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Brasília

Preso suspeito de envolvimento na morte de jovem na Rodoviária do Plano Piloto

Arquivo Geral

17/01/2019 9h59

Milton Junio, assassinado na Rodoviária do Plano Piloto. Foto: Reprodução/Facebook

A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu, por volta das 17h dessa quarta-feira (16), no Setor Bancário Sul, um suspeito de envolvimento na morte do estudante Milton Junio Rodrigues de Souza. Trata-se de um artesão e morador de rua de 34 anos. Um adolescente também estaria envolvido no crime e segue foragido. O jovem de 19 anos foi morto durante assalto na madrugada de terça-feira (15), na plataforma B do terminal rodoviário.

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Milton estudava o quinto semestre de ciências políticas na Universidade de Brasília (UnB) e voltava de uma festa na companhia de mais dois amigos. Na Rodoviária, discutiram com um menor de idade em situação de rua por conta de um isqueiro. Revoltado, o adolescente desferiu as facadas e roubou os pertences do jovem. Ele chegou a ser socorrido pelos bombeiros, mas não resistiu.

Sepultamento

Milton foi sepultado na tarde dessa quarta sob forte comoção. A fatalidade deixou amigos e familiares sem palavras. Todo o velório foi feito em silêncio. Apenas se ouviam as lamentações da mãe, Vera Lúcia Rodrigues, e choro dos presentes. Antes de o caixão ser levado, a mulher chegou a passar mal. Uma única oração foi feita e, antes do enterro, aplausos encerraram o rito.

“Meu filho não. Acorda, meu bem”, gritava Vera durante o sepultamento do filho, no cemitério do Gama. Na cerimônia, o que também chamou a atenção foi a quantidade de jovens. Entre eles, Ícaro Carlos de Souza, 19 anos, que estava no terminal com Junio. Abalado, ele relembrou os momentos vividos naquela madrugada. “Saímos da festa e fomos para a rodoviária. Lá, compramos um lanche e sentamos perto do terminal do BRT para comer, só que o segurança falou para a gente sair, e fomos sentar na escada”, lembra.

“Na escada tinha um mendigo. Ele pediu o isqueiro, que era meu e eu que emprestei. Só que ele não quis devolver. Aí meu amigo (um terceiro jovem que acompanhava os dois) perguntou se ele não iria devolver e ele disse que não”, acrescenta.

Nessa hora, o trio percebeu que o morador de rua portava um alicate e um menor de idade caminhava em direção a eles. “Aí chegou o outro cara e perguntou para o mendigo se a gente estava mexendo com ele, e ele disse que sim”, aponta. O terceiro jovem seguiu em direção ao posto policial da Polícia Militar para pedir ajuda, enquanto Ícaro aproveitou e foi ao banheiro. Quando retornou, viu o amigo sendo agredido. “Ele foi para cima do Junio. Vi que ele tentou se defender com a mochila, mas não deu”, lamenta.

O jovem conta que, apesar de haver mais pessoas no local, ninguém o ajudou para pedir socorro. “Tinha muita gente da limpeza em volta. Eu que tive que ligar. O socorro demorou 20 minutos para chegar”, diz.

Para ele, o que fica são lembranças. “Nos conhecemos há dois anos. Era uma pessoa muito querida e alto astral”.

Mãe está desnorteada

Uma das primas do jovem, a estudante Thaís Ângelo, 21, diz que a família está completamente abalada. “Estamos sem acreditar. Era uma pessoa tão nova, tão boa. Como pode alguém tirar a vida do outro por causa de um isqueiro?! Ele estava com tantos planos”, lamenta. Ela descreve o primo como brincalhão, extrovertido e alegre.

Os pais de Junio preferiram não dar entrevista. Conforme Thaís, os dois não conseguem falar. “A mãe está muito abalada. Pergunta por ele o tempo todo, pede para ligar para o celular pra ver se ele atende. Ela não está acreditando”, diz, chorando.

Thaís, prima de Milton Junio Rodrigues de Souza, 19 anos, morto a facadas na madrugada de terça-feira (15) na Rodoviária do Plano Piloto. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

A mãe do jovem, Vera Lúcia, estava no interior da Bahia, cuidando do pai que é idoso, quando soube da morte do filho. A mulher chegou em Brasília nesta madrugada.

A prima ainda critica a atuação das polícias Civil e Militar. “Ninguém nem avisou a gente da morte. A gente foi avisado pela mãe do amigo que estava com ele. Não sabemos de nada que está acontecendo”, destaca.

Procurada, a Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento e que, até a publicação desta matéria, não havia novas informações para repassar à imprensa. “A autoridade policial irá se manifestar no momento oportuno”, informou, apenas, a Divisão de Comunicação da corporação.

 

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