Menu
Cinema

“A Vida pela Frente” explora temas de drogas e saúde mental, transitando entre “Malhação” e “Euphoria”

Após uma gestação de aproximadamente uma década, o projeto finalmente chega ao público em um momento propício

Redação Jornal de Brasília

22/06/2023 11h31

Foto: Reprodução

“A Vida pela Frente” retrata a adolescência dos anos 1990 com intensidade e realismo, chegando ao Globoplay esta semana. Diferente da afetação de “Euphoria”, a série brasileira é fundamentada na realidade, tendo sido inspirada pelas experiências e vivências das criadoras Leandra Leal, Rita Toledo e Carol Benjamin durante a juventude.

Após uma gestação de aproximadamente uma década, o projeto finalmente chega ao público em um momento propício, com alta demanda por conteúdo original nos serviços de streaming, interesse pela cultura dos anos 90 e a retomada das produções após a pandemia. A espera foi benéfica para amadurecer a ideia e o desenvolvimento pessoal das criadoras, como destaca Leandra, que agora assume a função de diretora ao lado de Bruno Safadi.

A série acompanha um grupo de seis adolescentes às vésperas do bug do milênio. Liz, uma estudante do ensino médio, muda-se para uma escola de elite no Rio de Janeiro, onde é acolhida por um grupo de amigos bastante diverso, porém unido. É com Beta e Cadé que ela estabelece uma relação mais próxima. Os três vivem uma amizade intensa até que uma tragédia atinge o sexteto. A trama utiliza uma narrativa não linear, intercalando passado e presente, e aborda temas como sexualidade, uso de drogas, saúde mental, luto e responsabilidade afetiva.

Embora esses temas possam lembrar “Euphoria”, “A Vida pela Frente” se diferencia ao apresentar uma realidade mais próxima, sem exageros fantasiosos. Esses temas também têm sido explorados em diversas séries adolescentes que dominaram o streaming nos últimos anos, como “Elite” com sua atmosfera de investigação policial e “Eu Nunca” com seus grupos e relacionamentos típicos dessa fase. Além disso, é impossível mencionar adolescência no Brasil sem lembrar de “Malhação”, e a série também se destaca ao combinar um elenco jovem desconhecido com atores veteranos, incluindo Leandra e sua mãe Ângela Leal, conhecida por novelas como a primeira versão de “Pantanal”, além de Rodrigo Pandolfo e Ângelo Antônio.

Embora essas referências não tenham sido diretas, Leandra encontrou no luto pela morte precoce de seu pai o espaço necessário para discutir essa temática durante a juventude. Gravações em fitas VHS de sua própria vida e de outros membros da equipe também serviram de inspiração, e os episódios são intercalados com cenas que resgatam a estética dos anos 90.

Leandra observa com otimismo o impacto crescente que esses temas complexos e a experiência da adolescência, muitas vezes negligenciada, têm conquistado no mundo do entretenimento. Ela ressalta a necessidade de abordá-los com cautela, citando “13 Reasons Why” como um exemplo de abordagem inadequada da saúde mental, uma espécie de “não-exemplo”.

“São assuntos extremamente desafiadores, mas que merecem ser explorados. Ainda são cercados por tabus ou tratados de maneira equivocada pela indústria audiovisual, por isso é crucial adotar uma abordagem empática e responsável”, afirma Leandra. Ela destaca que houve uma atenção especial para ouvir e compreender a perspectiva do elenco jovem, que havia acabado de passar pela fase da adolescência.

Durante todo o processo, desde a pré-produção até a pós-produção, a equipe contou com a presença de uma psicanalista, garantindo que fosse conduzido de forma cuidadosa e sensível. Mesmo com a intensidade e seriedade da trama, Leandra enfatiza que o processo foi leve, permitindo que todos os envolvidos se sentissem apoiados e compreendidos.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado