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Brasília

Nova Fonte Sonora e Luminosa traz de volta tempo bom da história de Brasília

Arquivo Geral

08/09/2010 10h50

Um marco na história de muitos brasilienses e da própria capital federal, a Fonte Sonora e Luminosa da Torre de Televisão ganhou uma roupagem cibernética, capaz de propiciar verdadeiros espetáculos multimídia. A volta de um dos principais cartões-postais da cidade, nesta quarta-feira (8), traz com ela as lembranças de quem conheceu a fonte original, inaugurada no dia 9 de março de 1967.

Um dos músicos mais atuantes da cidade, o maestro Rênio Quintas, tinha 12 anos no dia da inauguração da fonte original. Seu pai, o jornalista Expedito Quintas, era chefe de gabinete do então prefeito do DF, Plínio Cantanhede. “Fomos eu e meus irmãos para a solenidade de inauguração. Uma das coisas mais lindas que já tive chance de ver na minha vida. Me senti perto do paraíso, ouvindo Danúbio Azul (valsa do austríaco Johann Strauss), em meio a um balé de águas azul e amarelo. Inesquecível”, suspira Rênio.

Complexo de lazer

Fruto de uma parceria do GDF com a Eletrobrás, a nova fonte resgata um dos principais pontos de encontro dos brasilienses. A primeira fonte funcionou ininterruptamente, aos pés da Torre de TV, por aproximadamente oito anos – entre 1967 e 1975 – quando foi desligada e desmontada para dar passagem às obras de implantação dos viadutos que passaram a ligar as W3 Sul e Norte. Antes disso, a fonte compunha, no Eixo Monumental, um complexo de lazer que incluía rinques de patinação, pista para aeromodelismo e até um tanque para modelismo naval.

 

Com o crescimento da cidade, surgiu a necessidade da ligação direta entre as duas asas do Plano Piloto também na altura da W3. Para a construção do complexo de viadutos e tesourinhas ligando as avenidas, em 1975, o então governador Elmo Serejo Farias determinou o desligamento e a desmontagem da fonte de tantas recordações.

Wilson Dias Martins era o funcionário da Novacap encarregado de ligar e desligar a fonte, operar o maquinário e fazer a manutenção do local. Por cinco anos ele exerceu o ofício. “Foram os melhores anos da minha vida”, diz. “O barulho da casa de máquinas, quando os 25 jatos da fonte eram acionados, não sai da minha cabeça. Mas o que mais gosto de lembrar é do ponto de encontro de famílias ou casais que corriam para perto da fonte para namorar e sentir a brisa úmida quando batia o vento”, lembra Wilson.

Aos 76 anos de idade, Wilson lembra em detalhes alguns aspectos técnicos da antiga fonte. “A iluminação colorida era comandada por minuterias que acendiam e apagavam os holofotes. Os jatos d´água eram impulsionados por 25 motores elétricos, de 5 HP cada. Sessenta alto-falantes tocavam as músicas que eram colocadas em toca-discos e em uma gravador de rolo. Havia até um poço artesiano para abastecer a fonte quando faltasse água do Departamento de Águas e Esgoto – DAE – que antecedeu a criação da Caesb”, conta Wilson.

Espetáculo de luz, sons e cores

Naquelas noites de quartas-feiras, sábados e domingos – dias em que a fonte era ligada – o estacionamento da fonte ficava lotado e era comum ver famílias, amigos e casais de namorados que iam para ver o espetáculo de luz, sons e cores. Até 20 carrinhos de pipoca circulavam pelo local.

O cineasta paraibano Wladimir Carvalho, que adotou Brasília há 45 anos, lembra que frequentava o local com a família e amigos. “A fonte sonora e luminosa era um espetáculo imperdível e ponto certo para os que vinham conhecer Brasília. Uma imagem marcante foi a realização da prova de automobilismo Mil Quilômetros de Brasília, realizada em 1970 no Eixo Monumental. Os carros, em alta velocidade, faziam a curva junto à fonte multicolorida. Essa bonita imagem não sai da minha lembrança”, disse Wladimir.


As quatro fontes da Torre de TV

A fonte cibernética, que entra em funcionamento nesta quarta-feira (8) é a quarta que se instala junto à Torre de Televisão. A Agência Brasília juntou informações de diversas fontes e levantou uma cronologia da história deste que é um dos principais monumentos turísticos da capital.

– 9 de março de 1967 – Inauguração da primeira fonte sonora e luminosa;

– 1975 – A primeira fonte é desligada e desmontada para a implantação do conjunto de viadutos que liga a W3 Sul à W3 Norte;

– No início dos anos 80 a fonte original foi montada junto ao Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade e funcionou durante pouco tempo. Atualmente a estrutura de concreto permanece no local, mas os equipamentos e encanamentos não têm condições de funcionamento;

– 11 de setembro de 1998, foi instalada uma outra fonte luminosa e sonora na Torre de TV. Este modelo contava com 22 caixas de som com 18 mil watts de potência. Com suas 22 bombas e 21 bacias e espelhos de água. Os refletores reativados com seis cores tinham possibilidade de até 500 variações;

– Mas durou pouco essa fase, passados apenas dois meses, no dia 23 de novembro de 1998, uma forte chuva caiu na cidade e inundou a casa de máquinas;

– Dois depois, em 25 de novembro, a equipe técnica de manutenção da Novacap enviou relatório à Administração de Brasília recomendando a desativação da fonte;

– Em 2003 foi reinaugurada a fonte luminosa da Torre. Dessa vez, porém, só tinha a cor branca e não empolgou os brasilienses.

– 8 de setembro de 2010 – Entra em ação a nova fonte cibernética e multimídia, com a promessa de resgatar os tempos áureos de um dos mais tradicionais pontos de encontro da cidade;


Depoimento do repórter

“Cheguei em Brasília em 1970, ainda criança, vindo de São Luis com meus pais. Morávamos na 302 Sul e íamos sempre à fonte ver o show de jatos d´água coloridos, curtir a música relaxante. Jogávamos moedas na água, para dar sorte e sentíamos o vapor da água refrescando as noites quentes de Brasília. Sem dúvida, a reinauguração da fonte representa um resgate de um tempo bom da história da cidade”. Netto Costa.

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