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Fazer mais gastando menos: Iges-DF lança comitê de controle de gastos

Em entrevista exclusiva ao Jornal de Brasília, diretor-presidente fala sobre o projeto e outros temas. Para ele, hoje, a população se sente segura ao procurar uma das unidades do instituto: “Não há falta de profissionais nas unidades do Iges-DF”

Willian Matos

20/10/2019 12h01

Willian Matos
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Na próxima segunda-feira (21), o Instituto de Gestão Estratégica da Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) lança o comitê de controle de gastos. Resumidamente, a pasta quer fazer mais pela saúde local, gastando menos do orçamento.

O Iges-DF, hoje, além de ser responsável por administrar o Hospital de Base, o Hospital Regional de Santa Maria e as seis Unidades de Pronto Atendimento espalhadas pela capital, quer concluir feitos importantes, como a construção de mais sete UPAs. Como fazer tanto e gastar ainda menos? O diretor-presidente do instituto, Francisco Araújo, em entrevista exclusiva do Jornal de Brasília, explica.

Sobre o comitê, Francisco comenta que, além de economizar, é preciso estar atento a cada gasto realizado. “Para salvar mais vidas, fazer mais cirurgias, realizar mais consultas e disponibilizar mais medicamentos, precisamos ter esse olhar de lupa para cada centavo que o Iges-DF gasta. Temos um orçamento de quase R$ 1 bilhão para administrar o Hospital de Base, o de Santa Maria e as seis UPAs, além das sete que iremos construir. Partindo desse princípio de melhorar e controlar os gastos, instituímos esse comitê para mergulharmos nas contas passadas, melhorarmos os contratos e otimizarmos o gasto público.”

Para o diretor-presidente, é imprescindível que haja controle, porque, entre outras coisas, o Hospital de Base, por exemplo, é uma unidade de trauma. “O Base fazia 700 cirurgias por mês. Hoje, estamos fazendo mais de 1000. Mas o mês que vem não há como prever, pois pode haver aumento nos acidentes, traumas ou tratamentos de câncer. São gastos muito flutuantes”, elucida. “Se o Iges-DF não tiver um controle severo para com as despesas, nós entraremos em uma dificuldade financeira no futuro.”

Mais sete UPAs

Além do tema central da entrevista, que é a criação do comitê de controle de gastos, o diretor-presidente respondeu questões acerca de outros pontos importantes para a saúde do DF, como as sete UPAs prometidas pelo instituto. Segundo ele, a ordem de serviço para a construção das unidades será expedida no início de novembro.

“São UPAs porte 1, pequenas, que o plano de saúde do DF comporta bem. Com as seis já existentes, teremos 13 unidades”, projeta. “Em Ceilândia, temos um hospital com mais de 100 leitos e 98 equipes de saúde da família, mas apenas uma UPA para uma população de mais de 300 mil habitantes. Então, cabe muito bem outra UPA ali. Brazlândia tem 150 mil habitantes. Quando uma pessoa de lá precisa de uma unidade de pronto atendimento, tem que se deslocar para Ceilândia”, comenta Francisco.

Energia do Hospital de Base

Recentemente, o Iges-DF traçou 15 metas a serem concluídas até o final de 2020. Algumas delas são voltadas ao Hospital de Base, como, por exemplo, a criação de uma subestação de energia elétrica. Sobre isso, Francisco explica que intervir na rede elétrica é investir no coração da unidade. “O Hospital de Base, hoje, tem 1000 kW de energia. Para operar com a capacidade ideal, nós precisamos de 4000 kW. Com a criação da subestação elétrica, estaremos mexendo no coração do hospital, que ainda é da época que ele foi construído, explica.

Foto: Henrique Kotnick/Jornal de Brasília

 

“O Hospital de Base é um avião, mas ele nunca voou. Se não houver investimento na energia do maior hospital do Distrito Federal, nunca sairemos do patamar em que ele está.”

Novos profissionais

Orgulhoso dos feitos, o diretor-presidente crava que a população se sente segura quando procura uma unidade do Iges-DF, seja Hospital de Base, Hospital Regional de Santa Maria ou uma das seis UPAs. Para justificar isso, ele traz alguns números: “Só para Santa Maria, nós contratamos mais de 900 profissionais de saúde. Os serviços disponibilizados no HRSM estão completos. Nossas seis UPAs estão completas, com três a quatro médicos por plantão”, afirma. “Não há falta de profissionais nas unidades do Iges-DF”, conclui.

“Quando a população é atendida, ela não reclama. Todo cidadão quer a consulta, o exame, a cirurgia e o medicamento. O que sufoca a população é a falta de resposta. Não dá para procurar um posto de saúde e esperar dois meses para ser atendido, três meses para realizar um exame, mais dois para o médico ler o resultado… passou-se um ano perambulando. No final ninguém acredita mais.”

“Se nós fossemos um trem, eu diria que estamos na cabeça do trem puxando o restante do vagão. De janeiro para cá, quando o governador Ibaneis assumiu, o instituto contratou cerca de três mil pessoas, fez mais de sete mil cirurgias, reformamos e equipamos as sete UPAs. Hoje, o tema mais falado dentro do sistema de saúde do Distrito Federal é o Iges-DF.”

Projeto Humanizar

O diretor-presidente aproveitou o ensejo para falar a respeito do Projeto Humanizar, que será comandado pela primeira-dama, Mayara Noronha. A ideia é colocar pessoas treinadas e capacitadas para atender o paciente na porta de cada unidade de saúde do DF. “Hoje, se um cidadão chega à porta da UPA de Ceilândia e ele não tem o perfil da UPA, mas sim de outra unidade, ele não sabe para onde ir, se tem médico ou não… Na porta da unidade, irão informar: ‘olha, procure o lugar tal, seu perfil é de lá, pode ir que tem atendimento’. Quando a gente humaniza esse atendimento, estamos, sem sombra de dúvida, dando dignidade para as pessoas”.

Finalizando, o diretor-presidente falou sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), implementado no país. Para ele, o modelo é de suma importância, sobretudo à população mais carente. Ainda de acordo com o chefe do Iges-DF, é necessário que se tenha compreensão para com certos problemas da saúde pública.

“O SUS é muito importante para o povo brasileiro. O que a gente pede é uma reflexão maior de quem critica o sistema, mas não precisa dele. Não que não possa haver crítica, mas o olhar das pessoas tem de que ser de dentro para fora. Existe uma capacidade instalada, mas as demandas sociais são sempre maiores do que a capacidade resolutiva, seja em qualquer órgão do Estado. Mesmo assim, peço que a população não perca a esperança. As pessoas que estão no GDF irão cumprir com a nossa obrigação de proteger e dar dignidade o cidadão.”

Confira a entrevista completa

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