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Brasília

Chuvas evidenciam problemas de infraestrutura no DF

Arquivo Geral

30/10/2018 7h00

Atualizada 29/10/2018 23h43

Buracos nas ruas causam transtornos no DF. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Raphaella Sconetto
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Basta o período chuvoso iniciar para que os brasilienses comecem a sentir na pele a falta de infraestrutura das vias do Distrito Federal. Alagamentos provocados pela falta de captação e drenagem de água, lama e buracos tomam conta das ruas. Moradores criticam a ausência do governo e de medidas que possam prevenir os velhos problemas. A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), por outro lado, alega que o trabalho de manutenção das vias é contínuo.

A realidade não se restringe a regiões administrativas que passam por regularização, como Vicente Pires e Sol Nascente, onde houve inundações e abertura de crateras na semana passada. Na área central, apenas a chuva que caiu ontem à tarde foi suficiente para alagar uma tesourinha na 210 Norte e inundar pontos da Asa Norte – na altura das quadras 2, 6 e 11. De acordo com o Corpo de Bombeiros, não houve vítimas.

O porteiro João Batista Rodrigues, 45 anos, trabalha há dez anos em um prédio que fica em frente à tesourinha da 210 Norte. Em todo esse tempo, já perdeu as contas de quantos moradores relataram transtornos por conta das chuvas. “Já vi muito carro ficando embaixo dessa tesourinha e até lá na frente, na 202. Já ouvi história de alagar não só a tesourinha, mas a passagem de pedestre até o teto”, conta.

Para ele, porém, nos últimos houve mudanças no trabalho de limpeza do governo. “Tivemos muita chuva esse ano, mas poucas alagaram. Antes, toda chuva inundava e alagava. Vi que mexeram em algo nos bueiros, retiraram bastante folha, fizeram uma coleta, mas acho que ainda é pouco. O governo sabe que aqui alaga, então deveria vir mais vezes”, comenta.

Águas Claras

Com apenas 15 anos de criação, Águas Claras também tem seus problemas. Na Avenida Jequitibá, dois buracos surgiram no último mês. Apenas um foi tapado. “Tinha um enorme e a gente até colocou um cone dentro, mas fecharam nos últimos dias”, indica o encarregado de um prédio Márcio Alves, 50, apontando para o remendo no asfalto. Mas, logo à frente, havia outro. “A qualidade do asfalto é ruim. Chove, os carros passam e é rapidinho para abrir o buraco”, critica.

Morador de Samambaia, Márcio afirma ainda que a situação é pior para ele que anda de motocicleta. “Quando chove, a gente não consegue ver os buracos. O risco de cair é muito grande. Não era para ser assim, aqui (Águas Claras) é uma região nobre. Os remendos não aguentam. Os buracos abrem no mesmo lugar”.

Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Regiões afastadas sofrem

A 30 quilômetros do Congresso Nacional, moradores de Ceilândia também reclamam da situação das vias. Ali, não é preciso andar muito para encontrar ruas com asfalto desregulado, início de infiltração de água e buracos. Quando a reportagem esteve na região, ao menos quatro foram vistos com facilidade. Um na QNN 18, no cruzamento com a Hélio Prates, e três na mesma rua da QNN 19.

O ambulante João Pedro de Brito, 19 anos, trabalha vendendo balas no semáforo da QNN 18. Ele conta que o buraco surgiu antes mesmo da chuva, mas o governo não reparou ainda. “Tem dois meses que está aí. O buraco começou pequeno, mas cresceu depois da chuva. Muitos carros caem. Já ouvi dizer que teve gente que estourou pneu. Mas até agora não vieram tapar”, conta. Ele acrescenta que está no local todos os dias da semana e nunca viu nenhuma equipe sequer registrando que ali há o problema.

Em Samambaia, há buracos na QI 416, próximo à descida do Clube Primavera. A reportagem também flagrou a mesma situação em Santa Maria e Taguatinga Sul.

Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Versão Oficial

Desde o início do governo de Rodrigo Rollemberg (PSB), em 2015, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) gastou R$ 448 milhões com a contratação de empresas terceirizadas para a manutenção das vias públicas, além de R$ 144 milhões com a produção de massa asfáltica utilizadas pelas equipes.

Ao todo, foram 15,3 milhões de massa asfáltica produzida nos quatro anos de governo, dando uma média de 3,8 milhões por ano. “A Novacap também esclarece que a produção de massa asfáltica atende às regiões administrativas, por meio de pedidos feitos pelas administrações regionais, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), o Exército, além de realizar serviços de manutenção de ruas e avenidas solicitadas pela comunidade na Ouvidoria da companhia”, informou, em nota.

Neste ano, Taguatinga foi a cidade em que mais usou massa asfáltica, com 756 toneladas. Em seguida vem Vicente Pires (541 toneladas), Ceilândia (381 toneladas), Gama (332) e Guará (279 toneladas). “A Novacap acrescenta que, no período chuvoso, mantém equipes por todo o Distrito Federal na realização da operação tapa-buracos, uma vez que se trata de uma atividade contínua que integra o processo de manutenção da cidade”, finalizou a nota.


Compromissos

O que Ibaneis Rocha pretende fazer
Em seu plano de governo, o governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) cita que pretende ampliar as redes de drenagem de águas pluviais para evitar alagamento de vias, residências e áreas comerciais; executar as manutenções e ampliar a malha rodoviária e demais localidades pavimentadas, sem comprometer a mobilidade urbana; e, adotar um sistema de tecnologia moderno para garantir a manutenção contínua de pontes, viadutos, passagens de pedestre, calçadas e demais estruturas instaladas no DF, com vistas à promoção da acessibilidade.

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