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Brasília

Feminicídio: Familiares e amigos se despedem de professora

O enterro da professora Débora Tereza Correia foi realizado na tarde desta terça-feira (21), no Cemitério Campo da Esperança

Aline Rocha

21/05/2019 17h37

Foto: Vitor Mendonça/Jornal de Brasília

Ana Karolline Rodrigues
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Familiares e amigos se despediram, nesta terça-feira (21), da professora Débora Tereza Correia, 43 anos, assassinada pelo ex-namorado, Sérgio Murilo dos Santos, 51 anos, na sede da Secretaria de Educação do DF, na 511 Norte, nessa segunda-feira (20). Em tom de revolta, mulheres seguravam cartazes no Cemitério Campo da Esperança pedindo por um “basta” nos feminicídios. “Não foi só a Débora que morreu hoje, fui eu também, fomos todas nós”, disse uma das amigas da vítimia, Michele Sales Correia, 46 anos.

Segundo a também professora, que trabalhou com ela no Centro de Ensino Especial 01, em Sobradinho, ela era uma mulher “muito reservada”, mas não conseguia esconder que sofria em seu relacionamento com o policial civil. “Ela ficou com ele por aproximadamente um ano. Mas lembro que uma vez perguntamos como estava o namoro e ela disse que ‘estava indo’. Só que claramente a gente sabe que isso quer dizer que não está nada bem”, afirmou. Ela já se fechava muito, mas ainda dava para ver que aparentava estar triste”, contou Michele.

De acordo com ela, o ex-namorado de Débora era “um homem frio”. “Uma vez, ele foi até a escola, chegou para falar com ela e eu vi quando ele a segurou pelo braço e apertou com força”, relatou. “Nós tentamos conversar com ela [sobre possíveis casos de violência], mas ela era muito fechada, não falava sobre”, completou.

Foto: Vitor Mendoça/Jornal de Brasília

Em tom de alerta a mulheres que passam ou que conheçam alguma mulher que passe por situações de agressão, ela, que se considera ativista na causa feminista, chamou atenção para a importância da denúncia. “São coisas pequenas, começam com coisas assim. Então eu digo, se atentem aos sinais, até os menores. E não deixem de denunciar, é sempre importante para que não se acabe assim”, reforçou.

Logo antes do enterro, familiares deixaram palavras e fizeram orações para se despedir de Débora. “Que a sua bondade, seu amor, sua persistência esteja com cada um de nós. Que nós possamos professar a esperança de um mundo melhor, de uma vida melhor, de um momento melhor”, disse uma mulher.

Entenda o caso

Nessa segunda-feira, Débora Correia se tornou a a 13ª vítima de feminicídio no Distrito Federal neste ano, após o ex-namorado, o policial civil Sérgio Murilo dos Santos, disparar duas vezes contra ela. O crime ocorreu pela manhã, em seu local de trabalho, na sede da Secretaria de Educação do DF na 511 Norte. Ela morreu no local. O assassino se matou em seguida.

De acordo com o delegado da Polícia Civil do DF (PCDF), Laércio Rossetto, o acusado se identificou na portaria e subiu para o terceiro andar, local onde Débora se encontrava. Teria ocorrido “uma breve discussão” antes dos disparos. O delegado informou que o agressor e a vítima tiveram um relacionamento no passado, mas estavam separados, e que Débora já tinha registrado mais de uma ocorrência contra Sérgio, por ameaça e perturbação de tranquilidade. A investigação será conduzida pela Corregedoria da Polícia Civil.

Segundo uma amiga da vítima que preferiu não se identificar, o relacionamento não foi longo e ela não chegou a morar com ele. “Quando ela interrompeu o namoro, ele não aceitou”, disse.

A amiga a descreve como uma pessoa “muito reservada” e que ela teria contado a ameaça a poucas pessoas. “Em um dia (no ano de 2017), ele passou três horas a ameaçando dentro de um carro. Aí ela denunciou. Em 2017, ela passou a ter medidas protetivas. Ela se mudou do local em que ela morava. Para se ter uma ideia, ela não colocou mais nada no nome dela. Ele deve ter rastreado a Débora pelo trabalho. Ela teve que mudar de trabalho. Infelizmente, isso não impediu que o assassinato ocorresse”, relatou.

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