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Brasília

Por um carnaval mais seguro para todas, solte a voz e diga Não ao assédio no carnaval

O carnaval é um momento de muita diversão e alegria, mas durante os dias da festa, muitos homens perdem o limite e partem para um vale-tudo. Este ano, o Jornal de Brasília se une às vozes do movimento Não é Não para combater o assédio e a importunação sexual

Aline Rocha

10/02/2020 6h00

Episódios de violência física e sexual contra mulheres são cada vez mais frequentes e, no carnaval, os casos se multiplicam, fazendo com que o alerta e a necessidade de dar visibilidade à questão seja tão importante.

A cada 11 minutos, uma mulher é estuprada no Brasil, mas apenas 7.5% denunciam o agressor. Pelas ruas do país, 98% das mulheres afirmam já terem sido cantadas e, dessas, 83% dizem não se incomodar com isso, de acordo com dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF, no carnaval de 2019, foram registrados três estupros porém, a pasta não contabilizou os registros de assédio e importunação sexual.

Diante desse cenário, iniciativas de combate a esses abusos intensificam sua atuação com o objetivo de transformar a sociedade através da educação e conscientização dos indivíduos, ainda mais entre os foliões.

Não é não!

Para trazer mais consciência sobre assédio nas ruas, um grupo de amigas criou o movimento “Não é não!”, em janeiro de 2017.

A iniciativa foi criada pelas amigas Bárbara Menchaise, Aisha Jacob, Julia Parucker, Luiza Borges Campos e Nandi Barbosa, após um caso sério de abuso sofrido por uma delas em um samba antes do carnaval. Mobilizaram, então, 40 mulheres e arrecadaram, em dois dias, R$ 2.784,00 para produzir tatuagens que foram distribuídas gratuitamente para as mulheres nas ruas do Rio de Janeiro. Com o sucesso do movimento no primeiro ano, a iniciativa se expandiu para diversos estados e, no último carnaval, chegou a Brasília.

Foto: Luian Valadão

A embaixadora do coletivo feminista em Brasília, Mila Ferreira, explica que o projeto chegou na capital após a sanção da Lei 13718/2018, que classifica a importunação sexual como crime. “A gente faz um financiamento coletivo todo ano para arrecadar o dinheiro que a gente usa para mandar fazer as tatuagens temporárias com os dizeres “Não é não! e distribuir gratuitamente no Carnaval”, explica Mila.

“As tatuagens são, não só uma forma de usar o nosso corpo como outdoor da nossa luta, mas uma forma de alerta e de criar essa rede de acolhimento entre as próprias mulheres”, reforça a embaixadora.

Fonte: Coletivo Não é Não!

Apoio ao empreendedorismo feminino

A arrecadação é feita por estado e tem como objetivo não só de produzir as tatuagens, mas também criar uma linha de apoio para mulheres empreendedoras. “Essas mulheres repassam os produtos para a gente, coisas de carnaval, camisetas, serviço. Tudo feito por essas mulheres a gente coloca no nosso site e, dependendo do valor de contribuição, a pessoa recebe em troca essas recompensas, feitas por nossas parceiras”, afirma Mila.

A ideia é que, um dia, a campanha deixe de ser necessária. “O objetivo do nosso projeto é que a gente não precise mais ir às ruas clamando por respeito, que isso passe a ser uma coisa normal, e que as mulheres não sejam mais assediadas”, reforça a embaixadora.

“A gente vê que, infelizmente, é cada vez mais necessária a nossa campanha, porque o machismo ainda está enraizado na nossa sociedade e alguns homens ainda acreditam que podem assediar as mulheres e ficar por isso mesmo”, lamenta Mila.

Foto: Luian Valadão

Engrossando o coro

Este ano, o Jornal de Brasília se uniu às vozes do Não é Não! e, com isso, a distribuição das tatuagens temporárias passou de quatro mil para nove mil no carnaval deste ano, além de fazer uma campanha de conscientização em todos os seus veículos.

“A gente vai colocar mais cinco mil tatuagens na rua graças ao Jornal de Brasília e a gente é muito grata por esse apoio, de ter um grande grupo, apoiando o nosso o nosso coletivo aqui de forma local”, comemora Mila.

Em 2019 foram distribuídas 180 mil tatuagens em todo o Brasil e, com o apoio nacional, serão distribuídas 300 mil em 2020. “A ideia é seguir fazendo parcerias como com o Jornal de Brasília para que as pessoas nos conheçam cada vez mais e se coloquem à disposição para ajudar”, reforça.

O projeto acolhe mulheres cis e trans de todo o país. Para fazer parte e colaborar com o Não é não! basta entrar em contato com as embaixadoras por meio do Instagram (@naoenao_). “A gente precisa cada vez mais de voluntárias para distribuir as tatuagens. A gente faz por amor mesmo! Basta entrar em contato via rede social que a gente coloca no nosso circuito, no nosso roteiro”, convida Mila.

Grupos de mulheres voluntárias estarão espalhados nos bloquinhos de carnaval do Distrito Federal. Cada grupo com três a quatro mulheres vão distribuir as tatuagens para as mulheres que quiserem participar da iniciativa.

Foto: Luian Valadão

 

Em casos de assédio, saiba o que pode fazer

Ligar no 197
Enviar as informações da ocorrência para 98626-1197 (WhatsApp)
Fazer a ocorrência pelo site da Polícia Civil
Enviar um e-mail para [email protected]

 

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