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Brasília

Irmã da motorista que atropelou idosos lamenta acidente nas redes sociais

Arquivo Geral

21/01/2018 19h55

Gabriel Jabur

Dois dias após o acidente que matou o casal Evaldo Augusto da Silva, 75 anos, e Dulcinéia Rosalina da Silva, de 70, uma irmã da motorista responsável pela tragédia se pronunciou no Facebook. “Todos sabem que estamos vivendo um momento aflitivo, de muita agonia espiritual”, escreveu Ana Cristina Pupe. Na publicação, ela lamentou o ocorrido e relembrou momentos da amizade que manteve com as vítimas.

Além de frequentar a mesma igreja, Ana Cristina contou que o casal ainda participava de aulas de hidroginásticas junto com ela e sua mãe. “Na última aula que tivemos juntos, Dulcinéia me contou o quanto estava encantada com a viagem comemorativa das bodas, com toda a família”, lembrou.

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Sobre a fatalidade, ela recordou que, primeiramente, ficou sabendo apenas que Evaldo havia morrido em um acidente de carro. “Chorei… gritei… Não acreditava nisso. E só pensava na dor da Dulcinéia de perder seu marido de quem não se desgrudava para nada”. Somente alguns momentos depois, ela descobriu que tratava-se de um atropelamento e que não só Evaldo havia sido a vítima, mas também Dulcinéia. “Me desesperei. Andava de um lado para o outro, chorando e negando a notícia… Não, não, não!!!”, lamentou. O envolvimento de sua irmã mais nova, Luciana Pupe Vieira, de 46 anos, chegou até ela por último.

A servidora pública Luciana, que  segue internada e em coma induzido em um hospital particular, responderá em liberdade por homicídio com dolo eventual – quando não há intenção de matar, mas se assume o risco pela conduta adotada. A justificativa para o atropelamento, segundo a Polícia Civil, pode ter sido “algum surto em decorrência do diabetes” da motorista. Ainda na publicação, Ana Cristina comentou sobre a doença e sugeriu que realmente possa ter afetado sua condição. “Sabemos quem ela é e dos cuidados extremos que tem com a doença dela. Algo aconteceu de forma muito repentina e ela não conseguiu conter. Ela não dirigia aquele carro naquela velocidade. Ela não estava ali. Mas, confiamos na perícia e nas investigações”, escreveu.

Evaldo e Dulcinéia foram atingidos em cheio por carro desgovernado. Foto: Reprodução/Facebook

Confira a publicação:

Feliz Ano Novo. Foto da família.

Era o meu post do dia 31 de dezembro de 2017, às 21h57.

Meus desejos naquela noite, como os de todos nós, era que 2018 fosse um ano cheio de alegrias, cheio de momentos lindos, cheio de risos e gargalhadas, e posts que evidenciassem toda essa alegria, porque afinal o Facebook foi feito para estampar a nossa felicidade e não a nossa tristeza.

Mas, hoje, dia 20 de janeiro, estou aqui para falar de tristeza. Muita tristeza.

Todos sabem que estamos vivendo um momento aflitivo, de muita agonia espiritual.

Sofro pela perda dos meus amigos Evaldo e Dulcinéia. Um casal querido demais por mim e pelo Faé. Eles vinham muito em nossa casa porque somos equipistas de Nossa Senhora e eles eram nosso Casal Ligação. Integraram o nosso Colegiado de Setor quando por três anos exercemos a função de Casal Responsável de Setor. Eventos, cursos, jantares… sempre nos enriquecendo com eles. Além disso, eram nossos “coleguinhas” da turma da hidroginástica de que eu e minha mãe fazemos parte, e fazíamos juntos muitos exercícios e brincadeiras na água. Na última aula que tivemos juntos, Dulcineia me contou o quanto estava encantada com a viagem comemorativa das bodas, com toda a família, e da matéria que escreveria para o jornal das Equipes, pelo qual eu e Faé somos responsáveis.

As notícias chegaram aos poucos para mim. Primeiro, soube da morte do Evaldo em um acidente de carro. Chorei… gritei… Não acreditava nisso. E só pensava na dor da Dulcinéia de perder seu marido de quem não se desgrudava para nada. Saí do Tribunal pronta para buscar o Faé e, juntos, irmos à casa dela e dar nosso colo.

Aí cheguei em casa e soube pelo Faé que, na verdade, o acidente de carro era um atropelamento e que vitimara não só o Evaldo, mas também a Dulcinéia. Me desesperei. Andava de um lado para o outro, chorando e negando a notícia… Não, não, não!!!

Comecei a ligar para os nossos amigos equipistas. Falei com a Bete que também estava desolada. Liguei para a Marília do Joao Carlos e, enquanto falava com ela, ouvi um grito. Um grito forte! Alto! Do meu filho… “Mããããeeeeee: A tia Lu!!”.

Eu chamo Deus de “meu brother”. Ele sempre foi muito camarada comigo. E desde o grito do Pedro até agora, tenho olhado pro céu e dito: “Brother, o que foi isso?? Não to entendendo nada”.

Luciana, nossa irmã caçula, luta contra a morte em uma UTI. Sabemos quem ela é e dos cuidados extremos que tem com a doença dela. Algo aconteceu de forma muito repentina e ela não conseguiu conter. Ela não dirigia aquele carro naquela velocidade. Ela não estava ali. Mas, confiamos na perícia e nas investigações. O que aconteceu será demonstrado não por mim, mas pelos resultados das investigações.

Temos tido muita compreensão de todos os amigos, comunidade, igreja e até de parte da imprensa. O que mais nos comove são as mensagens da família de Dulcinéia e Evaldo: caridosas, compreensivas, solidárias. A família deles tem dado o maior e mais forte testemunho do que eram Dulcinéia e Evaldo. Embora nas redes sociais, a coisa seja diferente, com julgamentos e suposições, temos buscado resignação para lidar com isso.

Peço aqui, humildemente, que todos rezem por nós. Rezem pela Lu. Rezem por mim. Pela minha mãe. Pelo meu cunhado, marido da Lu que sofre calado e por seus filhos jovens. Rezem pela nossa família.

Rezem muito pela família de Dulcineia e Evaldo, a quem seu eu pudesse dizer algo, eu diria: que lindos vocês, juntos até o fim. Pena que, ao final, o destino tenha cruzado nossos caminhos desse jeito. Pena…

Ao meu Brother, um recado. Como de outras vezes, eu entrego, aceito, confio e agradeço. Não to entendendo nada, mas sei que em tudo há um propósito.

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