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Brasília

Após ex-diretor ser morto por envenenamento, CEF 410 volta às aulas

Odailton tomou um suco oferecido por uma funcionária da escola e morreu dias depois. Professor tinha intenção de denunciar esquema de corrupção na unidade

Redação Jornal de Brasília

10/02/2020 11h14

Foto: Reprodução

O Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410 voltou às aulas nesta segunda-feira (10). O clima, porém, foi de apreensão, tensão e luto. Há seis dias, o ex-diretor da unidade, Odailton Charles de Albuquerque Silva, 50 anos, foi morto por envenenamento. 

Mesmo com a morte recente, a diretoria da unidade decidiu manter a volta às aulas para esta segunda. Em frente ao colégio, há uma placa que diz: “CEF 410 Norte em luto”.

Está programada uma ação de orientação e apoio psicológico aos alunos e professores. Cerca de 50 profissionais se dividirão entre manhã e tarde para acalmar os frequentadores da escola em relação ao acontecido.

Relembre o caso

O professor e ex-diretor Odailton Charles de Albuquerque Silva, 50 anos, foi morto no início da última semana. A causa da morte, segundo o Instituto de Medicina Legal (IML) e o Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil, foi envenenamento.

Odailton foi envenenado beber um suco de uva oferecido por uma colega de trabalho. Na bebida, havia organofosforado, substância presente em inseticidas, agrotóxicos e em veneno para ratos, conhecido como  chumbinho. O professor foi ao colégio com o objetivo de assinar alguns papeis e acabou encontrando com a colega que ofereceu o suco, com quem ele tinha algumas desavenças. 

O ex-diretor disse que a colega a chamou para uma sala, para assinar os documentos, e o ofereceu uma garrafinha de suco de uva. Em áudios obtidos pelas investigações da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), ele afirma ter tomado o líquido apenas para não fazer “desfeita”. Logo em seguida, começou a passar mal. 

“Não é brincadeira, não. Tomei um negócio e estou passando mal mesmo. Será que essa desgraçada me envenenou? Ela esperou sair todo mundo para almoçar. Estou até com medo de ligar para a minha mulher e deixar ela apavorada, coitada. Estou passando mal mesmo. Ela colocou algum purgante aqui, algum purgante”, disse.

Odailton, 50 anos. Foto: Reprodução

Nos áudios ele diz que não quer preocupar a mulher e que está mandando mensagens para a amiga porque ela demora a atender as ligações. “Aí, eu fico agoniado. Cheguei aqui e a mulher com a cara feia. Os quadros que eu tinha deixado estavam empilhados para eu carregar. Folhas de ponto para assinar. Quase que ela não deixa eu entrar na escola, mas depois ela viu que eu estava de boa e tal”, relata.

“A mulher com ódio nos olhos. Me chamou na salinha ali para assinar a folha de ponto e, quando fui ver, ela ainda me deu uma garrafinha de suco de uva. Tomei até um susto, mas pensei: ‘Não vou tratar mal não, né? Não vou ser deselegante’. Fiquei receoso. Fui e tomei”, contou.

“Não sei, mas agora tem uns 15 minutos. Está me dando uma dor de barriga desgraçada. Será que colocou laxante para me sacanear? Dor de barriga, estou grilado. A mulher me olha com cara feia e, depois que o pessoal sai de perto, me coloca na salinha com suco de uva. Estou com medo. Vou até ligar para a minha mulher. Vou esperar, não deve ser nada. Deve ser do meu remédio. Não é possível que ela tenha coragem, ai meu pai do céu”, finalizou o professor.

Caso de corrupção

Odailton tinha a intenção de divulgar um esquema de corrupção no colégio onde trabalhava. De acordo com o professor, ele havia deixado dinheiro na escola, mas a quantia nunca havia sido repassada de volta. “Seguraram o dinheiro e agora estão utilizando da forma que querem e contratando a empresa que eles querem”, apontou.

“Vou fazer essa denúncia e recolher tudo de prova que eu tenho, gravação e arrebentar a boca do balão. Se tiver processo, vai ser com minha advogada, porque vou botar no pau esse povo. Comigo, vai ser tudo na Justiça. O negócio está feio”, afirmou.

A 2ª DP segue investigando o caso.

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