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Cinema

‘Filha do Rei do Pântano’, com Daisy Ridley, sofre com diretor medíocre

Ridley não é má atriz mas não é capaz de fazer milagres com um roteiro didático e aleatório

Redação Jornal de Brasília

02/10/2023 19h10

Foto: Divulgação

Ieda Marcondes
São Paulo – SP

Desde o catastrófico “Star Wars: A Ascensão Skywalker”, quando encarnou a heroína Rey pela última vez, a atriz britânica Daisy Ridley não emplacou outro sucesso. Até a ficção científica “Mundo em Caos”, também protagonizada por Tom Holland, foi um fracasso de bilheteria. Seu mais novo suspense, “A Filha do Rei do Pântano”, não deve dar fim à maré de azar.

Baseado no romance de Karen Dionne, “A Filha do Rei do Pântano” conta a história de Helena, uma menina de dez anos que vive no meio da floresta com os pais -os atores Caren Pistorius e Ben Mendelsohn nos papéis de Beth e Jacob. Helena gosta de acompanhar o pai para aprender a caçar e, dependendo do seu progresso, ganha uma tatuagem comemorativa.

Sem eletricidade, é difícil saber em que ano estamos, até o dia em que um desconhecido surge na cabana da família com um quadriciclo e um telefone celular. Desesperada, Beth agarra a filha e foge com o veículo. Já na delegacia de polícia, a menina descobre que Jacob havia sequestrado Beth 12 anos atrás e que seu doce lar era, na verdade, um cativeiro.

Já em idade adulta, e agora interpretada por Ridley, Helena disfarça as tatuagens e tenta levar uma vida normal ao lado do marido e da filha, que desconhecem o seu passado traumático. Jacob, no entanto, consegue escapar da prisão e, mesmo depois dos anos em que passou encarcerado, ainda não desistiu da ideia de viver com Helena bem longe da sociedade.

Há aspectos interessantes na premissa que o filme não explora a fundo, como o choque de uma menina que cresceu na natureza se deparando com a civilização pela primeira vez. Após o salto temporal, vemos Helena trabalhando em um escritório, preenchendo planilhas no computador –é possível que ela sinta falta de seu cativeiro?

A ambivalência de Helena com relação à infância e ao próprio pai são temas intrigantes, mas o diretor não sabe muito bem o que fazer com eles, porque é difícil encarar Jacob como algo além de um monstro. Ademais, sua relação com o marido e a filha não é elaborada o suficiente para sentirmos a urgência que ela tem em proteger a nova família.

Dirigido por Neil Burger, da distopia “Divergente” e da desnecessária refilmagem da comédia “Intocáveis” com Bryan Cranston e Kevin Hart, “A Filha do Rei do Pântano” lembra suspenses dos anos 1990 como “Dormindo com o Inimigo”, estrelado por Julia Roberts, mas sofre com a falta de personalidade de um diretor medíocre.

Apesar da fase ruim, Ridley não é má atriz, mas não é cativante como Roberts, nem capaz de fazer milagres com um roteiro didático e bastante prejudicado pela enorme burrice da personagem, que se põe em perigo à toa e que, de forma quase aleatória, acaba ferindo quem não tem nada a ver com a história.

O roteiro leva a assinatura de Mark L. Smith e Elle Smith -Elle é estreante, mas Mark já trabalhou em produções como “O Regresso”, que deu o Oscar de melhor diretor para o mexicano Alejandro González Iñarritu e de melhor ator para Leonardo DiCaprio. É inadmissível que cada intenção de Helena tenha de ser verbalizada e explicada repetidas vezes.

Deturpando nomes utilizados por indígenas da América do Norte, Jacob chama Helena de “Pequena Sombra”, um apelido condescendente que atrela a existência da filha à sua presença. Ao assistir a “A Filha do Rei do Pântano”, é difícil não sentir o mesmo tipo de condescendência dos realizadores para com o espectador.

A FILHA DO REI DO PÂNTANO
Onde: Nos cinemas
Classificação: 14 anos
Elenco: Daisy Ridley, Ben Mendelsohn, Garrett Hedlund
Produção: EUA, 2023
Direção: Neil Burger
Avaliação: Regular

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