe de desenho, de valorizar o trampo de artistas visuais, e dessa estética de dança. Sempre que eu puder gravar um clipe, vou colocar um dançarino.”

Ouça “Dreaming of Beats” e outras faixas de Dêhh no YouTube!

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