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Brasília

‘Ele a matava todos os dias desde a 1ª vez que bateu’, diz amiga de vítima de feminicídio na Asa Norte

Arquivo Geral

29/01/2019 17h00

Corpo de Diva Maria, vítima de feminicídio na Asa Norte, foi enterrado no Campo da Esperança da Asa Sul. Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasília

Ana Karolline Rodrigues
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Com muita comoção, familiares e amigos de Diva Maria Maia da Silva, 69 anos, vítima de feminicídio ocorrido na 316 Norte, acompanharam seu velório e sepultamento nesta terça-feira (29), no Cemitério Campo da Esperança. Segundo a vizinha e amiga de Diva Tatiana Martinelli, 41 anos, o autor do crime, Ranulfo do Carmo Silva, 72, já agredia a esposa há anos. “Ele a matava todos os dias desde a primeira vez que bateu nela. Há cerca de 50 anos ele a matava um pouquinho a cada dia, até ontem, que tirou a vida dela definitivamente”, afirmou Tatiana, que conhecia a vítima há 30 anos.

Na capela 2 do cemitério, onde ocorreu o velório, a vizinha contou ao Jornal de Brasília que ela era “uma pessoa muito boa” e que sempre pareceu muito sozinha. “Diva sempre ia para a minha casa conversar com a minha mãe, ficava conversando com os outros vizinhos, mas tudo escondido, porque ele não a deixava sair. Ele tinha outras (mulheres), várias, dava em cima da gente até quando éramos crianças. É um homem da pior espécie”, denunciou.

Diva Maria, morta pelo marido na Asa Norte. Foto: Raphaella Sconetto/Jornal de Brasília

Agressões frequentes

A moradora do Bloco E da 316 Norte ainda relatou que frequentemente vizinhos notavam marcas de agressões na mulher. “Todo mundo sabia. A gente a via com o olho roxo. Ele sempre bateu nela”, disse. Questionada se Diva nunca buscou denunciar o agressor, Tatiana afirmou que diversas vezes a idosa desabafou com sua mãe que temia ser assassinada, mas que, por temer ainda mais pelo filho, preferia não buscar a polícia. “Essas mulheres de antigamente não denunciam, não. Isso de denunciar é coisa de mulheres da geração de 1980 para cá. Ela tinha medo de ele fazer algo com o Regis. Já chegou lá em casa e falou para a minha mãe que ele iria matá-la, mas que ela não iria fazer nada por conta do filho”, narrou.

Durante o enterro, choro e orações marcaram o momento. Segundo Tatiana, porém, para conhecidos de Diva, a triste situação não era algo imprevisível. “Está todo mundo assustado, mas não é inesperado. Ela já sofria há anos”, disse. “É muito importante que mulheres entendam a necessidade da denúncia, de não aceitar isso”, alertou.

Corpo de Diva Maria, vítima de feminicídio na Asa Norte, foi enterrado no Campo da Esperança da Asa Sul. Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasília

Filho internado

Sobre o filho da vítima, Regis do Carmo Correa Maia, 47 anos, também baleado por Ranulfo nessa segunda-feira (28), a amiga da vítima relatou que o homem já está consciente e falando, porém que está bastante abalado pelo o que aconteceu com a mãe. “Ele não morava lá, mas sempre ia à casa dela ver como ela estava, cuidava dela. Ele está muito abalado agora”, contou.

Segundo Tatiana, Regis, que está internado no Instituto Hospital de Base, está estável no momento. Ele levou três tiros após uma discussão com o pai na manhã dessa segunda. Durante o velório de Diva, familiares e amigos se reuniram e fizeram orações pela melhora no quadro de Regis. “Acabou o sofrimento, acabou a dor dela. Agora vamos orar pelo Regis, que está naquele hospital. Vamos pedir pela cura dele”, dizia uma mulher.

Ranulfo foi preso logo após assassinar a esposa por equipes da Polícia Militar que o perseguiram com helicóptero. A perseguição acabou às 11h15, 40 minutos após o crime. Ele vai responder por feminicídio, homicídio tentado e posse e porte de arma de fogo.

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