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Brasília

Ordem de delegado gera revolta

Sindicato acusa Laércio de Carvalho de determinar ações que extrapolam a função da polícia civil

Marcus Eduardo Pereira

03/10/2019 6h30

Delegado Laércio de Carvalho da 35ª Delegacia de Polícia Sobradinho foto : Reprodução/ Arquivo Pessoal

Lucas Neiva
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A 35ª Delegacia de Polícia (35ª DP) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) teve um dia conturbado na data de ontem em função da Ordem de Serviço nº4, emitida pelo delegado-chefe Laércio de Carvalho. A ordem continha diversas determinações que geraram revolta no Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), que decidiu emitir um ofício com diversas acusações direcionadas ao Delegado-Chefe.

A ordem de serviço determina que uma viatura com três agentes realize patrulhas noturnas nas proximidades da delegacia, abordando veículos suspeitos, pessoas em situação de rua e bocas de fumo. Afirma ainda que as patrulhas serão supervisionadas por delegados supervisores e pelo próprio delegado-chefe.

Entre as principais acusações do ofício do Sinpol (Ofício nº 073/2019), o delegado é acusado de estar abusando de sua autoridade, invadindo áreas de competência da Polícia Militar ao exigir ações de patrulhamento por parte dos seus agentes e, pelas ações junto às bocas de fumo, de invadir a competência do DF Legal ao abordar pessoas em situação de rua nas proximidades da delegacia.

O Sinpol o acusa também de ingerência ao demandar essa ação com a delegacia operando abaixo do contingente necessário para a normalidade de suas atividades (atualmente a 35ªDP conta com três a quatro agentes, sendo seis o necessário de acordo com o Sinpol) e de não cooperar com a integração das atividades da PCDF com a Polícia Militar. Por fim, exigem às autoridades da PCDF que a Ordem de Serviço seja revogada.

Procurado pelo Jornal de Brasília, Laércio rebate as acusações. Sobre o patrulhamento ao redor da delegacia, afirma: “Nossa ordem de serviço diz que a responsabilidade dos policiais é com as instalações orgânicas da delegacia e com o perímetro da delegacia. Afinal, a segurança deste perímetro reflete na segurança da própria repartição policial. Não há interferência nas ações da PM”. Sobre a falta de agentes, afirma que existe uma falta de servidores em toda a instituição, não sendo um problema simplesmente da 35ª DP. Afirma também que os patrulhamentos foram planejados já tendo em mente o atual contingente da delegacia, mantendo sempre um agente na instalação e que, caso necessário, os agentes do lado de fora serão acionados de volta para dentro.

Sobre a abordagem às pessoas em situação de rua e de bocas de fumo, afirma que mesmo sua situação, não configurando crime, ainda deve ser levada em consideração a Lei de Contravenções Penais, que prevê a contravenção de vadiagem (não manter atividade lícita habitual e se dedicar propositalmente ao ócio), e afirma também ser ilícito encontrar-se habitualmente embriagado em via pública, e que a polícia deve tomar iniciativa e investigar o uso de entorpecentes perto de suas instalações.

Laércio também se defende em relação à acusação de não dialogar com a Polícia Militar: “O diálogo entre nossa instituição e a PM é uma cultura da PCDF. Nós dialogamos constantemente com nossos colegas da Polícia Militar, temos excelente relacionamento com eles e são eles quem nos ajudam a manter um mínimo de segurança na nossa cidade.”

Laércio informa que a Direção Geral da Polícia Civil não acatou o pedido do Sinpol-DF de revogar a ordem de serviço. Ao tomar conhecimento da decisão da PCDF, a Assessoria de Comunicação do Sinpol informou que irá recorrer ao poder judiciário.

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