Menu
Economia

Economia é o grande desafio do ano que começa

Ampliação dos avanços ainda tímidos em 2019 poderão ser o grande trunfo do governo federal

Marcus Eduardo Pereira

01/01/2020 5h03

Atualizada 31/12/2019 20h42

O governo brasileiro terá desafios importantes para 2020. O presidente Jair Bolsonaro rifou o partido pelo qual se elegeu, o PSL, e criou um novo, o Aliança pelo Brasil, que talvez não esteja apto a disputar as eleições municipais deste ano. As disputas com ex-aliados e com outros poderes, especialmente o Legislativo, deverão se repetir. E os adversários do presidente movimentam-se para tentar derrotá-lo.
Para enfrentar tudo isso, o grande trunfo do governo, conforme apontam especialistas ouvidos pelo Jornal de Brasília, parece estar na economia, caso os sinais ainda tímidos de recuperação em 2019 se ampliem em 2020.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1% no acumulado do ano até setembro, em relação ao mesmo período de 2018. Na opinião do dono da Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, essa pequena evolução ainda não é algo percebido pela maioria da população.

“A gente fez pesquisas no final do ano que mostram que, no bolso da população, nada mudou. Mas o brasileiro está otimista, porque o governo está vendendo bem os índices. O episódio da carne e da gasolina (com aumentos) foi ruim porque as pessoas viajam e fazem festas. Isso é uma coisa que impactou para o presidente Jair Bolsonaro. Se o bolso do brasileiro em junho estiver positivo, melhora a imagem política do governo”, analisa.

Agropecuária
O cenário de recuperação gradual no terceiro trimestre do ano se evidencia na agropecuária, setor que obteve o maior destaque no país, com avanço de 1,3%. Em seguida, vem a indústria com 0,8%, e depois, o setor de serviços com crescimento de 0,4% de crescimento. No terceiro trimestre de ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,6% frente ao três meses anteriores, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Hidalgo destaca que o principal assunto para este ano será se a economia brasileira terá números relevantes ou não. “A grande pauta para 2020 é a economia, se o Brasil cresce ou não cresce. O que vendem é que o Brasil não vai deslanchar. É o ano do ministro da Economia, Paulo Guedes, em evidência positiva ou negativa. A esperança é grande até de não eleitores do governo”, opina.

Geração de emprego
Ainda segundo o IBGE, o desemprego, que atinge 12,4 milhões de pessoas, caiu para 11,6% no trimestre de agosto a outubro de 2019. Por outro lado, a taxa de informalidade segue com recuperação gradual, o que representa 41,2% da população, no mesmo período citado acima.

Em cima dessa situação, o cientista político, André César, da Hold Assessoria, elenca algumas questões significativas para este ano. “Geração de emprego, crescimento do PIB, desenvolvimento como um todo. A partir disso, as coisas acontecem”, pontua.

Agência eleva projeções

No início do mês de dezembro de 2019, a agência de avaliação de risco Fitch Ratings elevou suas projeções para o crescimento da economia brasileira em 2019 e 2020.
A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) este ano saiu de 0,8% para 1,1%. Já a previsão para o ano seguinte foi elevada em 0,2 ponto percentual, para 2,2%.
Em relatório, a agência de classificação de risco aponta que as alterações foram feitas devido ao resultado melhor que o esperado do PIB do terceiro trimestre, que cresceu 0,6% em relação aos três meses anteriores.

As revisões do IBGE nos resultados anteriores do PIB também influenciaram a decisão, acrescentou a Fitch.

Saques do FGTS

A agência apontou algumas ações do governo para definir a sua avaliação.
O crescimento do crédito à pessoa física e a liberação de saques do FGTS ajudaram o consumo das famílias, enquanto os investimentos tiveram expansão puxada pela construção civil e pela produção de bens de capital.

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O aumento da produção de petróleo ajudou o crescimento, compensando parte do desempenho fraco da indústria de transformação. Esse último setor teve efeito negativo sobre o PIB de julho a setembro, observou a agência de risco.

Alívio no preço da carne

O preço da carne, que tanto apavorou o consumidor nas compras antes do Natal, deve dar um alívio no início de 2020.

Quem tiver tempo e paciência para pesquisar já pode encontrar preços mais simpáticos.
Supermercados estão com promoções em cortes como contrafilé, picanha e alcatra, e açougues não descartam preços menores a partir da próxima semana.

Ronaldo dos Santos, presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados), diz que está havendo uma acomodação na demanda, mas recomenda expectativas baixas quanto a queda nos preços.

De agosto a novembro, a arroba do boi chegou a subir 50% – na esteira da demanda chinesa gerada pela crise causada pela peste suína no país-, empurrando essa alta para o consumidor.
“O tranco desse aumento foi muito grande”, afirma Santos.

O último IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que mede a inflação na capital paulista, por exemplo, apontou alta média de 21,13% nas carnes.
O índice considera o período de 30 dias encerrados no final da primeira quinzena de dezembro em relação aos 30 dias imediatamente anteriores.

Foto: Vanessa Lippelt/Jornal de Brasília

Nove dos dez produtos e serviços com maior alta no IPC são cortes de carne bovina. A maior variação, de 24%, é da fraldinha. A picanha subiu 23,3% e o contrafilé, 23,3%.
Essa escalada dos preços forçou uma redução no consumo de carne que chegou a 30%, segundo o dirigente da Apas.

Na sexta-feira (27), a arroba do boi gordo ficou abaixo de R$ 200 pela primeira vez desde 14 de novembro, fechando a R$ 198,85, segundo o indicador Esalq/B3 -queda de 14,5%. O pico foi em 29 de novembro: R$ 231,35. O início de 2020, entretanto, deve ser de acomodação.

Saiba mais

O presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do DF (Sebrae-DF), Valdir Oliveira, enfatiza uma área que pode injetar grandes investimentos na economia do Brasil.
“Nós temos um estoque de desempregados muito grande. A economia começa a pedalar agora, mas temos que resolver o problema de estoque. E só vamos resolvê-lo com um tiro de canhão, um gatilho muito forte para impulsionar a economia. E esse gatilho, na minha opinião, é obra pública na construção civil. Acredito que vai ser um ano melhor que 2019. Se a construção civil voltar, o emprego volta”, aposta o presidente do Sebrae-DF.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado