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Brasília

Falta de EPIs aumenta risco de contaminação de peritos criminais do DF

Especialista diz que, atualmente, há cerca de 3 mil máscaras de proteção em estoque e menos de 300 peças de macacão

Redação Jornal de Brasília

23/05/2020 7h30

Atualmente sem casos de covid-19, os peritos criminais do Distrito Federal, que continuam fazendo o trabalho de campo mesmo com o isolamento social, estão preocupados com o risco de falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) a partir de agosto. “A quantidade que temos disponível dá para aproximadamente 2 a 2,5 meses. A falta de EPIs pode fazer com que haja contaminação dos peritos criminais””, afirma Thiago Barbosa, presidente da Associação Brasiliense de Peritos em Criminalística (ABPC). 

Além do maior uso dos equipamentos de proteção individual devido à pandemia do novo coronavírus, a Polícia Civil do Distrito Federal está tendo dificuldade em comprar esses EPIs, comenta. “E não é por falta de esforço, mas porque a demanda aumentou”, explica. Barbosa diz que atualmente há no estoque cerca de 3.000 unidades de máscaras de proteção e menos de 300 peças de macacão Tyvek, capaz de proteger tronco, membros superiores e inferiores. Segundo ele, o plano de contingência adotado pelos peritos criminais foi um dos fatores que contribuiu para não ter casos de covid-19 entre os profissionais. 

Elaborado pelos próprios peritos, esse plano de contingência estabelece normas e procedimentos a serem seguidos pelos profissionais durante os procedimentos de perícia. Em pelo menos um dos quatro cadáveres que passaram pelo processo de perícia nas últimas três semanas o teste para o novo coronavírus deu resultado positivo, diz Barbosa. O plano é adotado nos seguintes casos: perícia em locais com cadáver; múltiplos acionamentos, em um mesmo período, em locais com cadáver; múltiplos cadáveres em um mesmo local; e perícia em locais sem cadáver. 

As medidas previstas no plano de contingência para atuação das equipes de operação criminal buscam nortear o profissional enquanto opera, afirma Beatriz Figueiredo, perita criminal e uma das responsáveis pelo protocolo adotado em março. “Como muitas vezes as equipes não sabem se no local de crime haverá um ou mais indivíduos contaminados por coronavírus, temos tomado medidas rígidas de proteção para equipe, que começam bem antes do deslocamento ao local da infração penal e perduram até o final da perícia”, explica. 

Tais procedimentos de segurança são aplicados na desinfecção dos materiais de uso; higienização das viaturas; paramentação de segurança com EPIs (macacão de segurança, máscara de proteção, protetor facial, luvas de procedimento e sapatilhas pro-pé); acondicionamento dos vestígios coletados no local em embalagens próprias que são etiquetadas com aviso de cuidado no manuseio; entre outras.  

“Somos várias equipes de peritos rodando 24 horas por dia, todos os dias da semana. A falta de EPIs coloca os nossos peritos criminais em um cenário de alta vulnerabilidade à infecção pelo coronavírus e também torna vulnerável a população das regiões onde realizamos as perícias de local de crime, bem como as vítimas, além de colocar em risco os familiares dos nossos profissionais”, ressalta a perita criminal Renata Granjeiro, também autora do plano de contingenciamento adotado. 

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