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Brasília

Paciente se recupera bem de cirurgia inovadora de diabetes tipo 2

O método entrou para a história da saúde pública do DF por ser a primeira cirurgia metabólica do Brasil, pelo SUS, para tratar diabetes do tipo 2

Aline Rocha

26/06/2019 18h10

Da Redação
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A primeira paciente operada no Brasil para tratar de diabetes tipo 2 pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), se recupera bem do procedimento, que ocorreu nessa terça-feira (25). A paciente respira sem ajuda de aparelhos, de acordo com a Secretaria de Saúde.

“A paciente está muito bem e muito feliz por fazer a cirurgia, trazendo muita esperança a todos os que possuem diabetes do tipo 2”, afirmou o secretário de Saúde, Osnei Okumoto. “Estamos trabalhando cada vez mais para inovar e incorporar novas tecnologias, para dar as melhores condições possíveis a esses pacientes”, ressaltou.

O método entrou para a história da saúde pública do Distrito Federal por ser a primeira cirurgia metabólica do Brasil, realizada pelo SUS, para tratar diabetes do tipo 2. O procedimento foi feito por videolaparoscopia, em procedimento relativamente simples que durou cerca de 40 minutos.

A paciente está internada na enfermaria do Hran, recebendo medicamentos para dor e fazendo dieta líquida, aguardando para receber alta na unidade. O médico e coordenador do Serviço de Cirurgia do Diabetes do Distrito Federal, Ricardo Teixeira, afirma que, a partir de hoje, ela não precisa mais usar insulina.

Como a intervenção é minimamente invasiva, a recuperação costuma ser rápida. “Amanhã (27) de manhã, a paciente vai voltar para casa. Nos próximos 15 dias, não poderá fazer nenhum esforço físico”, informou Teixeira.

“Depois da cirurgia, a equipe multiprofissional do Hran continuará acompanhando a paciente por, aproximadamente, um ano, no ambulatório do Hran”, reforçou a secretária adjunta de Assistência à Saúde, Renata Rainha. O grupo é formado por nutricionistas, endocrinologistas, clínicos gerais e psiquiatra. Há, ainda, uma equipe de apoio, composta por cardiologistas, pneumologistas e oftalmologistas.

Os especialistas asseguram que a cirurgia é efetiva para tratar o diabetes do tipo 2 e muito segura. Assim, será possível evitar mortes, sequelas, infarto e diminuir o custo dos medicamentos que esses pacientes usam a vida toda. Conforme os dados do Ministério da Saúde, são gastos em torno de R$ 1 bilhão, por ano, somente com medicamentos contra a doença.

A cirurgia

Renato Teixeira explicou que o fluxo para realizar a cirurgia do diabetes tipo 2 começa na Atenção Primária, onde esses pacientes são acompanhados por seus médicos de família e comunidade, e preenchem um formulário para o serviço.

Ao cumprir os critérios para realizar o procedimento, o paciente é encaminhado para a Regulação. Passando pela lista de espera, há o preenchimento de um segundo formulário, por uma equipe multiprofissional, que avalia se a pessoa está apta para a intervenção.

“A equipe avalia o paciente como um todo, não só o diabetes. Detecta aspectos nutricionais, psiquiátricos, clínicos. Se for comprovado que o tratamento clínico não teve êxito e a equipe aprovar, o paciente vai para a cirurgia. Se detectarem que não é necessário, o paciente volta para a Atenção Primária”, esclareceu Teixeira.

De acordo com o especialista, há alguns critérios obrigatórios para o paciente ser considerado apto a fazer a cirurgia do diabetes tipo 2. Entre eles, é possível destacar: o diagnóstico comprovado da doença, excluído a do tipo 1; comprovação de que o tratamento clínico não surtiu efeito por dois anos contra a doença; ter até 70 anos de idade; e exclusão de contraindicações, como doenças que possam afetar, de alguma forma, a recuperação pós-operatória.

Procedimento

Na cirurgia, o estômago é cortado em duas partes. Depois, o intestino é cortado em forma de Y e uma dessas partes é ligada ao estômago. Assim, o alimento é desviado para mais próximo do final do intestino.

De acordo com o cirurgião, o paciente com diabetes do tipo 2 é beneficiado quando o trânsito do alimento é desviado do estômago direto para o final do intestino. Lá, é produzida a substância incretina, que atua no pâncreas e o faz produzir insulina mais rápido, reduzindo os níveis de glicose no sangue.

“Nossa ideia é fazer, pelo menos, seis cirurgias por semana no Hran, duas por período (manhã e tarde). Nesse primeiro momento, teremos uma quantidade menor porque estamos preparando os pacientes, mas, assim que as filas estiverem completas, vamos dar o direcionamento”, explicou o superintendente da Região de Saúde Central, Luciano Almeida.

Entre as vantagens oferecidas pela cirurgia estão um controle efetivo dos níveis de glicemia; diminuição importante da mortalidade, doenças renais, cegueira, amputações e custos para o SUS; na maioria dos casos, representa uma retirada dos medicamentos, incluindo insulina; além do aumento na qualidade de vida do paciente e sua reinserção na vida social saudável.

Antes, o procedimento era realizado no Brasil apenas como pesquisa e de forma experimental, na rede privada. Contudo, em 2018, o Conselho Regional de Medicina (CRM), pela Resolução n° 2.172, autorizou a inserção do tratamento cirúrgico para o diabetes.

 

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