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Brasília

“Nunca a vi com sintomas”, diz familiar de mulher que teria mentido sobre câncer

Arquivo Geral

11/03/2019 19h53

Telma Cristina é investigada pela PCDF. Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Ana Karolline Rodrigues
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Após vir à tona o caso do suposto golpe da moradora do Guará que pedia doações para tratar um câncer que não teve, uma familiar da mulher procurou o Jornal de Brasília para confirmar que as alegações de Telma Cristina Saraiva, 44 anos, eram falsas. “Nunca a vi com sintomas. Eu sabia que ela mentia para a família, mas quando eu soube que tomou essa dimensão eu fiquei abismada. Não esperava que ela teria essa coragem de envolver tantas pessoas em um assunto tão sério. Fiquei com muita raiva”, contou a mulher que preferiu não ser identificada.

Segundo a moça, Telma morou em sua casa quando começou a namorar o atual ex-marido. “Ela namorava meu primo de criação. Nos consideramos primos, porque minha mãe o acolheu ainda quando éramos bem pequenos, nós crescemos juntos”, disse. “Quando eles começaram a namorar, ela vivia com ele lá em casa. Até que um dia eles resolveram juntar as coisas e passei a vê-los só em encontros de família. Aí, vieram as conversas de que ela estava com câncer”, afirmou.

Ela, que é médica veterinária, contou que teve acesso uma vez a um dos supostos exames de mama de Telma, quando a mesma teria descoberto a doença. A familiar, porém, considerou que não havia câncer. “Uma pessoa me mostrou o resultado de um exame dela e eu vi que não era câncer, porque sou veterinária, então entendo. Havia uma alteração, mas não era câncer”, avaliou.

Telma deu uma entrevista ao Jornal de Brasília em setembro de 2018 afirmando lutar contra o quarto câncer. Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

“Mudava de assunto”

A mulher que procurou a reportagem ainda relatou que sempre desconfiou de Telma. Segundo ela, quando fazia questionamentos ficava sem resposta. “Nos encontros de família ela falava coisas sobre uns tratamentos estranhos e eu perguntava o que era esse tratamento, qual era o médico, os exames. Mas quanto mais eu questionava, mais ela ficava nervosa e mudava de assunto”, disse.

Segundo a mesma, há pelo menos três anos Telma Cristina já havia relatado a história do câncer para a família, mas nunca apresentou detalhes ou deixou alguém conhecer mais afundo sobre tratamentos e médicos que frequentava. “Essas coisas nunca bateram. Câncer no reto, por exemplo, a pessoa não tem opção, tem que fazer cirurgia. Eu tive três pessoas com câncer na família e nunca vi a pessoa passar por quimioterapia e ficar tão bem, com uma cara tao boa. As pessoa ficam enjoadas, ficam mal, você vê a pessoa debilitada. Mas ela nunca mudou, só apareceu de cabelo raspado. Ninguém nunca nem viu caindo, ela só dizia que já iria cair e, então, raspou logo”, narrou.

“Quando ela percebeu que não iria ter a atenção da família, foi atrás de outros meios A minha raiva é porque isso é um assunto muito sério. Entrar numa ONG, se dizer com câncer, envolver os filhos, pedir ajuda. Eles nunca nem precisaram disso. Eu fiquei estarrecida, achei um absurdo. Ela tem que pagar por isso”, completou.

O Jornal de Brasília tentou contato por telefone e por mensagem com Telma mas não teve retorno. Na tentativa por mensagens, a reportagem foi bloqueada pela mulher. A Divisão de Falsificação e Defraudação (DIFRAUDES) da Polícia Civil do DF investiga o caso. Também foi instaurado Inquérito Policial para apurar os fatos.

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