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Economia

Queda de braço entre supermercados e indústrias suspende compra de leite em caixinha

No início da semana passada, a queixa de aumento abusivo do preço do leite e derivados foi parar no Ministério da Justiça

Redação Jornal de Brasília

31/03/2020 8h27

As negociações entre supermercados e indústrias de leite em caixinha estão suspensas há cerca de duas semanas, por causa de aumentos de preços, segundo o diretor de Relações de Mercado da Associação Paulista de Supermercado, Omar Assaf. “Todo o setor de leite UHT suspendeu venda nos últimos 15 dias e não tirou pedidos por causa de um reajuste de 50% nos preços. É uma queda de braço entre supermercados e indústrias”, diz. A reportagem também conversou com redes de supermercados, que confirmaram, sob a condição de anonimato, que deixaram de comprar o produto e estão trabalhando com os estoques remanescentes.

No início da semana passada, a queixa de aumento abusivo do preço do leite e derivados foi parar no Ministério da Justiça, em denúncia formal enviada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). Segundo o comunicado da entidade, o setor “não compactua com elevação injustificada de preços, principalmente num período de fragilidade da população no que se refere à saúde pública”.

Assaf diz que a indústria de leite e derivados justifica os aumentos, argumentando defasagem de custo, demanda forte e que está no início do período de entressafra, quando os pastos ficam secos e a produção de leite diminui. O dirigente do setor de supermercados lembra que as fortes chuvas que ocorreram recentemente deixaram os pastos em boas condições de produção. Ele admite que existe uma defasagem de custos, mas ressalta que os reajustes de preços são exagerados.

Apesar da suspensão nas compras, Assaf não acredita que vá faltar leite e queijos. Isso porque o estoque na indústria tem prazo de validade e uma hora será necessário vendê-lo para não perder produto. No caso de queijos, alguns dos maiores consumidores são bares, restaurantes e lanchonetes que, por estarem proibidos de funcionar, deverão comprar menos esses produtos. Esse, segundo ele, será outro fator que deverá forçar a retomada das negociações entre varejo e indústria.

Procurada, a Associação Brasileira de Leite Longa Vida não respondeu o questionamento da reportagem até a publicação deste texto.

Farinha de trigo

A indústria de farinha de trigo, produto básico da cadeia alimentar, é outra que alerta para dificuldade de abastecimento. Mas, neste caso, o risco de falta de produto não decorre de desentendimentos entre varejo e indústria, mas do fluxo da cadeia logística para escoar a produção de farinha.

Segundo comunicado da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), “diante da descoordenação entre ações federais, estaduais e municipais, o fornecimento normal das farinhas está sendo prejudicado em alguns Estados pela dificuldade de liberação do fluxo das mercadorias, ameaçando o desabastecimento em algumas regiões”.

De acordo com a entidade, em alguns Estados, de 30% a 35% do volume de farinha não estão sendo entregues por causa do fechamento de fronteiras estaduais e da falta de serviços básicos de apoio nas estradas aos caminhoneiros, como alimentação e borracharia, por exemplo.

Estadão Conteúdo

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