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Celebridades

‘Quem via as dores da minha mãe era eu’, diz filha única de Beth Carvalho

A cantora, que morreu em abril de 2019 de infecção generalizada (sepse), era otimista por natureza e acreditava na própria recuperação

FolhaPress

02/02/2023 14h00

Foto: Reprodução

Ricardo Pedro Cruz
São Paulo – SP

Beth Carvalho fez uma das últimas aparições públicas em setembro de 2018, quando se apresentou deitada em um divã com o grupo Fundo de Quintal. À época, apesar da aparência debilitada, a artista não abria mão do bom humor.

“Pedi para a produção trazer esse ‘chaise longue’ para eu deitar. Afinal de contas, se tem ‘Na Cama com Madonna’, tem ‘Na Cama com Beth Carvalho'”, disse ela ao público, durante o show em São Paulo.

A cantora, que morreu em abril de 2019 de infecção generalizada (sepse), era otimista por natureza e acreditava na própria recuperação. As angústias e as dificuldades, porém, ficavam visíveis a quem a conhecia na intimidade.

“Quem via as dores da minha mãe era eu. E eu diria que as enfermeiras. A maneira como ela lidava era minimizando tudo. Preferindo a alegria sempre, em acreditar que ela ficaria boa. Indo para a Avenida [Sambódromo do Rio de Janeiro], mesmo com o médico dizendo não”, conta a filha de Beth, a produtora Luana Carvalho, a Splash.

As lembranças da mulher que entrou para a história como a grande madrinha do samba estão no documentário “Andança – Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho”, que estreou hoje. O projeto traz registros inéditos da artista e dos afilhados, muitos deles feitos pela própria cantora.

“Eu achei maravilhosa a escolha do recorte [do documentário]. Queríamos que a força fosse explorada, e não as fraquezas. Teve muita luta, claro. Não foi fácil. Ela fez um movimento de mulher solteira, mãe, no meio de homens machistas. Ela era uma mulher muito libertária. Ela cantou deitada”, completa a filha da artista.

Confira o que Luana falou durante a entrevista:

O documentário. “Foi muito emocionante. A primeira vez que eu assisti eu fiquei em choque. É tudo muito dentro da minha vida, é muito a minha intimidade. Eu acabei mostrando para várias pessoas, de vários olhares, e todas diziam que haviam se emocionado. Foi o impacto da intimidade.”

Emoção. “Nos últimos anos, enquanto todo mundo estava cuidando da artista, eu estava cuidando da minha mãe. Foi muito forte rever tudo aquilo. Reafirmar a importância dela. No recorte, é ela que está contando tudo. Já vi umas dez vezes e todas as vezes eu choro, toda vez me pega em um lugar diferente.”

Memória. “Eu tenho certeza do quanto ela estaria feliz de ver um filme que contasse esse lado que ela tinha, de registrar. Dessa importância que ela dava à memória. Ela não foi nada ingênua. Ela sabia que estava vivendo uma revolução”.

Mãe artista. “Tomar conhecimento da dimensão da minha mãe famosa foi muito rápido. Eu tinha 16 anos e percebi que eu era fã da minha mãe. Fã como plateia. E quando eu percebi que era fã, eu também percebi que eu sabia tudo sobre ela.”

Anos 1990. “Foi uma época muito difícil para ela e outros artistas por causa do surgimento de algumas bandas, que muitos chamam de pagode dos anos 90. Que eu particularmente amo. Mas foi uma fase muito difícil, eles tomaram todos os palcos. Então eu me descobri fã da minha mãe numa fase em que ela estava passando por muitas dificuldades. Foi um contraste e, de repente, parte do Brasil estava meio esquecido”.

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