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Brasília

Greves: previsão de caos no transporte público do DF

Arquivo Geral

20/09/2018 7h00

Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasília

 João Paulo Mariano
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A próxima semana promete começar complicada para os usuários do transporte público da capital. A partir da 0h de segunda-feira, rodoviários e metroviários devem paralisar as atividades para reivindicar demandas trabalhistas. Assim, os milhares de cidadãos que dependem desses meios de locomoção ficarão desassistidos.

O Sindicato dos Metroviários (Sindmetrô) enumera as pautas descumpridas pela empresa, estabelecidas em acordo: o pagamento do reajuste salarial retroativo prometido em 2015 e a nomeação de concursados.

Apesar de o pleito girar em torno da questão financeira, o secretário de assuntos jurídicos do Sindmetrô, Leandro Santos, argumenta que nenhum dos pedidos pretende onerar os cofres públicos. A alegação dele é que já houve provisionamento financeiro para tais atos, mas depois foi retirado.

Além disso, o Metrô-DF estaria descumprindo um acordo adicional feito neste ano, que pedia a criação de um canal de comunicação entre a empresa e os funcionários para mostrar o que está sendo cumprido ou não entre as definições feitas entre as partes. Ele ainda cita situações menores que não estariam sendo respondidas, como a discussão sobre a manutenção das escalas dos pilotos – de 6 horas diárias -, e a mudança de 8 horas para 9 horas e meia dos seguranças.

As contratações dos profissionais que passaram nos últimos concursos também não estariam sendo cumpridas da forma correta, segundo a direção do sindicato. Houve até um pedido do Tribunal Regional do Trabalho para que ocorresse um cronograma de chamamento para que ninguém ficasse de fora. Porém, o prazo do concurso de parte deles expira no fim deste mês.

Negociações

Apesar de terem ocorrido duas reuniões entre empresa e sindicato – a última na manhã dessa quarta -, não houve um acordo capaz de reverter a decisão pela greve, tomada no último domingo. Para o sindicalista Leandro Santos, o Metrô-DF ainda não apresentou nenhuma contraproposta que respondesse aos questionamentos dos trabalhadores, emitidos durante a assembleia. “Decidimos que, se o Metrô não responder por todas as demandas, será mantida a greve por tempo indeterminado”, afirma.

A promessa é de que amanhã haja uma nova mesa de negociação. No entanto, Santos adianta que, com a paralisação por tempo indeterminado, o sindicato vai garantir a circulação mínima de 30% dos trens, tanto nas horas de pico quanto entre esses turnos.

Ônibus

Também no último dia 16, os rodoviários decidiram por iniciar uma paralisação à 0h da próxima segunda-feira. Os empregados querem reajuste salarial de 7%, para que haja reposição em relação à inflação e um aumento propriamente dito. A categoria declara que também manterá 30% da frota rodando, como pede a lei, nos dias de paralisação geral dos ônibus.

Metrô-DF elenca investimentos

Em resposta ao anúncio de greve, a direção do Metrô-DF assegura que está contato com a categoria para encontrar “soluções positivas para a população, para os empregados e para a empresa”.

O Metrô-DF garante que, nos últimos anos, fez modificações no sistema e trabalha pela modernização. Inclusive, nesta manhã, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) deve assinar o edital de licitação da expansão da linha 1. Duas estações devem ser construídas na região de Samambaia.

A empresa também alegou, em nota, que houve um aumento dos investimentos de modernização e manutenção do sistema e que, apenas no ano passado, foram gastos R$ 25 milhões. Porém, em relação ao reajuste salarial retroativo cobrado desde 2015, não há uma decisão tomada, uma vez que o assunto está na Justiça e cabe recurso.

Já sobre as contratações, o Metrô- DF informa que, dos 232 aprovados do último concurso, 216 foram convocados. Com 1.179 vagas ocupadas em todas as áreas da empresa, atualmente há um déficit de 136 pessoas.

Existe uma previsão para novas contratações assim que as estações do Cine Brasília (106 Sul), da 110 Sul e da Estrada Parque estiverem prontas. (J.P.M.)

Saiba Mais

O processo que questiona a licitação dos ônibus está na pauta do Tribunal de Justiça. Pela segunda vez neste ano, houve pedido de vista de um dos cinco desembargadores que analisam o recurso feito pelo Governo de Brasília e pelas empresas Marechal, Pioneira e Piracicabana para que não haja o cancelamento de parte da licitação, feita em 2012.

O julgamento começou na tarde de ontem, mas foi interrompido a pedido do desembargador Flávio Rostirola, que pediu mais tempo.

Ele será o último a votar. O placar está em 3 contra 1 a favor da decisão que determinou o cancelamento

Ainda não há uma nova data para o retorno do julgamento.


Ônibus aceitam cartão bancário

Rafaella Panceri
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Dez ônibus da Urbi que circulam entre o Recanto das Emas e a Rodoviária do Plano Piloto começaram a aceitar pagamento de passagens por cartões de crédito e de débito, na linha 0.809. A novidade, anunciada ontem, é fruto de uma parceria da empresa com a Secretaria de Mobilidade do DF e financiada pelo Banco Regional de Brasília (BRB). Segundo a Urbi, todos os ônibus articulados devem receber os leitores de cartão bancário até 31 de dezembro. A Semob afirmou que coletivos de outras empresas devem aderir a partir de 2019.

Nos 10 articulados que já funcionam com a novidade, não haverá máquinas convencionais de cartão. O pagamento será feito por aproximação, no mesmo leitor utilizado por usuários do bilhete único e cartões estudantis. O usuário precisa ter um cartão com a tecnologia contactless, que não precisa de máquinas nem de senhas. Por enquanto, o recurso está disponível apenas para MasterCard.

Quem utiliza aplicativos como o Samsung Pay e o Apple Pay, onde é possível cadastrar o cartão de crédito e efetuar pagamentos por aproximação via ondas de rádio, também pode começar a pagar as viagens de maneira 100% digital. Outra possibilidade é utilizar relógios inteligentes como o Apple Watch — eles armazenam dados bancários e possibilitam pagamentos dessa natureza.

Os leitores de cartões convencionais foram substituídos na última segunda-feira, segundo a Urbi. O secretário de mobilidade, Fábio Damasceno, considera que a popularidade da solução depende dos bancos. “Para criar cartões com a tecnologia e divulgar. Em Brasília, um banco estatal fez isso e demonstra o interesse em fomentar o uso”, afirma, ao se referir ao novo cartão do BRB, o BRB Card Cidadão, que se propõe a ser multifuncional e ser utilizado para transporte e compras comuns.

Para o GDF, o custo com a tecnologia foi zero. “A ideia surgiu com o bilhete único. Em conversas com o BRB e a MasterCard, identificamos a intenção de trazer novas tecnologias de pagamento para o DF. Descobrimos que o modelo estava sendo usado em ônibus em outras cidades e iniciamos os testes em 2017”, lembra Fábio Damasceno.

“O cartão ensinará a ‘bancarização’ ao usuário, que poderá resolver a vida de maneira mais prática, além de aumentar a segurança, com a retirada do dinheiro a bordo”, aponta.

Limitações na estreia da tecnologia

O JBr. foi às ruas para testar o novo modo de pagamento nos ônibus da Urbi, mas encontrou limitações. Os coletivos equipados com o recurso não são identificados, os funcionários não sabem informar sobre a funcionalidade e os cartões compatíveis são escassos. Ao optar por utilizar os cartões digitais no celular ou o relógio inteligente, o usuário precisa, ainda, ter cartões compatíveis. Atualmente, no Brasil, as opções são restritas — seja nos bancos, seja entre as bandeiras.

Na Rodoviária do Plano Piloto, a reportagem encontrou um coletivo da linha 0.809 e confirmou que o novo validador foi instalado. Cobradores e motoristas, porém, não sabiam o porquê. “Agora, a tela é azul ao invés de cinza, mas não fomos informados de nada ainda. A empresa sempre dá treinamentos”, expôs o cobrador Reginaldo Gomes, 42.

O cobrador Paulo Silva, 48, mostrou uma mensagem enviada no grupo corporativo no WhatsApp. Nela, um texto anunciava a novidade. “Ainda não recebemos treinamento, mas se funcionar vai melhorar muito a segurança”, opina. O motorista Samuel Barbosa, 33, acha que os assaltos vão diminuir. “Em uma viagem, arrecadamos R$ 600. Sem dinheiro em caixa, pode evitar”.

O servidor público Pedro Araújo, 52, disse que não sabia do recurso, mas que utilizaria, se tivesse acesso. “É mais seguro do que andar com dinheiro”, considera. A manicure Luzeni Costa, 25, concorda. “Às vezes não temos tempo de sacar. Usaria sim, mas não estou sabendo de nada.”


Serviço

Como utilizar
Seu cartão é compatível?
O recurso só funciona para MasterCard, na linha 0.809
O cartão precisa ter a tecnologia “contactless”
Esse tipo de cartão pode ser identificado com um símbolo semelhante ao de WiFi, no canto superior direito.

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