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Brasília

Empresário é acusado de mandar destruir casas de moradores de comunidade cearense

Inquérito obtido com exclusividade pelo JBr explica as ações do empresário, velho conhecido na capital federal

Redação Jornal de Brasília

16/12/2020 13h58

Preso desde a noite do dia 7 de dezembro, em Brasília, o empresário Francisco Moacir Pinto Filho teve pedido de soltura vetado pelo Tribunal de Justiça do Ceará. O empresário, conhecido em Brasília por já ter sido dono do Cemitério Campo da Esperança, é acusado por moradores de uma comunidade em Beberibe, no litoral leste cearense, de destruir as residências e expulsar a comunidade do local para construir uma usina eólica.

Documento obtido com exclusividade pelo Jornal de Brasília mostra que, na madrugada do dia 26 de setembro deste ano, moradores de um sítio na região teriam sido acordados com barulhos de um trator que, acompanhado de um veículo Pajero, derrubava casas no local.

No inquérito, as vítimas relataram que, nos veículos, estavam cinco homens, vestidos de preto, sendo um deles o suposto advogado de Moacir. Seria ele, então, o responsável por ordenar que o trator destruísse as casas. Em uma das residências, parcialmente destruídas pelos homens, estavam duas crianças, de 1 e 2 anos. As vítimas relataram que “o advogado determinava ao tratorista, a todo momento, que a escavadeira derrubasse o imóvel ‘com todo mundo dentro’”. A ação teria sido impedida por moradores, que fizeram uma barreira humana, mas foram jurados de que a casa ainda seria derrubada.

Veja parte do inquérito: 

O último ato violento teria acontecido no dia 30 de novembro. Francisco foi preso e, com ele, foram encontrados R$ 500 mil, dólares e euros. Ele está sendo investigado por dano qualificado e tentativa de homicídio pela Polícia Civil do Ceará.

A denúncia também traz agressões cometidas no momento desses atos violentos, em que uma senhora de quase 80 anos teria sido jogada no chão. Além disso, testemunhas relataram que foram realizados disparos por arma de fogo contra as vítimas.

Nos autos, foi narrado que, durante um dos atentados, os homens foram violentos e afirmavam que os moradores teriam de sair do local, já que as terras “pertenceriam a Francisco Moacir”. Para ganhar a disputa por meio da força, eles teriam jogado spray de pimenta nos moradores e, novamente, atirado contra eles. Ao tentar impedir a derrubada de sua casa, uma das vítimas teria se colocado em frente aos veículos que acompanhavam os homens, sendo atropelada e ameaçada que os criminosos “voltarão ao local para derrubar a casa”.

O inquérito afirma que “os relatos das vítimas e testemunhas do caso demonstram nitidez e congruência entre si, narrando detalhes do ocorrido na madrugada do dia 26 de setembro e na do dia 30 de novembro”. Vítimas e testemunhas também afirmaram terem visto os veículos que participaram das ações rondando a região dias antes.

Tendo em mãos os fatos relatados, a Polícia Civil do Estado do Ceará decretou a prisão preventiva de Francisco Moacir, que “tenta, há anos, retirar à força os moradores da localidade, utilizando de seu poderio econômico para agir com violência e derrubar as casas construídas no local”.

Velho conhecido na capital

O empresário possui um passado conhecido na capital. Em 2008 um relatório elaborado por técnicos da CPI dos Cemitérios pedia o indiciamento de Francisco, à época presidente do Cemitério Campo da Esperança, e outras 11 pessoas.

O relatório apontava má conservação dos cemitérios, existência de um depósito clandestino de ossadas na unidade do Gama e desrespeito aos túmulos. Entretanto, alguns dias depois, distritais integrantes da CPI decidiram pôr fim nas investigações na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) 45 dias antes do prazo estabelecido. A sessão contava com quórum completo.

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