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Brasília

Polícia prende último envolvido na morte de Maria Eduarda e detalha guerra entre gangues

Arquivo Geral

30/07/2018 17h30

Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília.

Matheus Venzi
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O último envolvido no assassinato da menina  Maria Eduarda, 5 anos, acabou preso nesta segunda-feira (30) pela 24ª Delegacia de Polícia. O crime, ocorrido em 21 de maio deste ano na QNO 18 de Ceilândia, foi motivado pela rivalidade entre as gangues da região. O alvo, na verdade, era o irmão da criança, que está foragido.

Foto: Divulgação/PCDF

Walisson Ferreira da Silva, 23 anos, conhecido como “Dedé”, foi preso na Cidade Ocidental (GO). Três adolescentes envolvidos no assassinato também estão apreendidos. “O grupo estava atrás do irmão da vítima por ele ser suspeito de um assassinato. O rapaz morto, Cristhian Henrique Nogueira de Lima, não tinha envolvimento com as gangues, mas foi executado por morar no território de uma delas”, explica o delegado-chefe da 24ª DP, Ricardo Viana.

Saiba mais: Caso Maria Eduarda. Três menores são suspeitos de participar do assassinato
Mais um adolescente envolvido na morte de Maria Eduarda é apreendido

As gangues “Expresso 17”, também conhecida como “17 do Mal”, e a “Expresso 18” têm uma rivalidade que já completa uma década. “A guerra começou por uma disputa de tráfico. Com esse ciclo de mortes, a briga continuou e, hoje, a disputa pelo comércio de drogas foi deixada de lado”, esclarece Viana. Os nomes das gangues fazem referência às quadras QNO 17 e 18.

Por causa da rivalidade, muitos jovens acabam pagando com a vida. “Quando interrogo os membros das gangues e pergunto a motivação para determinado crime, eles respondem apenas que fizeram aquilo porque a outra pessoa pertencia à quadra rival”, relata o delegado. Mesmo com o ódio entre ambos os lados, a guerra tinha se acalmado recentemente devido à várias prisões.

Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília.Fuga e vingança

Com a prisão dos integrantes mais velhos, os adolescentes que faziam parte de ambas as gangues começaram a ganhar espaço no crime. Na conduta deles, um ataque à gangue rival significa ganhar respeito entre os comparsas. Por causa disso, dois jovens perigosos da Expresso 17, de acordo com Viana, fugiram do sistema socioeducativo em maio deste ano, para atacar o outro grupo.

Tudo começou quando os fugitivos abordaram um jovem na QNO 18, no dia 18 de maio. “O garoto não tinha envolvimento com crimes. Mas  acabou espancado e humilhado por morar naquela quadra. Por causa disso, os membros da Expresso 18 resolveram se vingar e responderam ao ataque dois dias depois”, comenta o delegado da 24ª DP. Cristhian Henrique Nogueira de Lima, 17 anos, foi morto com um tiro no rosto, na frente de sua irmã, em um campo de futebol da QNO 17.

Cristhian também não tinha o envolvimento com o crime. Porém, pagou o preço pela guerra das gangues. “Os membros da Expresso 17 ficaram furiosos porque eles não tinham matado o outro rapaz. Por causa da morte de um inocente de sua área, decidiram fazer uma espécie de atentado na quadra rival”, explica Viana. Os criminosos receberam a informação sobre um dos suspeitos do assassinato de Cristhian e decidiram ir atrás dele.

Abordagem

Foi então que os dois adolescentes fugitivos se juntaram com outro menor e pediram para que Walisson dirigisse o carro roubado por eles. Cada adolescente estava com um revólver e foi em busca do suspeito. Quando chegaram até o endereço, se depararam com o irmão dele, Marcos André Rodrigues de Amorim, 19 anos, que percebeu a movimentação estranha e correu para dentro de casa.

Os jovens dispararam 15 vezes na direção da casa onde Marcos correu. Aparentemente, nenhum deles sabia que Maria Eduarda estava brincando no quintal. Ela foi atingida e acabou não resistindo aos ferimentos, enquanto o irmão levou um tiro na perna e sobreviveu. O alvo original dos criminosos, irmão de Maria Eduarda e Marcos, também é adolescente e está foragido. Ele tem um mandado de apreensão em aberto.

Foto: Arquivo Pessoal

Os quatro envolvidos fugiram. Contudo, três deles foram apreendidos uma semana após o fato. Dedé seguia foragido desde então. Até que a 24 ªDP recebeu a informação de que ele estaria na Cidade Ocidental (GO) e atuava no tráfico de drogas. Ele mandariaa drogas de Goiás para Ceilândia.

Na casa dele, foram encontrados, R$ 7,3 mil em espécie, uma arma de fogo, porções de maconha e uma placa escrito “Exp 17”, em referência à gangue. O homem é apontado como um dos lideres do grupo criminoso. Além do assassinato de Maria Eduarda e da tentativa de homicídio de Marcos, Dedé  responderá por tráfico de drogas e pela posse ilegal de arma de fogo. Agora, as investigações se concentram em encontrar outros envolvidos no assassinato de Cristhian.

Foto: Divulgação/PCDF

Glamour criminoso

De acordo com delegado da 24ª DP, muitos dos menores de idade se orgulham dos crimes cometidos. “É uma espécie de glamour. Eles crescem naquele ambiente e acabam absorvendo o clima de guerra. Por isso, buscam respeito dos criminosos mais velhos cometendo crimes contra a gangue rival”, define.

 

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