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Brasília

Perito explica o perfil de um serial killer

Durante entrevista exclusiva ao Jornal de Brasília, perito afirma que, geralmente, os serial killers brasilienses costumam ser detidos nos primeiros assassinatos

Lindauro Gomes

28/08/2019 6h53

João Pedro Rinehart, Lucas Neiva e Vítor Mendonça
[email protected]

De acordo o perito criminal aposentado da PCDF e membro do Conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Cássio Thyone, esse não é o primeiro caso de homicídio serial no Distrito Federal.

O perito também afirma que, geralmente, os serial killers brasilienses costumam ser detidos ainda nos primeiros assassinatos, mas que isso não é motivo para alívio, pois costumam ser precedidos por outros tipos de crime.

“O criminoso em série não necessariamente começa com um crime de maior ofensividade, como um homicídio. Muitos começam praticando estupros e outros crimes graves e eventualmente podem recorrer ao homicídio como forma de evitar que sejam pegos. Eles não necessariamente possuem vontade de matar”, destaca.

Cássio explica que muitas vezes estupradores são, também, criminosos em série: “O estuprador normalmente não fica restrito a um só crime. Mas se ele tiver uma compulsão pela violência, ou prazer com a dominação e subjugação da vítima, ele pode migrar para um crime de maior ofensividade”. A capacidade dos serial killers de otimizar a forma com que realizam o ato também é motivo de alerta:

“A cada crime, eles aprendem um pouco mais e vão lapidando sua técnica”.

A busca por vulnerabilidades, por formas mais eficientes de esconder o crime e de obter novas vítimas são constantemente exploradas por essa categoria de criminosos.

No caso de Marinésio, o elemento explorado era a vulnerabilidade das vítimas na espera do transporte para casa à noite, que acabavam aceitando entrar no seu carro ao receber a proposta de carona.

“A partir do momento em que a vítima entrava no carro, ela se tornava ainda mais vulnerável às suas ações. Nas primeiras vezes ele provavelmente não atacou, apenas esperou surgir a primeira oportunidade”, afirma.

A criação de uma “assinatura”, uma marca pessoal do autor do crime, também é frequente nessas ações.

“Alguns são vaidosos, gostam de ser associados ao crime que cometeram”.

Letícia Curado foi a segunda vítima de homicídio de Marinésio. Ontem, centenas de pessoas compareceram em seu enterro no Cemitério de Planaltina.

Novas vítimas surgem

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Durante a repercussão dos assassinatos de Letícia e de Genir, a delegada Jane Klébia, da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) confirmou mais três vítimas sobreviventes. As três foram à DP na segunda-feira e reconheceram o cozinheiro. Segundo uma das vítimas, da mesma forma que as outras duas vítimas fatais, ela aceitou uma carona, mas ao ser atacada conseguiu saltar do veículo e fugir.

“Pouco depois que ela entrou no carro, ele começou a passar a mão na perna dela. Imediatamente ela se jogou para fora do carro”, disse a delegada.

Na 31ª DP, em Planaltina, o delegado-chefe Fabrício Augusto Borges também recebeu outras duas vítimas que sobreviveram aos ataques de Marinésio, feitos no último sábado. As mulheres, irmãs, teriam saído de uma festa em Planaltina e recebido a oferta de carona, uma no banco da frente e outra no de trás. “Ele começou a acariciar a passageira ao lado. A outra, ao perceber a ação, teria encontrado uma barra de ferro no banco de trás e ameaçado quebrar os vidros e golpear o veículo. Foi nesse momento que o homem as liberou”.

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