Olavo Davi Neto
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Brasília perdeu, ontem, um de seus “idealizadores”. Aos 94 anos, Antônio Soares Neto, o Toniquinho, faleceu no estado de Goiás, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Há 64 anos, Toniquinho questionou se o então candidato à Presidência Juscelino Kubitschek faria cumprir a Constituição à risca.
Acontece que, desde a Proclamação, um dispositivo permaneceu nas quatro Cartas Magnas posteriores: a construção de uma nova capital para a República. Pego de surpresa, JK respondeu que sim, dedicaria seu mandato à mudança do Distrito Federal do Rio de Janeiro para o coração do território brasileiro.
Cinco anos e 17 dias após a pergunta, Brasília era inaugurada pelo “presidente sorriso”, como entrou para a história o 21º chefe do Executivo brasileiro.
À época, Toniquinho, conhecido posteriormente como “o pai de Brasília”, era corretor de seguros, mas se dedicava aos estudos com objetivo de garantir um cargo público. Assim, tinha na ponta da língua os artigos da Carta Maior vigente desde 1946, outorgada após o “golpe brando” que finalizou a ditadura do Estado Novo.
Tanto conhecimento das leis o proporcionou ganhar a vida como advogado. Toniquinho chegou a morar por pouco tempo em Brasília com a esposa, Nelita Vilela.
Virou filme
O inusitado questionamento, feito no comício improvisado de JK na cidade de Jataí, tornou-se objeto de estudo do jornalista e documentarista Edson Luiz de Almeida, diretor de A pergunta que mudou a história do Brasil.
O próprio Juscelino afirmou, em produção da Secretaria do Território e Habitação do DF, que não havia considerado uma nova capital. “Quando o Toniquinho me colocou o problema, pensei subitamente. Dei um ou dois segundos de espera e disse: ‘se a Constituição exige a construção da nova capital, vou respeitá-la e construirei a nova capital do Brasil no Planalto Central”, afirmou o patrono de Brasília.
Nota
O governador em exercício do DF, Paco Britto, emitiu nota de pesar em função do falecimento de Toniquinho. “Esse goiano de Jataí entrou para a história oficial de Brasília como o responsável pelo surgimento do Distrito Federal”, comentou Britto.
