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Entretenimento

“As lives estão me dando mais liberdade”

Bhaskar, que é filho de DJs e irmão do consagrado Alok, conversou com o Jornal de Brasília sobre a pandemia, sua carreira e seus novos projetos

Redação Jornal de Brasília

04/06/2020 5h47

O DJ e produtor brasiliense Bhaskar fará no próximo sábado (6), a partir das 17h, uma live muito especial, principalmente para os fãs aqui de Brasília. A live será transmitida pelo canal de YouTube do artista e contará com a participação de uma das maiores duplas eletrônicas brasileiras — os irmãos Dubdogz — para um inédito B2B. Bhaskar, que é filho de DJs e irmão do consagrado Alok, conversou com o Jornal de Brasília sobre a pandemia, sua carreira e seus novos projetos.

Como a quarentena tem afetado sua vida pessoal e carreira?

Realmente foi um baque, não estávamos preparados para tudo o que veio. A pandemia foi de 0 a cem em questão de uma semana e ninguém teve muito tempo para digerir. Por outro lado, me dei conta que é um tempo para novas oportunidades, para sairmos da zona de conforto, para sermos mais criativos e é a isso que eu tenho me dedicado. Tenho trabalhando muito na produção de músicas novas, uma vez que o consumo da música tem aumentado bastante e, junto com o time, estamos sempre buscando novas formas de estar em contato com o público.

Pessoalmente, tenho aproveitado para estar mais tempo junto a minha família, com meu filho, que vai fazer 1 aninho agora. Então, nesse ponto, acho que saí ganhando em meio a tudo isso.

O mercado do entretenimento sofre com a pandemia. Como está a saudade do público?

Nas primeiras semanas, foi muito difícil para me acostumar! Além de sentir falta da vibe do público, de estar junto com as pessoas, o simples fato de viajar, que era algo tão comum, também começou a fazer falta. Mas vejo que estamos nos resguardando por uma causa tão maior que todos estão entendendo que é uma pausa obrigatória que todos temos que ter. Já caiu a ficha de que vamos viver esse tempo separados mas, já, já, vamos voltar a nos ver. Então, já estamos todos acostumados.

Qual é a sua relação com Brasília?

Eu me considero brasiliense, apesar de ter nascido em Goiânia, me sinto criado aqui e morei a maior parte da minha vida aqui. Hoje eu moro aqui, tenho uma conexão enorme com esta cidade e é aqui que eu chamo de lar. Apesar de viajar muito, Brasília é o lugar onde meu coração está! Nossa cidade tem uma sensibilidade diferente para o meio artístico. Além de já terem vários artistas que saíram daqui, o público de Brasília é muito cabeça aberta, muito eclético. Não é fechado só para um gênero musical. Isso traz um avanço cultural muito grande para a cena cultural da cidade. Eu sou muito grato por estar construindo minha carreira aqui.

Eu sempre digo que DJ tem que ser desapegado, porque pode ser que surjam oportunidades muito boas em outras cidades, mas até a vida me levar para algo assim, eu não saio daqui não.

Como Brasília te inspira? De onde tira sua inspiração?

Minha inspiração vem muito pelo que eu estou vivendo no momento. Então, nesta fase, eu tenho procurado fazer músicas menos festa e mais para as pessoas escutarem em situações que não seja em festa. Esse tem sido meu desafio do momento. Até produzo faixas para as pistas mas, sem muita pretensão. O fato de eu morar em Brasília já me traz inspiração e até uma certa responsabilidade. Eu vejo o tanto que a galera daqui me abraça e eu quero representar bem o povo brasiliense.

Você vem de uma família de DJs — mas, se não fosse DJ, o que você seria?

Muita gente pensa que, pelo fato de os meus pais serem DJs, haveria algum tipo de pressão mas, pelo contrário, eles sempre foram muito tranquilos, não falavam nada para mim e meu irmão. Tanto que comecei tocando guitarra, antes mesmo de pensar em ser DJ. Adorava música, mas em outros aspectos e eles nunca puxaram para o lado do DJ. Tanto que, dos 12 aos 16 anos, o Alok e eu fazíamos isso como um hobby, tocávamos uma vez a cada dois meses, era bem tranquilo. Nossos pais nos incentivavam a ir para a escola e fazer vestibular.

Quando estávamos com 16 para 17 anos e criamos um projeto autoral e a coisa começou a virar, nossos pais perceberam que era hora de dar uma ajuda. E foi muito legal ter o apoio deles e um prazer estar em uma família de músicos.

O que eu seria se não fosse DJ? Cheguei a prestar vestibular para cinema, no caso era para publicidade audiovisual, mas, como não passei e eu já queria morar fora do país, já fui viajar e não teve mais outro caminho. Meu avô era cineasta e a arte sempre esteve em minha vida. Ou seja, de qualquer forma, estaria no meio artístico.

De onde vem a motivação para fazer as lives, já que não conta com o público?

As lives têm me feito reinventar como artista em vários pontos. O primeiro deles é o fato de eu tocar normalmente, todo final de semana. Eu ia uma vez a cada três, quatro ou seis meses em cada cidade; quando eu voltava, já tinha muita música diferente para apresentar. Na live não tem mais a questão de território, então você tem sempre que se reinventar. E eu tenho sempre que pensar e produzir material novo para cada set e não um show para três meses de duração.

Outra questão é que está sendo uma forma diferente de me conectar com o público, de mostrar músicas além do que eles estavam acostumados a conhecer. Quando você é contratado para uma festa, existe uma certa obrigação de fazer a pista bombar, explodir e fica um pouco refém de tocar músicas conhecidas e agora, com as lives, é um pouco diferente, a galera está valorizando mais o som do que as músicas conhecidas. Isso está me dando muito mais liberdade para tocar músicas novas, tocar o que eu tenho de novidade e estou planejando coisas muito legais. Com isso, estou muito feliz em poder colocar muito mais minha identidade.

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