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Brasília

Nota Legal: programa menos atrativo a cada ano

Arquivo Geral

01/06/2016 6h00

Jéssica Antunes

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Os contribuintes inscritos no Nota Legal tendem a receber restituições cada vez menores. O crescimento no número de brasilienses que aderem ao programa, associado à arrecadação tributária, que não aumenta na mesma intensidade, é a  justificativa  do governo  para o retorno diminuto a quem pede o abatimento em impostos ou o reembolso. Para especialistas, isso pode desestimular a adesão.  O período de indicação para o ressarcimento via depósito  vai de hoje  a 30 de junho   no site www.notalegal.df.gov.br.

Segundo a Secretaria de Fazenda  (Sefaz), todos os anos  o cadastro  aumenta significativamente. Há, atualmente, 939.361 mil usuários, enquanto 859.516 mil estavam inscritos  em 2015. O acréscimo de 9,2%  faz com que o montante reduza, já que  deve ser dividido entre as pessoas. 

Neste ano, quase 340 mil pessoas já indicaram a dedução dos impostos do IPVA e IPTU e outros 286 mil estão aptos para receber os depósitos nas contas bancárias. Do caixa do GDF, R$ 100 milhões podem ser destinados, caso todos os habilitados solicitem o ressarcimento. 

Apesar disso, a expectativa do subsecretário da Receita do DF, Hormino de Almeida Júnior, é de que só 30 mil pessoas façam a requisição de depósito e que   R$ 5 milhões sejam transferidos – então, o montante total será de R$ 86 milhões.

Estimativa

O fracionamento, conforme a Sefaz, acontece dividindo o crédito entre os usuários.  Nas contas deste ano, a média poderá ser de R$ 106 por contribuinte. Em 2015, 364.023 pessoas indicaram o ressarcimento em conta ou como abatimento, com um total de R$ 84 milhões investidos e média de R$ 230. 

Uma auditoria do Tribunal de Contas, divulgada no mês passado, apontou “uma série de falhas” no   Nota Legal. Segundo o órgão, os problemas “desestimulam o cidadão a participar do controle fiscal e dificultam o resgate dos créditos”. Na avaliação do economista e gestor público José Luiz Pagnussat, “para manter o interesse do consumidor em cobrar a nota e impedir a sonegação, é essencial que o governo continue dando benefícios”. 

“A dificuldade do governo é que ele tem um caixa muito vazio e isso dificulta   um estimulo mais adequado, como já ocorreu no passado. Além de receber uma parcela do ‘bolo’, ainda há problemas para receber a premiação. Isso é uma ineficiência do programa”, considera, ressaltando que, ao passo que o GDF promete algo e não cumpre, causa uma grande insatisfação.

Redução dos valores provoca desistência

Na casa da jornalista Anna Cléa Maduro, 24 anos, seis pessoas  pedem a nota no CPF dela. No ano retrasado, ela quase conseguiu cobrir o IPVA do veículo: foram mais de R$ 500 abatidos. No último repasse, no entanto, recebeu quase R$ 200 a menos. “Foi a mesma média de gasto. Não fizemos nada que justificasse a redução”, reclamou. 

Por lá, todo mundo já desistiu do programa. “Vi muita gente comentando a queda no valor, que chega à metade e não vale mais a pena. Só sobrei eu. Peço nota para tudo, até balinha. Esses dias gastei R$ 2,69 e pedi que colocassem o CPF”, disse. Ela tenta conferir os valores no site   sempre que possível. “Fazendo isso eu evito a sonegação, exijo que a empresa apresente o documento fiscal, que é direito meu”, acredita.

Indicação

As transferências nas contas deverão ocorrer entre agosto   e setembro. O mínimo será de R$ 25, depositado   na conta do mesmo CPF do titular cadastrado. Em janeiro, os brasilienses indicaram o imposto a ser abatido. O IPVA é o   mais procurado, com 276.330 indicações, enquanto 63.613 preferiram  o IPTU.

Ponto de vista

“O governo não tem mais interesse de estimular o consumidor como no passado porque os próprios estabelecimentos   oferecem o programa. Não há mais necessidade de ficar cobrando e fiscalizando a sonegação”, diz o economista Newton Marques, da Universidade de Brasília (UnB). Para ele, o Nota Legal “anda bem sozinho” de forma que o GDF pode considerar irrelevante receber novos consumidores.

Saiba mais

Em 2013, a Sefaz reduziu os créditos repassados aos consumidores e esse cálculo   afetou diretamente na restituição. 

Segundo o subsecretário da Receita, Hormino de Almeida Júnior, a medida atingiu 17 dos 402 tipos de estabelecimentos que possibilitam restituição de créditos e a redução chega a 70%. 

É o caso de dos créditos gerados por compras em supermercados, hipermercados e lojas de departamentos, setores que mais geravam restituições. Nesses locais, o consumidor recebia de volta 30% do valor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto Sobre Serviço (ISS) referente à compra, mas a restituição caiu para 9%.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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