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Economia

E-commerce tem lucro de 56%

Estilo de venda alavancou faturamento de produtos de beleza, móveis e eletroeletrônicos

Pedro Marra

06/07/2020 6h15

Vender pela internet tem sido uma boa saída durante a pandemia do novo coronavírus. Um estudo feito pelo Movimento Compre&Confie em parceria com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) evidencia essa realidade, tendo em vista que esse estilo de comercialização gerou faturamento de 56,8% a mais nos cinco primeiros meses de 2020 em comparação com igual período do ano passado.

Apesar da queda no valor do tíquete médio – de R$ 420,78 para R$ 398,03 –, o aumento do faturamento foi possível porque houve crescimento de 65,7% no número de pedidos, de 63,4 bilhões para 105,06 bilhões. As três categorias que registraram as maiores variações de crescimento foram Beleza e Perfumaria, que apurou alta de 107,4%, com faturamento de R$ 2,11 bilhões no período; Móveis, com alta de 94,4% e faturamento de R$ 2,51 bilhões; e Eletroportáteis, com 85,7% e faturamento de R$ 1,02 bilhão.

Nova realidade

Dona do Mundo Pluto, loja de móveis para pets, Márcia Mendonça, 34 anos, é uma das microempresárias que aproveitou o isolamento social para fortalecer as vendas pelo e-commerce.

Desde 2017 à frente do negócio, ela reconhece que teve facilidade para utilizar essa plataforma de vendas pois é formada em marketing com especialização em gestão empreendedora de negócios.

“Acredito que as minhas experiências profissionais tem ajudado bastante e msm assim sempre busco mais conhecimento quando tenho alguma dificuldade. Em Brasília temos um público com mais conhecimento, então muitos se adaptaram facilmente às vendas online. E a venda online é uma realidade já. Quem não usava teve que aprender e pelo jeito gostaram, então digo que boa parte vai permanecer com esse hábito”, opina Márcia.

Segundo ela, os produtos que mais têm saído são arranhadores, circuitos de parede e banheiros (um móvel para colocar a caixa de areia dentro). “Com a convivência mais próxima e diária com os pets, os donos têm percebido mais as necessidades dos bichinhos e estão investindo no bem estar deles. Também tem o fator da troca de investimento. Antes gastava-se com muitos outros produtos que no isolamento não são necessários. Com isso, sobra uma verba para cuidar do membro pet da família.

“Márcia detalha ainda as estratégias que tem adotado para atrair clientes. “Temos investido em post patrocinado. Fizemos parceria com Cat Influencer, promoção e criamos uma seção “Qual a boa da semana?”, onde destacamos um produto com desconto semanalmente, assim podemos dar vazão aos que ficam mais parados”, conta.

Na opinião do Rodrigo Bandeira, vice-presidente da ABComm, os empresários que não souberem se especializar no e-commerce terão dificuldade durante e após a pandemia. “A capacitação faz muita diferença sim. Mas tem a questão cultural do negócio, pois temos o micro e o pequeno empreendedor que nunca se especializaram. Isso mostra que são bons consumidores, mas não são bons vendedores. Pedimos comida pelo delivery, por exemplo. Então somos praticantes do consumo, mas não tão engajados em empreender”.

Na pandemia, começou o delivery

Outra microempresária que não quis ficar para trás neste período é Adriana Ribeiro, 41 anos, dona da Afro & Cia Ponto Chic, inaugurada em 2005 no Riacho Fundo I.

Além do salão com 24 funcionários, voltado para cabelos afros, ela vende produtos para fios cacheados, que renderam lucro de 30% ao negócio dela.

“A gente não tinha trabalho de delivery e vendia só na loja física. Acredito que é uma grande ajuda no momento de pandemia, mas uma comodidade a mais para nossos clientes que estão cada dia mais conectados com a internet e não desgrudam do celular em tempo algum”, brinca.

“O e-commerce é o futuro, quem não estiver lá, não estará no mercado. Por isso tenho uma equipe que tem capacitação para essa área. É um mercado novo que assusta inicialmente, mas a pandemia ajudou muitos empreendedores a entender a necessidade”, alerta Adriana.

André Dias, diretor executivo do Compre&Confie, afirma que a mudança de comportamento do consumidor ao passar a comprar mais na internet deve permanecer mesmo com o fim da pandemia. Uma nova realidade que veio para ficar.

Saiba Mais 

Entre as regiões do país, a Centro-Oeste teve alta de 47,1% e participação de 6,6% no faturamento deste ano.

Em primeiro, está o Nordeste, com alta de 60,9% sobre o desempenho de 2019. A região respondeu por 15,3% da receita no período de janeiro a maio de 2020.

Numa projeção futura, o vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista-DF), Sebastião Abritta, considera uma tendência nas vendas por e-commerce, ainda mais durante a pandemia.

“Com esse isolamento social mudou um pouco o tipo de consumo no comércio de Brasília”, comenta Abritta. “Se vendeu muito equipamento para exercícios em casa, em função do fechamento das academias, por exemplo”.

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