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Brasília

Blocos atraíram milhares de brasilienses no fim de semana

Arquivo Geral

05/02/2018 6h30

Myke Sena/Jornal de Brasília

Raphaella Sconetto
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Em ritmo de Carnaval, o último fim de semana antes do Feriadão reuniu 17 blocos nas ruas do Distrito Federal. Nem mesmo a chuva e o tempo nublado desanimaram os foliões. Ontem, o Cafuçu do Cerrado, o Encosta que Cresce e o Falta Pouco animaram os brasilienses. Segundo a Polícia Militar, mais de 52 mil pessoas participaram dos blocos ontem. Não houve registro de ocorrências graves.

A folia, que começou no dia 20 de janeiro está prevista para durar até o fim do mês: 25 de fevereiro. Nem todos os brasilienses vão passar o feriado na capital, mas aproveitam os eventos do pré-carnaval, como é o caso da psicóloga Fernanda Reis, de 38 anos. Ela vai comemorar no Rio de Janeiro.

“Morei muitos anos no Rio e lá o Carnaval é muito forte. Então, fico só o pré aqui. O bom é que aproveito os dois carnavais”, brinca. A psicóloga acompanha as festas de Brasília e afirma que o pré-Carnaval está tranquilo. “É o quarto ano que venho aos blocos do pré. O clima está ótimo, super animado, e respeitoso”, aponta.

A acupunturista Angélica Abdala, 35 anos, estava com a filha Anne, de 4 anos, no bloco Cafuçu do Cerrado. Angélica não gostava dos eventos carnavalescos, mas, por conta da criação de novos blocos de rua, passou a frequentar. “Foi de uns cinco anos para cá. Gosto mais dos bloquinhos menores, independentes, porque são mais tranquilos, dá para trazer minha filha e não tem tanta gente. Os maiores são mais perigosos, risco de assalto e muita gente bêbada”, acredita.

Também frequentador do Cafuçu do Cerrado, o servidor público Walter Cunha, de 28 anos, aponta a efervescência do Carnaval do DF como uma independência cultural. “A impressão que tenho é que ainda estamos começando, estabelecendo os blocos de rua, mas isso significa um amadurecimento cultural de Brasília em relação a outras cidades”, analisa.

Mesmo com o tempo fechado e chuviscando, Walter aproveitou. “Não vai ser a chuva que vai me impedir sair da rua. O que importa é a diversão. É só uma vez no ano, então, temos que aproveitar”, afirma. Acompanhado dos amigos, Walter o grupo pensaram em uma fantasia exclusiva para pular o pré-carnaval: academia dos anos 80.

O Encosta que Cresce está nas ruas há quatro anos e já tem motivo para comemorar. “Vejo que a cada ano conseguimos trazer mais gente para dançar, pular”, vibra o produtor do bloco, Edson Sertão. Segundo a PMDF, o bloco atraiu 50 mil participantes ontem. “Nosso bloco bateu recordes de público em Brasília. É uma maravilha fazer parte disso. A galera de Brasília, principalmente o jovem, adora o carnaval e isso emociona a gente”, comemora o produtor.

Intolerância e agressões

No sábado, o bloco Quem Chupou Vai Chupar Mais saiu às ruas do Setor Comercial Sul. Voltado ao público LGBT, foliões relataram na página do Facebook diversos relatos de intolerância e agressões. Em uma postagem, um garoto contou que faltou segurança e respeito no evento. “Amigas minhas reclamavam de homens passando a mão nelas toda a hora”, relatou.

Outra mulher disse na página do bloco que um grupo de amigas lésbicas foi rodeado por homens, que tentavam beijá-las à força. “Pessoas conhecidas minhas foram assediadas, agredidas. Eu fui assediada e não fiz nada com medo de apanhar”, afirmou.
“Sugiro da próxima vez colocar mais agentes de segurança privada para rodarem no evento e solucionar problemas como briga, assédio, homofobia. Por que de que adianta um único grupo de uns sete seguranças que ficam quase que no mesmo lugar?”, finalizou na postagem.

Em nota, a organização do Quem Chupou Vai Chupar Mais reconheceu os problemas e informou que o foco era justamente o público LGBT. “Mas de acordo com os relatos do público, o nosso foco foi atingido e estendido a muitas pessoas mal-intencionadas”.
O grupo também acusou a Secretaria de Cultura de não ter fornecido a estrutura necessária. “Por se tratar de um evento público e patrocinado pelo Governo de Brasília, todas as demandas e estruturas foram solicitadas de acordo com o cronograma estabelecido pela Secretaria de Cultura”, apontou.

Em relação ao bloco Quem Chupou Vai Chupar Mais, a Secretaria de Cultura se posicionou afirmando que “garantiu toda a estrutura requisitada pelos blocos para que a folia transcorresse de forma confortável para os foliões. Não há nem nunca houve vedação de patrocínio privado para os blocos, inclusive patrocínio direto ou via Lei de Incentivo à Cultura”.

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