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Brasília

Número de afogamentos no DF cresceu 50% desde 2014

Arquivo Geral

06/12/2016 7h00

Corpo de Ana Cristina estava a 1,5 km de onde ela e a filha mais nova, de dez anos, se afogaram. Foto: Hugo Barreto

Jéssica Antunes
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Desde 2014, o número de afogamentos no Distrito Federal cresceu 50%, passando de 36 para 54 ocorrências. Neste fim de semana, mãe e filha desapareceram após serem levadas pela correnteza no rio São Bartolomeu, mas o local mais sensível é o Lago Paranoá, que reúne mais de 40% das ocorrências. Ali, os bombeiros contabilizam quatro mortes até outubro deste ano. Desde então, pelo menos mais uma pessoa perdeu sua vida no lago. A tendência é o número aumentar em virtude das férias escolares e do verão.

O corpo da mãe foi encontrado ontem. Segundo o Corpo de Bombeiros, Ana Cristina Ribeiro, 34 anos, estava a 1,5 km do local onde ela e a filha mais nova, de dez anos, se afogaram. Até o fechamento desta edição, a caçula continuava desaparecida.

Saiba mais

  • De acordo com o boletim de 2015 da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, 17 brasileiros morrem afogados diariamente e 51% de todos os óbitos ocorrem até os 29 anos. Cerca de 75% perdem a vida afogados em rios e represas.
  • Afogamento é a segunda maior causa de morte entre crianças de um a nove anos, a terceira de dez a 19 anos e a quarta de 20 a 25 anos. Mais de 65% dos acidentes ocorrem aos fins de semana e feriados e mais de 50% entre 10h e 14h.

A suspeita é de que a mãe tenha tentado socorrer as duas filhas que estavam sendo levadas pela água. Uma das meninas, de 13 anos, conseguiu ser salva. A família estava no Setor de Chácaras do Capão Comprido olhando um lote que comprariam quando e decidiu entrar na água. O Rio São Bartolomeu é o maior do Distrito Federal, com 200 km de extensão.

O ano de 2014 se encerrou com 36 casos de afogamentos. No ano seguinte, 60 pessoas sofreram acidentes. Até novembro, os bombeiros já contabilizam 54 ocorrências – seis a mais que o registrado até o mesmo período de 2015. O número total de óbitos no DF, porém, não foi repassado. Excesso de confiança, a falta de equipes e de acessórios de salvamento, ingestão de álcool e manobras radicais são apontados como fatores de risco.

Maior procura

Em setembro do ano passado, após o início da desocupação da orla do Lago Paranoá, a Companhia de Salvamento Aquático fez uma pesquisa sobre os locais mais utilizados pela população e, portanto, mais críticos: a ponte do Bragueto, e o piscinão no lado norte, e a Ponte JK, Ermida Dom Bosco e Prainha dos Orixás no lado sul. No espelho d´água, 22 afogamentos já aconteceram e pelo menos quatro pessoas perderam a vida – uma além do registrado em 2014.

“O uso do Lago Paranoá aumenta sazonalmente, especialmente de dezembro a fevereiro e em julho. Certamente este ano vai superar 2015 e 2014 tanto em afogamentos quanto em óbitos”, prevê o tenente Victor Gonzaga de Mendonça, comandante da Companhia de Salvamento Aquático do Corpo de Bombeiros. De acordo com o boletim de 2015 da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, 44% das mortes por afogamento ocorrem entre novembro e fevereiro.

De acordo com ele, nas pontes JK e do Bragueto, acidentes acontecem mais pelo alto volume de pessoas e consumo de álcool. Na Prainha dos Orixás, há buracos. Na barragem, o lago ganha profundidade de repente.

Rio e córregos

Acidentes fatais

  • Pelo menos outros três acidentes fatais aconteceram neste ano. O mais recente ocorreu em setembro, quando os bombeiros foram acionados para localizar um homem de 20 anos que sumiu após saltar da ponte do Rio Descoberto, na BR-070. O rapaz foi encontrado a cerca de dois metros de profundidade já sem sinais vitais.
  • Em maio, um homem não identificado de cerca de 45 anos morreu afogado em um córrego de São Sebastião. Em janeiro, Carlos Santos de Lima, 29, se afogou no Rio Belchior, entre Ceilândia e Samambaia. Ele não sabia nadar e afundou após pisar em um banco de areia.

Mendonça estima que em mais da metade dos afogamentos com pessoas entre 15 e 29 anos há associação com álcool.

“Por desconhecimento, tentar se aventurar, superar limites, o banhista acaba se metendo em acidentes. Não é porque é uma represa que não vai acontecer isso. É recorrente cair num buraco e, por falta de habilidade, não conseguir sair”, conta.

Vítimas ao longo do ano

Venício da Silva Oliveira desapareceu no Lago Paranoá. Era tarde de terça-feira, 15 de novembro, quando o jovem desceu da lancha, onde estava com a namorada e o cunhado, para nadar. Poucos minutos depois, ele começou a se afogar e, com o vento, o barco se afastou e impediu que o rapaz de 21 anos voltasse à embarcação. O corpo da vítima foi encontrado no dia seguinte a uma profundidade de sete metros e a uma distância de 70 metros da margem.

No mês anterior, fim de tarde de domingo, a vítima foi um homem de 35 anos, que não teve a identidade divulgada. Ele se afogou próximo ao Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República. Segundo o Corpo de Bombeiros, o homem decidiu mergulhar de uma embarcação, mas não retornou à superfície. Apesar do processo de reanimação por quase uma hora, o homem não resistiu.

Também era domingo à tarde, quando, em março, um jovem de 19 anos sumiu enquanto nadava com três amigos no Lago Paranoá na comemoração de um aniversário no clube da Associação de Esporte e Lazer dos Subtenentes e Sargentos do Exército em Brasília (Asseb). Após idas e vindas de um percurso de 50 metros da margem a uma embarcação, Edivaldo do Nascimento não conseguiu retornar e desapareceu. A corporação já o encontrou sem sinais vitais, e, apesar das manobras de reanimação, ele morreu.

Em janeiro, o estudante Mayron Bezerra da Cruz, 21 anos, morreu ao cair em um buraco no Parque Ecológico Praia do Cerrado. Na época, o Corpo de Bombeiros informou que ele e dois amigos, moradores da Vila Telebrasília, passaram a noite bebendo. Mayron passou mais de 20 minutos submerso e sofreu parada cardiorrespiratória. Ele chegou a receber socorro por cerca de 40 minutos e teve líquido retirado do pulmão, mas não resistiu.

Dicas de segurança

Evite acidentes

  • Respeite seus limites.
  • Evitar nadar sozinho.
  • Não tome bebida alcoólica antes de entrar na água.
  • Não entre em águas de locais onde você não conhece a profundidade.
  • Não imergir em água após lanches e refeições.
  • Não se afaste da margem.
  • Não salte de locais elevados para dentro da água.
  • Não deixe crianças sozinhas, sem a presença de um adulto responsável.
  • Em caso de emergência, ligue para o 193.

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