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Brasília

Nova ameaça ao parque Olhos D’Água

Arquivo Geral

02/07/2013 7h03

Nascentes localizadas no Parque Ecológico Olhos D’Água, na Asa Norte, estão em risco.  O motivo é  a construção de uma rede de águas pluviais. No perímetro de aproximadamente quatro hectares,  uma retroescavadeira, brita, terra e   manilhas anunciam a obra que deve resultar no escoamento das águas   para a nascente.  E a partir daí, podem haver   consequências  como erosões, assoreamento, aprofundamento do leito do córrego e a destruição da vegetação. 

 

Em aproximadamente 15 dias foi feita uma profunda escavação, manilhas foram instaladas em cima de nascente e até mesmo uma parte do curso da água natural chegou a ser desviada.  Tudo acontece supostamente para solucionar o problema de duas erosões graduais – uma na altura da SQN 212 e outra no Eixinho Norte. Entretanto, a obra  vai contra   uma das principais condições do decreto (33.588/2012) que incorpora a atual área ao Parque Olhos d’Água. Fontes ouvidas pela reportagem   contestam a legalidade da construção. 

 

Preservação

 

A legislação autoriza a Novacap a fazer obras que permitam a preservação dos recursos hídricos. Fica garantida a eliminação da erosão, dos resíduos sólidos poluentes, do assoreamento e, principalmente, do aprofundamento dos leitos gerado pelo lançamento direto de redes pluviais no córrego. 

 

Assim, a atual obra se torna irregular. Um dos integrantes da comunidade, Ricardo Montalvão, destaca que a comunidade luta por uma galeria pluvial única, independente e paralela ao córrego. Ele  destaca que a atual obra é paliativa para o problema da erosão fora do parque.  

 

“Essa é uma solução barata que leva a água pluvial para dentro do córrego. A atitude pode acarretar em um prejuízo ambiental enorme, como o surgimento de uma grande esponja dentro da nascente. Corre-se o risco de o parque ficar sem córrego”, alerta.

 

Hoje Montalvão, juntamente com demais integrantes defensores do parque, deve provocar o Ministério Público  para que fiscalize a situação. O advogado ressalta que a obra não apresenta documentos que comprove a regularidade de licença ambiental. “Não somos contra a solução das erosões externas, mas uma opção seria a rede pluvial lateral do limite norte”, destaca.

 

Obra não tem licença ambiental

  

Por meio de denúncia anônima, o Batalhão de Polícia Militar Ambiental foi até o local e constatou a ausência da licença ambiental que teria de ser concedida pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram). O comandante do batalhão, tenente coronel Cláudio Ribas, explica que a polícia não localizou o responsável da obra e ontem pela manhã acionou o Ibram. “Fizemos um termo de constatação de atividades capazes de provocar dano ambiental e orientamos os operários a não continuarem com as obras, mas a polícia ambiental não tem o poder de embargar a construção. Isso compete ao Ibram”, explica. 

 

No entanto, Ribas destaca que foram repassadas todas as informações para que o governo tomasse providências administrativas. Inclusive o MPDFT já foi acionado.  

 

Segundo o comandante, o crime requer sanções penais e administrativas. Caso o responsável pela construção seja identificado, poderá sofrer sanções administrativas na esfera criminal.  

 

Sobre o problema, o GDF informou que  as obras  foram suspensas.  A equipe técnica do Ibram fará uma reavaliação das intervenções.

 

 

Ponto de vista

 

Segundo o professor universitário de educação ambiental, Luiz Rios,  há fluxo de água das nascentes que foi aterrado com a obra. Ele diz, ainda, que não se pode fazer qualquer intervenção na Área de Preservação Permanente (APP) sem o estudo de impacto ambiental. “A informação é de que a área de ampliação do parque seria cercada, mas  foi constatado um outro cenário, de árvores derrubadas, água da nascente desviada e manilha dentro do córrego”, aponta. Rios observa que a água, inclusive, percorre em manilhas rachadas, entre o primeiro e segundo poço de inspeção das manilhas. “Elas não suportaram o peso da terra que foi usada para tampá-las. Nas primeiras chuvas, tudo irá colapsar e corre o risco de desabar. Não houve cuidado, apuro técnico e o cumprimento de todo o ritual que a lei determina”, ressalta.

 

 

Memória

 

Foram coletadas mais de 15 mil assinaturas de frequentadores do Parque contra a construção de shopping em área de nascentes e de três prédios residenciais entre as quadras 212 e 213 norte.

 

Também lutaram pelo cercamento da área que era ponto de usuários de droga e moradores de rua.

 

O protesto resultou no decreto  que incorpora a área das nascentes ao Parque.

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